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sábado, 3 de dezembro de 2016

Somos todos Chapecó


Chapecoense - 29.11.16



   Serei apenas e tão só mais um a escrever algumas palavras sentidas no meio de uma tragédia sem precedentes e que deixou tudo e todos em silencio. Palavras? Nao são bem palavras, mas sentimentos. Sentimentos de solidariedade para com um povo de Chapecó, para toda uma nação brasileira que foram um exemplo no apoio que souberam prestar às vítimas e seus familiares. É tremenda a injustiça da partida, de todas aqueles que mereciam viver aquele momento da final, e mesmo que reste pouco que se possa fazer, esse pouco deve ser o todo que possamos dar, e o povo brasileiro e de todo o mundo tem demonstrado que no momento da união, sabemos dar as mãos e estar juntos.

Fidel Castro



Fidel Castro (1959 - 2008)


   Se fosse preparada a sua morte, talvez não conseguissem passar melhor imagem do que a que foi passada através dos meios de comunicação social. Quem não conhecer a história e ligar a televisão ou mesmo ler os jornais fica completamente sensibilizado com a morte de Fidel e a sua pessoa, caracterizado por um herói do seu tempo, um líder que salvou o seu país. Mas é esta a história e merece ser lembrado desta forma? Bem, não acreditava que fosse lembrado desta forma, ocultando parte da história, e o que mais me assustou foi chegar ao ponto de se comparar com Nélson Mandela, o que só pode ser aceite em tom de comédia ou num sentido irónico. Fidel Castro foi um ditador, que chegou ao poder e a primeira coisa que fez foi assassinar perto de duas mil pessoas que eram seus opositores. Combateu o antigo regime de Fulgencio Batista, que diga-se também que era um regime corrupto e que oprimia o seu povo, e, Castro seguiu muitas das sua práticas quando chegou ao poder, como confiscar as liberdades; impedir as greves; perseguir os religiosos; fechar jornais e prender e executar ao longo de anos os seus opositores, e conta-se que assassinou milhares durante a sua era, sendo que os números públicos apontam para mais de 12 mil pessoas. Fechou o seu país, o que obrigou a saída de muitos cubanos, e, obrigou o seu povo a viver em condições miseráveis, equiparáveis a muitas regiões de África.
   Disse sempre: "a história me absolverá". Nao sei se a história o irá fazer (tenho dúvidas), mas tenho a certeza que na história ficará registado a memória de um homem que foi um ditador brutal, e, que podia ter feito muita coisa de diferente, e, essencialmente, ter desenvolvido o seu país e respeitado os valores de uma nação como Cuba, o que não aconteceu. 


domingo, 27 de novembro de 2016

Churchill


Winston Churchill



   Falar de Churchill é sempre falar de história e do mais enriquecedor que tem a política, é falar de alguém que sempre foi em busca do seu pensamento, independentemente do partido a que estivesse ligado. Foi dos maiores e mais extraordinários oradores da história, e talvez dos poucos políticos cujas intervenções os correspondentes das agências noticiosas tinham ordens para reproduzir na íntegra, e só no Parlamento britânico foram mais de 500 discursos, que a maioria já pude ler, e são deliciosos. Em mais uma das minha incessantes buscas sobre Churchill, encontro uma das suas grandes reformas foi a introdução das pensões de velhice, que espantou toda a gente, ao mesmo tempo que foi a primeira vez que milhões de operários mal remunerados obtiveram meio dia de descanso por semana. Movia-o uma genuína compaixão pelos membros mais desafortunados da sociedade, uma intensa convicção de que era possível tornar a sociedade mais humana e também mais eficaz. 
   Isto revela, mais uma vez, que pertencer a um partido ou ser próximo de uma determinada ideologia não deve impedir o livre pensamento de cada um, e se Churchill foi alguém que ficou na história de uma forma nobre, não foi por ter mudado várias vezes de bancada na Câmara dos Comuns Britânica, mas sim por ter sido fiel aos seus livres pensamentos, e sempre que entendia que devia ser dada protecção a um sector desprotegido da sociedade, soube fazê-lo, sem ficar "atado" intelectualmente ao pensamento horizontal do partido e ser uma "vassoura" nas fileiras do partido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sinto-me envergonhado


