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quarta-feira, 30 de março de 2011

"Ficar parado em Portugal fica mais caro do que andar a viajar pelo mundo"

Namíbia



Quando leio Gonçalo Cadilhe, de quem tenho particularmente estima pela opção de vida fantástica, diferente e decidida que escolheu ( para mim normal e rica), pelo saltar da sua base de conforto para a vida, revejo-me em diversos dos seus pensamentos, e no último livro " O mundo é fácil", não podia ser mais verdade o sentido indicado de vida e toda a sua genuidade no modo como nos relata e ensina, e, aprender com o outro é a forma mais sábia de crescer para mim. "1 km de cada vez" e "África acima" são outros bons exemplos de que o pior naufrágio é não partir. Citando-o : " A viajar aprende-se que viver custa pouco. Ou que as melhores coisas da vida são grátis. Ou ainda que o dinheiro só faz falta a quem o tem. Pode parecer-te que estou a tentar passar uma ideia romântica da viagem, em que o viajante é um asceta vivendo de sol e ar. Não é bem isso, mas não fujo muito à verdade se te disser que estar parado em Portugal fica mais caro do que andar a viajar pelo mundo. Uma razão para isso tem que ver com a predisposição que se cria em ti, quando viajas, para aceitares níveis de conforto e consumo muito básicos, porque sabes que é uma situação passageira e porque tudo o resto que está a acontecer na tua vida o justifica. A segunda razão, mais óbvia, é que Portugal tornou-se mesmo um país caro. E se começares a contabilizar o dinheiro que gastas num jantar com amigos, numa ida a uma discoteca, na gasolina, na prestação da casa, no par de sapatos que nem precisavas, enfim, percebes onde quero chegar ? " (" O Mundo é fácil", Pág. 26)
A viajar, na própria vida diária, no cinema, no café, na praia, na universidade, aprendi que fazer esta nossa viagem não é procurar, mas sim encontrar, que não se encontra o que se procura, mas o que se encontra.

sábado, 26 de março de 2011

Providência Cautelar Sócrates

Hoje, abandona-se o país de uma forma simples, fria e estratégica, e as pessoas ? Esta demissão do Primeiro-Ministro de Portugal aconteceu tardiamente, de quem abandona o país como quem abandona uma sala de aula e num momento estratégico para o partido socialista, ou ainda ninguém reparou na euforia dos principais partidos desejando eleições, tão só equiparada à alegria das crianças quando são levadas para um parque infantil para brincar ? Ninguém duvide que o partido socialista preparou o "palco" ao milímetro, de forma pormenorizada, antecipou discursos e cenários e conseguiu de forma subtil colocar as culpas no vizinho e influenciar a opinião pública no sentido eleitoral pretendido e ambicionado. Onde está o primeiro-ministro que não desistia ? Onde está o primeiro-ministro da legitimidade democrática, que o fazia manter no poder até ao final da legislatura ? Onde está o primeiro-ministro que estava no caminho certo, quando em 2008 baixou o IVA afirmando que estaria breve o fim da crise ? Onde está o primeiro-ministro que dizia: "Em primeiro os portugueses" ?
A inteligência faz-nos recuar ao discurso do Dr. Aníbal Cavaco Silva, na tomada de posse de 9 de Março, e perceber a razão e a natureza dos acontecimentos. Neste dia, José Sócrates decidiu, à sua boa maneira "costumeira" que, a táctica seria a instrumentalização do PEC4 para pressionar a oposição e derrubar governo com "falta justificada", antecipar a decisão final, uma espécie de "providência cautelar Sócrates", tendo conhecimento e certeza que em breve, se não o fizesse, haveria quem o substituísse nessa tomada de decisão. O Governo já tinha a estratégia delineada e preparada para o momento, tão previsível que revolta o cidadão comum que vê o seu país afundar e a lembrar aqueles que em tempos por ele lutaram com garra, rigor, honestidade, competência e trabalho.

segunda-feira, 14 de março de 2011

2º pessoa que mais admirava na vida

"Só hoje voltei e consegui escrever algo, dizer-te que na quinta-feira recebi uma "notícia" que não queria receber, no momento em que ia responder à tua mensagem soube que perdi uma das pessoas que eu mais admirava na minha vida, que eu adorava, a seguir à minha mãe ( que amo mais que tudo). Falávamos em admiração não era ? Nem por acaso:(
Uma pessoa diferente e que fazia a diferença em todos os aspectos, com uma humanidade rara no ser humano comum (foi assim que marcou as pessoas e vai sempre marcar onde estiver), sentiu uma dor no peito e levaram-no sem dizerem nada, possa que doloroso modelo de vivência humana que nos é imposto não achas ? Fiquei chocado! Um exemplo de pessoa, que será lembrado como um grande humanista, um grande amigo e um grande Tio. Fez nesta quinta-feira uma semana, que chegou a Portugal, veio ao Porto procurar por mim, queria estar comigo, jantou comigo e falamos da maneira que só nós sabíamos e gostávamos, demonstrou a admiração que nutria por mim, mas admiração era mútua, eu admirava-te! Há uma semana visualizava os meus textos e partilhava a admiração. Hoje escrevo por ti, pela admirável pessoa que foste e serás para mim na vida. Um dia quando partir deste modelo de vivência humana vou encontrar-te e vamos voltar a falar um para o outro como só nós sabíamos."

