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sexta-feira, 20 de junho de 2014

BES

   





   Se antes, não existia supervisão e o país sofreu com essa falta de actuação (onde o exemplo mais dramático é o caso BPN, onde a ausência de supervisão permitiu o devaneio e o crime e ainda hoje o país paga a nacionalização do designado "Banco Dona Branca") , hoje parece que os indícios apontam para outro sentido: o sentido da actuação. Quem diria que depois do aumento de capital, o BES poderia entrar  já numa crise de sucessão na sua gestão de topo?
   Bem, talvez possa não ser muito perceptível, mas o papel do Banco de Portugal aqui tem sido decisivo para isolar o grupo BES da sua holding, o Espírito Santo Financial Group. A pergunta que deve ser colocada é: como é que, estando a holding tecnicamente "falida", e precisando de investidores, alguém vai investir nela? E, sendo que esta ainda controla 25% do BES, a única solução não passará por vender a participação que tem no banco? É que, numa análise rigorosa, e, acreditando nos números tornados públicos que confirmam a insustentabilidade e insolvência da holding, a única saída deveria ser a venda e posterior afastamento do Banco BES. 
   Se não tivesse havido intervenção, talvez outro caso "Millenium BCP" pudesse surgir em Portugal. Depois de termos assistido a outras formas de gestão pouco "transparentes" no caso de outros bancos, agora com a gestão do BES  talvez se encerre uma forma de "governar" que durou anos e anos em Portugal. É de enaltecer que, após vários anos, e, pela primeira vez, se possa assistir a uma actuação do Banco de Portugal com rigor (até agora) e que possa defender os interesses do país. Até aqui, em todos os casos que assistimos, todos defenderam os interesses das partes envolvidas, menos do país, avocando sempre o Estado para os socorrer dos naufrágios, em prejuízo dos cidadãos, que, tiveram de sofrer com as consequências de nacionalizações bancárias, algumas em que se surgissem auditorias tão rápidas como a do BES, em vez de irem 3 ou 4 presos, tínhamos 20 ou 30, e e não daria tempo para "esconder" o dinheiro em "offshores" de forma tão célere. 
   Como diz Helena Garrido hoje no jornal de negócios, a solução só pode ser uma: "É preciso proteger o BES da família Espírito Santo".

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Baralhada Governamental



   




   Ora, um cidadão comum faz algumas perguntas: como é possível abdicar da última tranche da troika (no valor de 2,6 mil milhões de euros) e ao mesmo tempo retomar medidas de austeridade (algumas já extintas e repiscadas agora novamente como o caso dos cortes entre 3,5 e 10% aplicados ao sector público, medida que o Governo chegou a substituir por cortes de 2,5 e a partir de 675 euros, mas que, mais tarde, o Tribunal Constitucional declarou inconstitucional)? Como é possível, depois de se anunciar uma medida de cortes, como por exemplo, esta que anunciou cortes de 3,5% a 10% sobre sector público, ao mesmo tempo, anunciar que já no próximo ano devolve 20% do seu valor ? Como é possível, depois de vários chumbos do Tribunal Constitucional, incidir-se, novamente, sobre diplomas similares, e, que, à partida, podem ser chumbados no Tribunal Constitucional? Como se explica que se corte sempre nos funcionários públicos de um lado, e do outro lado, continue-se a não ver um contrato das PPP (parceiras público-privadas) resolvido, continuando os seus dossiers a crescer em escritórios "acondicionados" ? Como é possível, a Ministra das Finanças - em dias que, após a notícia de rejeição do "cheque" da troika,os mercados e a bolsa nacional reagiram mal - vir dizer que Portugal vai sair intocável ?


Mercados

 



Desempenho PSI20 - 12 de Junho de 2014



   Ontem, ouviu-se a Ministra das Finanças dizer que a recusa do cheque da troika de 2,6 mil milhões iria tornar Portugal um país intocável, o que teria benefícios nos mercados e na bolsa, o que podemos verificar com os principais títulos do PSI20 a caírem, excepto a "Imobiliária Construtora Grão-Pará", que teve um crescimento de 31,400%, mas apenas 2 títulos transaccionados. Será que quando a Ministra das Finanças falou em saída intocável e com reflexos nos mercados, estava a pensar na "Imobiliária Construtora Grão-Pará" ? 


terça-feira, 10 de junho de 2014

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

     






    Hoje é um dia de alegria, em que todos, enquanto portugueses, devemos celebrar, porque nem sempre foi possível fazê-lo, e, se hoje podemos ter comemorações e fazê-las em liberdade e todos juntos, devemos respeitar isso e estar orgulhosos desta nação. Não podemos esquecer que este dia de 10 de Junho começou a ser festejado em plena ditadura, no regime do Estado Novo, em 1933, e aí tudo era diferente, porque o horizonte era outro e a esperança ainda dava lugar ao medo.
   Inquieta-me, enquanto português, assistir e ver que neste dia temos pessoas que se deslocam às comemorações propositadamente para se manifestarem, por razões políticas. Não devemos pôr em causa nem duvidar das suas razões, dos seus descontentamentos, mas deviam perceber que este dia deve estar "à margem" dessas razões políticas, porque é o dia do país, de Portugal. Não é o dia dos políticos, nem do Presidente da República, nem do Primeiro-Ministro, nem do Ministro da Educação, nem do Senhor X ou Y, e instrumentalizar este dia para atingir politicamente os seus alvos é triste e deve ser censurado por todos, e não tenho dúvida que a maioria dos portuguesas é contra este tipo de manifestações neste dia tão importante para o país.
    Viva a Portugal!
   

