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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Decisão Presidencial

 
Cavaco Silva




   Porquê só agora ? O que levou tanto tempo a decidir? Onde está a estabilidade que sempre pregou?
  Eu, ao contrário de muitos, que até em êxtase ficaram com a decisão do Senhor Presidente da República (alguns mesmo que esse êxtase seja repleto de ignorância), acho que este fez o que devia ser feito mas, comportou-se, mais uma vez, muito mal e teve a um nível político muito baixo, como ultimamente vem habituando os portugueses.
   A decisão de indigitar Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho já vem tarde. Esta já devia ser tomada. Mas o que se deve questionar é a razão de tal demora de Cavaco Silva? Uma demora que já colocou Portugal nas bocas do mundo e até ouve quem voltasse a falar da Grécia pelo incumprimento na entrega do orçamento para 2016. Não se consegue perceber esta demora toda, para no final, fazer aquilo que podia ter sido feito logo de início. E mais difícil de perceber é, quando esse tempo é dado para negociações, e, sendo essas negociações essencialmente à volta da possibilidade de um Governo de esquerda com PCP e Bloco, o Presidente da República vem dizer que jamais aceita um governo onde sejam integrados esses partidos. Muita incoerência política vai neste discurso e nesta actuação do Presidente da República. Se jamais aceita esses partidos, porque permitiu e alimentou estas negociações, quando as mesmas deviam e devem (como vai acontecer) ser encetadas na Assembleia da República? Cavaco Silva veio trazer mais crispação política, quando a mesma já estava a um nível elevado, em virtude do panorama político pós-eleitoral. A sua tarefa era simples, mas decidiu-a complicar, e mais uma vez, agiu tarde e sem razão aparente, como se pôde verificar pelo discurso desta noite.

   

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

(Des)Entendimentos Políticos

   





   O papel do Presidente da República Cavaco Silva em todo este processo pós-eleitoral ainda ninguém entendeu e os sucessivos desentendimentos são, em parte, fruto da sua falta de acção política. Começou muito mal ao não receber todos os partidos, e, agora, ao que se sabe, vai acabar mal ao receber e indigitar o Primeiro-Ministro, não por não ter legitimidade, mas sim porque isso deveria ter sido feito numa fase inicial. Esta ronda de negociações (diga-se tempo exagerado) e este hiato temporal do Presidente da República foi estratégico ? Tenha sido ou não estratégico, e se foi na procura de consensos e entendimentos, não faz sentido agora ignorar todas estas negociações e indigitar Pedro Passos Coelho, quando, todo o modo de acção do Presidente da República foi oposto a essa indigitação. Se o fizer, então para que serviu este tempo todo de espectáculo político que o mesmo criou e alimentou? Ou seja, eu (como muita gente certamente) sempre achei que logo após as eleições, quem ganhou as eleições deveria formar Governo e ser indigitado Primeiro Ministro, mesmo que depois no Parlamento a situação fosse outra, mas isso pode sempre acontecer, se houver acordos e esses acordos forem explicados, o que ainda não aconteceu, sendo até bom que essa discussão ocorra na Assembleia da República. Mas, isso não foi o que fez o Presidente da República. E, se houve alguém que permitiu que esta situação política se arrastasse de forma inconclusiva foi o próprio Presidente da República, porque o sítio onde deveriam ser feitos e discutidos estes acordos deveria ser na Assembleia da República, explicando ao pormenor tudo aquilo que propõem e defendem, de forma a que os portugueses fiquem esclarecidos. Já passaram 17 dias após as eleições, e continuamos assistir a desentendimentos e entendimentos; acusações e insinuações; e o mais grave de tudo, a não existir à vista uma solução política que garanta e dê estabilidade ao país.


 

sábado, 17 de outubro de 2015

Escorraçar o Fôjo: quem?

  