quinta-feira, 10 de março de 2011

Telefonema "Geração à Rasca"

Em tempo, defendi e escrevi que hà uma classe que tem sido esquecida e mesmo abruptamente ignorada neste país, e essa classe é a jovem, cada vez mais uns escravos num deserto à procura de algo para beber. Qual o jovem que, com ambição, hoje não pensa em deixar o seu país se surgir oportunidades ? Eu digo que, hoje questiono o meu futuro neste país, embora não tenha a intenção de o abandonar por abandonar, mas sim derivado de uma valorização exterior, de um mercado exterior que está atento aos jovens de um país que os ignora. Há muito que ninguém é responsabilizado pelas medidas que implementa e oculta, mas continua muita gente por esse país fora a sofrer, e os jovens representam um número elevado desse sofrimento, sendo que no país real já existe jovens abandonar as faculdades por impossibilidade económica de prosseguir os estudos, jovens que trabalham para sustentar família, mas alguém do governo percebe isto ? Não, porque o mundo em que vivem é de afastamento das gentes que sofre e passam dificuldades e isso impossibilita observar a curto prazo indícios de sustentabilidade. Temos um país que não cresce há 10 anos, e mesmo que um jovem queria ajudar o seu país, como é que pode fazê-lo ? Urge olhar para esta classe antes que seja tarde ou correm o risco de ser govenados um dia por um salvador ditador ou por uns "homens da luta".
Gostei do discurso do Dr. Cavaco Silva, de quem vive no país real e é um homem sério, que é o que o país precisa, de gente séria. A classe jovem está a sentir na pele as dificuldades e medidas de "afrontação" à sua classe e, no sábado vão para a rua. Eu aqui fiquei supreendido pelo facto de as pessoas que comandam ou criaram esta mobilização estejam mais ligadas à esquerda, porque a lógica seria serem mais à direita na minha opinião, mas há gente de todos os quadrantes políticos. Acho que os jovens não têm direito, mas obrigação de se manifestarem, embora não concorde com toda a forma substancial com que é feita, pois pedir a extinção dos partidos políticos, por exemplo, é pura demagogia e não convence ninguém, deve-se reinvidicar de forma cívica aquilo com qual não se concorda, e transmitir o sofrimento da classe, que ainda ninguém percebeu. Como eu não sou demagógico, e sempre defendi que os jovens são a classe mais atacada neste país, acho que só o facto de alguém falar em "jovens" já é positivo, porque sempre foram ignorados por este país.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Exemplo de vida

Portugal devia impedir representação no festival da canção

Confesso que não é coisa que me apaixone, mas não consigo, nem compro bilhete para este espectáculo a que o país assiste, como o seu último episódio é bem patente : "Homens da Luta vão representar Portugal no festival da canção". Eu acho que estamos a viver um momento complexo da nossa sociedade, em que tudo se quer, mas nada se pensa, ou, para respeitar os destinatários e não ferir susceptibilidades, em que confundimos os diferentes campos de actuação, ou alguém quer esquecer que este país tem uma história e tem, ao contrário do que tentam transmitir diferentes grupos societários, pessoas que lutaram, lutam e lutarão, pessoas que merecem respeito ?
Pessoalmente, não tenho nada contra estes comediantes, mas temos a obrigação de fazer distinção das coisas e dos momentos ou pensa-se que esta eleição irá ter alguns efeitos políticos, sirva de exemplo de revolta, quando a única consequência é uma ofensa aqueles que trabalham no universo musical e uma ofensa a um país de seu nome Portugal e a todos que por ele batalham com dignidade e competência.

sábado, 5 de março de 2011

Injúrias

Por vezes, questiono-me acerca da consciência plena das pessoas que optam pelo caminho da injúria. Não apenas pelo facto de ser um crime previsto no artigo 181,nº1 do Código Penal, dependente de queixa e acusação particular, que importa reter, sobretudo para quem o pratica, mas porque é a forma mais "ordinária", ofensiva aos bons costumes, contrária a todos os princípios de que um homem se deve reger e obdecer. Nos tribunais, nem sempre é um "costume" este tipo de crimes, e, lembrar esta sexta-feira, foi lembrar o arguido X, tentando convencer o Excelentíssimo Senhor Doutor Juíz que não chamou "Filho da Puta" ao Sr. Y, mas apenas "Cabrão" e "Boi" e, o mais interessante nesta história é o arguido tentar justificar a empregabilidade de uns termos que não têm justificação possível, embora o advogado possa sempre contornar a situação da forma mais ábil e inteligente possível, mas não pode retirar os insultos do crime de injúrias.

terça-feira, 1 de março de 2011

Idosos, é preciso coragem.

Eu respeito, mas não concordo com o facto de ter de viver num país que não respeita os idosos, pessoas que, na sua maioria, trabalharam arduamente para o seu país, lavraram as terras que nós hoje pisamos, criaram as condições para o progresso, orientaram o país onde hoje vivemos e qual a resposta do país ? A resposta é o esquecimento, o abandono, o desprezo, que começa a ser bem visível nas classes mais jovens, devido à perda de valores, e impressiona verificar as condições em que alguns vivem, porque todos merecemos e devemos exigir dignidade. A resposta, por vezes mais desumana, é a de obrigar pessoas de idade de classe baixa a pagar a crise. Na minha última visita ao Lar de Idosos, no Porto, deixei uma mensagem : " É preciso coragem".