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Índia : Epidemia Cultural




Cidade de Katra, Índia



   Se, por um lado, na maioria dos países do mundo, a mulher pode vaguear democraticamente, ainda há países, como é o caso da Índia, onde não hà respeito pela mulher, sendo um "costume" a violência exercida sobre as mulheres. Isto acontece em pleno século XXI, ou não queremos ver?
   Em 2012, na Índia, todo o mundo assistiu à violação sexual e ao assassinato de uma jovem num autocarro em Nova Déli, tendo o Governo do país decidido castigar os infractores e até houve apelos para a "pena de morte" aos infractores. Mas será esta a forma de encarar e resolver o problema? Já se percebeu a magnitude do problema?
   Recentemente, passado dois anos, assistimos a mais um crime "assombroso" contra as mulheres, que foram violadas e depois enforcadas num árvore, meninas de 14 e 16 anos. Estas adolescentes pertenciam ao nível social mais baixo do sistemas de castas. O sistema de casta é um sistema hereditário ou social de estratificação, com base em classificações tais como raça; cultura, ocupação profissional. Na Índia, o povo chega mesmo a identificar-se por "membros da casta x" ou "membros da casta y". Neste caso destas duas adolescentes, importa reter o dado curioso de que a polícia, depois de contactada, ignorou e só com muita pressão dos populares, e passado muitas horas, tentou procurar as jovens, estando a ser investigado envolvimentos de pessoas ligadas à própria polícia. O que nos revela esta omissão da polícia? Não será o problema maior do que pensa o próprio Governo Indiano? Ou será que a finalidade é manter tudo como está em termos substanciais, a apenas mudar algo em termos formais para sensibilizar a comunidade internacional que nem toda a gente agiu como a polícia?
   Hà uns tempos, escrevi sobre a Índia e Grand Vikas. Grand Vikas foi alguém que mudou a vida das pessoas na Índia, porque fez uma coisa muito simples: preocupou-se com seus problemas e o principal era saneamento básico. Na altura o Governo Indiano chegou a colocar sanitas para as populações e estas iam às mesmas beber água, porquê? Porque o problema é cultural. Era preciso ensinar as pessoas a mudar hábitos e isso não se faz do dia para a noite, com afastamento, mas sim com proximidade. Grand Vikas aproximou-se das pessoas e com elas resolveu os problemas. A Índia é um país com costumes enraizados, com uma cultura dividida em estratos sociais, onde a cultura é ensinada e imposta num ambiente onde a mulher não é para ser respeitada, mas sim usada, e veja-se o comentário de um indiano de 8 anos numa aldeia na Índia: "Todos os homens batem nas mulheres e eu um dia vou fazer o mesmo". E veja-se o problema é alastrado a toda a população, estamos perante uma epidemia cultural, onde até os polícias (que deviam ser um dos agentes da mudança) estão completamente "envenenados" por esta epidemia e participam nela, o que torna tudo mais grave, porque demonstra que está tudo "minado" e a forma de dar a volta terá de ser um "choque cultural", e para isso não chegam as leis, é preciso mudar costumes, práticas de anos e iniciar um diferente processo cultural, onde haja espaço para a mulher, porque caso isso não aconteça, o problema vai continuar, e, as sucessivas leis não vão resolver o problema, vão apenas suspender alguns casos, num país onde uma mulher é violada a cada 28 minutos.
    O Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modri, tomou posse este mês que passou de Maio, na Índia, onde o seu partido BJP, ganhou com maioria absoluta, e, deixou a seguinte mensagem: "Juntos escreveremos um futuro glorioso para a Índia. Sonhemos juntos com uma Índia forte, desenvolvida e inclusiva, que trabalhe activamente com a comunidade internacional para apoiar a aspiração de um mundo em paz e desenvolvido". A violência sobre as mulheres não foi tema sequer, nem antes nem depois das eleições. Porquê? Talvez ainda não sejam estes os agentes da mudança. E a comunidade internacional? Depois do Presidente dos Camarões, Paul Biya, ter se dirigido à comunidade internacional, acusando-a de "impotente", ficou dito.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Retrato dos Tempos




Assinatura do Tratado de Roma de 1957 que levou fundação CEE