Sérgio do Fôjo




  Não passou uma semana, que alguém se vira para mim e pergunta: "O que é o Fojo"? Ao qual respondo: "É um ex libris do meu conselho de Esposende (fica na vila de Fão)". A pessoa, passado pouco tempo, volta a dirigir-se a mim, e um pouco intrigada, pergunta: "Tas a gozar? Aquilo é um barraco, e dizes quem é um ex libris?". Ao qual respondo: "Tenha calma, porque eu sei o que disse. Sim é um barraco (taberna), mas consegue fazer três coisas simples: atrair pessoas, ter o carinho das pessoas e ter 41 anos de existência. Conheço muito farrapo com grandes casas abertas ao público que nem as moscas conseguem atrair. E, este local, mais que atrair, é  um emblema das gentes. Podemos gostar ou não gostar, ir ou não lá, mas não podemos negar, porque é evidência, é história". 
   A Câmara Municipal de Esposende deu 15 dias ao proprietário do Fôjo, o grande Senhor Sérgio, para legalizar o espaço, por ordem da inocente Agência Portuguesa do Ambiente. A população juntou-se e uniu-se em torno da causa, da defesa da taberna do Fôjo e foi bonito. Mas, é preciso investigar e perceber quem quer escorraçar o Fôjo ou foi o Fôjo como poderia ter sido a adega "O Barrote" do Senhor Rogério? Talvez tenha sido numa viagem no barco do patrão Rabumba que a Agência Portuguesa do Ambiente e seus elementos tenham visto o Fôjo e detetado ilegalidades. Da próxima vez pede-se que venham por terra, tragam bóssula e tragam malas para ficar uns dias, porque até se vão perder nas ilegalidades por terra.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

(In)Governabilidade








   António Costa ao tentar negociar com a esquerda a viabilização de um Governo está a fazer uma jogada de alta risco. Não deixa de ser interessante assistir, por exemplo, ao renascer da democracia, principalmente ao podermos assistir formalmente ao Bloco de Esquerda e Partido Comunista a negociar acordos de governação. Mas será que isto vai mais além que o simples acto formal?          Tal jogada dificilmente era feita se não estivesse em causa uma questão de sobrevivência política, mas duvido que a única forma de "limpar" a sua face política fosse virar à esquerda, principalmente por tudo o que até aqui defendeu e porque isso acarreta consequências graves a longo e talvez curto prazo para o PS. Mas, a forma como conduziu a sua política (indecisão sobre tomada de posição ao centro ou à esquerda) levou a que hoje fosse forçado a escolher entre governar com a direita ou com a esquerda, para salvar a sua face. Só que o PS tem estado politicamente longe dos actuais partidos à sua esquerda, o Bloco de Esquerda e o PCP. Os programas políticos destes partidos são uma espécie de barril de pólvora prestes a eclodir a qualquer momento no seio do PS. Numa leitura pelo programa do PCP lê-se, entre várias coisas, que defende renegociação da dívida; uma nova política fiscal; nacionalização banca, energia e transportes; aumento dos salários e pensões; construção novo aeroporto Lisboa e construção nova Travessia Tejo entre Chelas e Barreiro; eliminação sobretaxa extraordinária; taxa para bens de luxo; reposição salários na Administração Pública; aumento pensões e acabar com as taxas moderadoras. Não esquecendo que há mais de 40 anos que o PCP não consegue ser solução no quadro governativo e tem uma política de afastamento e crítica quanto à União Europeia e à própria NATO. Quanto ao Bloco de Esquerda, entre outras, pode ler-se que defende a reestruturação da dívida; devolução dos salários à função pública: redução IVA na restauração; taxa sobre bens luxo: criar subsídio social desemprego "generalizado": nacionalizar a banca; criar taxa sobre o valor acrescentado bruto às empresas para garantir sustentabilidade da Segurança Social; nova escalão IRS para rendimentos mais elevados, bem como tributar os lucros acima de 12,5 milhões. O Bloco de Esquerda também tem tido uma política de ruptura com a Europa. Basta lembrar que a decisão, por exemplo, de nem sequer se sentarem à mesa das negociações com a Troika, quando esta veio a Portugal, o que gerou divisão dentro do partido, tendo levado alguns históricos abandonar mesmo o barco. O difícil para o PS não será tanto conseguir algumas convergências no que concerne a medidas de esquerda, porque o PS, defende algumas medidas que defendem estes partidos, como por exemplo, no âmbito das prestações, a ideia de que é preciso atribuir mais subsídios e, o PS chega mesmo a defender a criação de uma prestação social para tirar as pessoas da pobreza (veja-se o exemplo do Brasil, do Bolsa Família). Esta ideia de prestação social para os pobres não parece até ser uma má ideia, mas tem de ter um controlo rigoroso, caso contrário, corre o risco de beneficiar quem não precisa, como acontece com muitas prestações sociais em Portugal. O PS também defende a descida do IVA na restauração, bem como o aumento do salário mínimo nacional. Aqui estas duas são também medidas defendidas pelo Bloco e PCP. Ou seja, será sempre possível fazerem acordos quanto a determinadas medidas políticas, porque há de fato pensamentos convergentes. Mas, o posicionamento político de Bloco e PCP será um problema para o PS e o discurso político destes perante a Europa e o panorama internacional, onde se sabe que, principalmente o PCP tem posições firmes e algumas completamente anti democráticas, basta para isso ver onde figura os seus regimes no Mundo e perceber que cada um é pior que o outro. O PCP tem incluído no seu programa eleitoral a defesa da saída do euro. Sendo que, o mais grave ainda, é que o PCP sempre criticou nestes últimos anos a posição do PS na Europa, entendendo que o maior erro de Portugal foi aderir à moeda única, quando maioria das política em Portugal dependem de um forte entendimento europeu, a não ser que queiramos ter um regime autoritário, onde fechamos as fronteiras, nacionalizamos tudo, e deixamos o país entregue aos três "F": FADO, FUTEBOL E FÁTIMA, como disse um dia Salazar e não era comunista. E ainda foi há pouco, no dia 7 de Julho que Jerónimo de Sousa teve o seguinte discurso: "Os programas PS/PSD e CDS são políticas de assalto aos rendimentos do povo e de entrega dos recursos naturais e representam a exploração, empobrecimento e submissão do país às imposições e instrumentos da União Europeia". O PCP será o grande problema do PS e este não vai mudar a sua linha de actuação política, e aconteça o que acontecer, sairá sempre a ganhar, já o PS pode ficar completamente diminuído politicamente e terá aceitar e a história mostra que não é o PCP que aceita as regras do PS mas sim será sempre o PS que terá aceitar as regras do PCP.



segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Inércia Presidencial

 





   Até a Grécia ao terceiro dia após as eleições já tinha Governo. Mas quem ouviu o ainda actual Presidente da República antes das eleições, dizendo que sabia perfeitamente o que fazer, e, depois destas mesma acontecerem, voltar a reiterar que já tinha em mente a sua decisão, até fica estupefacto com a actual indecisão política. Bem, se a ideia era tentar falar com o PS (como deveria ter sido logo de início), começou muito mal, só ouvindo Passos Coelho. Criou um problema onde este nunca deveria ter existido. Mesmo que o PS tenha reunido hoje, o erro já aconteceu. O mais incrível é já ter passado uma semana e estar a agir como se estivesse tudo normal, como se estivéssemos na grandiosa década de 90. Já tivemos de adiar a entrega do orçamento de Estado, mas parece, por agora, que essa é uma questão secundária.

sábado, 10 de outubro de 2015

Voto em Marcelo Rebelo de Sousa

 
Marcelo Rebelo de Sousa




  Seja qual for o candidato, o meu voto para as Presidenciais será em Marcelo Rebelo de Sousa. A última vez que estive com Marcelo foi na Universidade Católica, numa conversa informal, onde ao seu estilo, contou que gostava de ser Presidente da República. Marcelo é uma pessoa de quem gosto, que está na política de uma forma diferente da maioria dos políticos, onde consegue ter um pensamento próprio e não ser influenciado por pertencer a um partido político. E o encanto da política está nisso, nessa liberdade de pensamento e na pluralidade de opiniões. O seu percurso político não foi um sucesso, mas a sua forma de estar na política essa foi, e ainda é um sucesso, e, não tendo alcançado sucesso dentro dela, conseguiu alcançar fora dela e junto do público. É uma pessoa com sensibilidade social, e para quem o ouve, conhece e acompanha percebe que quando diz : "quero retribuir ao país aquilo que ele me deu" não está a mentir ou ter um discurso bonito para ficar bem na fotografia. É Marcelo a falar. O único candidato que poderia incomodar Marcelo seria António Guterres, pelo reconhecido bom trabalho que tem estado a desempenhar internacionalmente e por ser também uma pessoa que iria conseguir votos em vários sectores e partidos, como irá acontecer com Marcelo. Rui Rio é um candidato forte mas não tem hipóteses com Marcelo e seria o maior erro político da sua vida se fosse candidato, porque é um activo político que está na linha da frente para suceder a Passos Coelho no PSD, e, sendo candidato, perderia e diminuía a sua capacidade e valor político. O PSD está numa encruzilhada política, mas se quer ganhar as eleições presidenciais só tem uma escolha a fazer: apoiar Marcelo. 



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Rescaldo Eleições

   





Não houve surpresas. Talvez o menos esperado fosse o resultado do PCP, que pensava-se que tivesse um melhor resultado, mas o PCP tem uma coisa de bom: ganha sempre, seja qual for o resultado. Quanto ao PS, adivinhava-se a derrota, e quanto mais tempo demorassem a chegar as eleições, mais descia o PS e subia o PAF. Mas se há coisa que estas eleições mostraram foi que o PS vive um clima de guerra interna, onde tudo quer o poder e talvez essa ambição descontrolada pelo poder tenha levado o PS ao estado em que se encontra hoje. Mal o PS de António Costa perdeu as eleições, os adormecidos "Seguristas" (estariam estes mesmo adormecidos? Talvez um dia alguém conte a história) saltaram logo da toca, como que fossem militantes e apoiantes do PAF ou do Bloco de Esquerda. E não se esperou um minuto para se falar em eleições internas. Mas se esta ala foi precipitada e não pensou no PS, como é possível ouvir outros socialistas, após o resultado das eleições, dizerem que houve uma pesada derrota da direita, e não admitirem que o PS foi completamente derrotado? Mais que uma ofensa à história do PS, é uma ofensa à democracia não admitir que o PS foi derrotado, ou passaremos a ter um PS que luta para não descer de divisão, o que não parece razoável. 
   

domingo, 4 de outubro de 2015

Voto em consciência

   





   Hoje de manhã, uma pessoa amiga, socialista, ligou-me, estava na fila de espera para votar e diz-me: "Sempre votei no PS, mas hoje sinto que a minha consciência se inclina para votar na coligação, porque acho que o país ainda não está preparado para receber o PS e a coligação, dentro dos possíveis, não esteve tão mal assim e o PS não conseguiu convencer-me a votar.". Ainda são 11 horas da manhã, mas quando pessoas da esquerda se exprimem desta forma, isto mostra muito sobre o sentimento de divisão que existe à esquerda e sobre o resultado de logo à noite. Não posso deixar de concordar, que, o PS esteve muito mal, não conseguiu convencer os portugueses, e a coligação Portugal à Frente esteve melhor, e o seu líder, Pedro Passos Coelho é quem se mostra melhor preparado para liderar os destinos do país.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Eleições 2015







  Uma campanha eleitoral pouco esclarecida e repetitiva. Até as rotinas não mudaram e quando os adversários não convencem, até há tempo para repetir dias de campanha exactamente iguais a outras eleições passadas. Mas, se havia alguém que tinha de mudar a direcção e o rumo deste "costume" político era o PS, o que não o fez e as consequências políticas estão à vista. 
   O PS desde cedo viveu "entalado" num problema: ter um discurso intelectual (que exige debate de ideias) ou ter um discurso mais populista (mais próximo das pessoas). Parece que a ideia de António Costa foi, num momento inicial, seguir por um caminho de discurso mais intelectual, mas rapidamente foi encostado quando lhe começaram a questionar sobre questões importantes da sociedade portuguesa e este sempre "desviou" a conversa, não respondendo ou deixando para mais tarde qualquer tipo de resposta. E o mais grave disto tudo, foi que, essa "deixa" para mais tarde tinha uma justificação: revelar programa eleitoral do PS, que demorou meses, e a oposição agradeceu esse tempo todo de espera. Mas o PS tem ideia que a maioria dos portugueses vai ler ou leu o programa? E um dos erros foi que, qualquer questão era remetida para esse tal programa eleitoral de que a maioria dos portugueses desconhece e nem irá ler. Podia ter encomendado um programa eleitoral, mas tinha-o de explicar e com uma linguagem que o português comum entenda. Quando ainda ontem vimos pessoas que não sabem diferenciar o PAF da coligação PSD/CDS (a dizer que votariam PAF mas jamais votariam na coligação PSD/CDS), pedir para que entendam uma linguagem económica e jurídica de um programa eleitoral é um abuso político. 
   Depois da revelação do programa eleitoral, o PS percebeu que tinha de mudar um pouco o discurso e o rumo ou aconteceria como os socialistas gregos. Percebeu que tinha de fazer algo com impacto. Houve uma ou outra questões interessante, como por exemplo, na Saúde, onde defendeu a descida das taxas moderadoras, mas mesmo aí, nunca soube capitalizar as suas ideias nem debater os problemas de áreas tão importantes como a saúde. Mas o caminho era por aqui. Conseguir entrar em áreas como a saúde, por exemplo, debater seus problemas e propor soluções, num linguagem que os portugueses entendam. Mas nem aqui conseguiu estabilizar em termos políticos e rapidamente optou por entrar no discurso de crítica fácil à coligação. Os debates foram de uma pobreza nunca antes vista, onde o PS, que era quem tinha de fazer algo pela vida, pouco fez, não conseguindo impôr suas políticas, que na verdade, nunca conseguiu durante esta campanha eleitoral. Mas claro, há quem ache que ganhou o Costa ou o Passos, mas isso é opinião dos fanáticos, que para esses nem vale a pena ver os debates, porque a opinião está sempre formada. A partir do último debate com Passos, já em algum desespero e percebendo que o caminho intelectual tinha sido um falhanço, porque não o soube interpretar e aplicar de forma eficaz, entra num discurso mais populista, tentando falar mais para as pessoas, mas mesmo aqui, o discurso não chega de forma eficaz ao eleitorado, e a polémica dos cartazes antecipa o fracasso (a ainda um dia vamos descobrir se não foi uma armadilha de alguém de dentro do seu próprio partido). Ainda ontem, numa política de proximidade, António Costa tenta falar para os portugueses, dizendo que quer "defender " aqueles que mais precisam, mas pouco eficaz, sem aplicação prática, já em desespero. António Costa andou completamente perdido na forma de fazer política (não convencendo nem o centro-esquerda nem a esquerda) , não chegou às pessoas, e, embora pudesse ter sido um bom candidato, não o foi e arrisca-se seriamente a perder as eleições. Talvez fique na história um Governo ter liderado um período de crise económica como foi este período desde 2011, e no momento eleitoral, pouco ou quase nada ser questionado sobre suas principais políticas e sobre forma como estas políticas afectaram a vida dos portugueses.
   Quanto ao PAF, bastou deixar-se "andar", sem grande turbulência, esperando pelos erros do adversário, que foram muitos e suficientes para não fazer grandes mudanças. O PAF acentuou a tónica na recuperação feita desde 2011, e que leva hoje o país a estar sem ajuda internacional, ao mesmo tempo que conseguiu desviar as atenções, porque, se existem bons políticos, também existem maus políticos e esses tomaram más decisões e que tiveram fortes implicações na vida dos portugueses. O período mais inquietante para a coligação foi nos debates, em que Passos Coelho teve de mudar do primeiro para o segundo debate um pouco, mas apenas na forma, não na susbtância, porque essa foi a mesma nos dois lados: debater o passado. O PAF deu-se ao luxo, perante tal fraca oposição, de não ter que justificar quase nada nem a maioria das suas políticas. E para todos percebermos porque isto se passou, é porque o PS em muitos dessas políticas está comprometido também e com "telhados de vidro", mas tinha decidir: ou cautela ou ataque. Maioria dos casos nem sequer decidiu, e a coligação agradece. Não haja dúvidas que este comprometimento político dos partidos com algumas políticas limita os candidatos, mas estes devem fazer escolhas, senão nunca nada mudará. 
   Quanto ao Bloco de Esquerda, a ideia é unicamente e exclusivamente ganhar mais deputados, não interessando sequer quem ganha, desde que consigam mais candidatos, em virtude de nas últimas eleições terem sido "abalroados" eleitoralmente. Catarina Martins tem vindo a melhorar a sua performance e vai subir nas eleições, mas não chega "fazer barulho", é preciso apresentar soluções e equacionar soluções governativas, porque toda a gente ainda se lembra da rejeição do bloco de esquerda em dialogar com a troika, que afastou a maioria dos seu próprio eleitorado, que agora, aos poucos, vai conquistando. 
   A CDU não muda e tem no seu líder já uma lenda e uma figura histórica do partido comunista, que se começa a tornar cada vez mais uma pessoa difícil de substituir. Mas quanto ao discurso, embora a coerência esteja lá, tem pouca aplicação prática as suas políticas. Mas sem dúvida que vai crescer nas eleições, e a figura de Jerónimo de Sousa (das mais populares politicamente) estará inevitavelmente associada a esse crescimento eleitoral da CDU. 
   Quanto ao partido Marinho e Pinto, aqui é conforme estiver a maré e as luas, para ver quando o peixe vem à tona. Se a maré estiver cheia, vai-se para Bruxelas (mas sempre com amor pelo país e pelos pobres) ganhar uns trocos. Se a maré estiver baixa e houver peixe, aí já se volta, manda-se umas "postas de pescada" e lança-se a cana, a ver quem morde o anzol. A ideia não é muito debater política na sua essência, até porque na verdade nem o próprio sabe o que defende. Basta lembrar que em Bruxelas não sabiam sequer a bancada onde o colocar, depois de abandonar o Partido da Terra, partido que o elegeu para o Parlamento Europeu. A ideia é uma obsessão desmesurada pelo poder, de quem pouco interesse tem nos portugueses, a não ser instrumentaliza-los para as suas ideias descabidas, em torno de um homem só: si mesmo, numa ideia de poder absoluto, que foi assim que noutros sítios por onde passou se governou.