Crime de Violência Doméstica




   Impressionante escutar os números da violência doméstica em Portugal. O que faz uma mulher estar com alguém que a trata mal? O que leva uma mulher a não denunciar às autoridades uma pessoa que a trate mal, sendo um crime público?
   A APAV (Associacao Portuguesa de Apoio à Vítima) recebe em média 49 queixas diárias, a maioria são efectuadas por mulheres jovens. Hoje, menos que noutros tempos, a justificação para não denunciar estas pessoas às autoridades diminuiu, uma vez, que trata-se de um crime público, e nem sempre foi assim, e quando não era, em média as denúncias aconteciam após 20 ou 30 anos de vitimizacao, na maioria dos casos quando apenas os filhos já tinham saído de casa.
   Já evoluímos e continuamos a evoluir, mas os números mostram que ainda estamos longe e precisamos de continuar a trabalhar e evoluir para combater este flagelo. Talvez não chegue dizer que é preciso denunciar. É preciso mais informação, mais conhecimento, maior punição, mais apoio, e continuar a colocar meios no terreno que permitam a todos, em especial às mulheres perceberem que têm meios para estarem protegidas, e poderem livrar-se do "traste".
   Indissociado destes números não pode estar um cada vez maior e preocupante déficit moral, que também devemos combater, porque os valores são essenciais para o convívio e a boa integração na sociedade, que, infelizmente, cada vez mais que olhamos para o lado, percebemos que temos de inverter este déficit moral e reconstruir uma sociedade com valores bem definidos, que possam primar e ter por base uma sociedade com uma educação fincada nesses valores tradicionais.
   É inaceitável que hoje em dia, em pleno século XXI, haja tantos homens que mal tratam as mulheres, e, que o crime de violência doméstica continue a figurar no topo dos crimes praticados em portugal. Eu sinto-me envergonhado. 


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Obama, um legado incomum


Barack Obama, 44. Presidente dos E.U.A


   Era o dia 20 de Janeiro de 2009, e lembro-me como se fosse hoje. Nesse dia encontrava-me na FEUP e havia um grande ecrã gigante à entrada da biblioteca onde todos poderem assistir ao momento da eleição de Barack Obama. Foi e será sempre um dia histórico, um discurso histórico, uma pessoa histórica.
   Havia a esperança espelhado nos rostos das pessoas, havia pessoas a chorar um bocado por todo o mundo, havia um sentimento mundial de humanidade partilhados por todos nós, ou pela maioria. E era um bom sentimento. 
   O "wes we can" e a forma como Barack Obama conseguiu ganhar, primeiramente, as primárias, e posteriormente a eleição a John MacCain, foi um exemplo a seguir na política, porque foi uma campanha que ganhou genuinamente nas ruas e a angariação de dinheiro que se conseguiu com doaccoes de gente de toda a América foi algo que ficará sempre na memória daqueles que adoram e apreciam a política, a política pura e transparente. Barack Obama mudou a forma como se fazia política ao nível da comunicação com as pessoas, e colocou a comunicação política no lugar certo, perto das pessoas, numa linguagem que todos entendiam, e um respeito por aqueles que lhe deram o voto.
    Olhar hoje para o legado de Obama é olhar para um tempo onde a política fez-se por amor e dedicação, que hà muito não assistíamos. Obama trouxe humanização à política, há muito que era necessário, uma certa "limpeza" ao ambiente político, e, isso deve ser louvado, porque vivemos num tempo onde isso não é sequer pensado, muito menos praticado, e todos os sinais apontam para o contrário. Mas o seu mandato foi apenas esse lado pessoal, esse lado "intuitu personae"? Nao, também existiu o lado político (coisas boas e menos boas), mas desligar este lado do lado político seria um erro.
   A nível político, recebeu o país numa tremenda recessão económica com 10% de desempregados e deixa o país com menos de 4% de desempregados. A América cresce 3,5% por cento, prevendo um crescimento maior ainda este ano. Fez o Obamacare, que estendeu os cuidados de saúde aos mais pobres; acordo nuclear com Irão; acordo com Paris sobre as alterações climáticas; aproximação histórica e o retomar das relações diplomáticas com Cuba (o famoso "aperto de mão" a Raúl Castro no funeral de Nélson Mandela). Lembro-me também da nomeação da Juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal como algo também histórico, pois nunca antes um hispânico tinha ocupado um lugar no Supremo Tribunal Americano. Claro que houveram também coisas menos boas, como a ineficácia no combate ao Daesh; o fracasso na lei das armas e a má relação diplomática com Rússia, mas também neste último mandato as dificuldades aumentaram, devido ao facto de não conseguir passar algumas leis no congresso. E vai deixar a América com uma integridade pouco comum, hoje em dia, na política, ou seja, sem escândalos.
  Para mim foi e será sempre dos melhores presidentes que os E.U.A. tiveram e há algo que jamais poderá ser esquecido: Obama mudou a forma de fazer política e isso é um dos seus maiores legados, um legado incomum. Ainda hoje ao ouvir o seu discurso na Alemanha, no encontro com Angel Merkel, pensava: "Que saudades vamos ter destes discursos, desta forma de fazer e olhar a política".

  

Legitimidade de Quintino Aires


Quintino Aires



   Hoje questionaram-me o que pensava sobre Donald Trump. Uma das questões que me colocaram foi o que pensava que poderia acontecer depois da eleição de Donald Trump. Sinceramente, acho que depois desta eleição, uma possível candidatura de Quintino Aires a qualquer cargo presidencial ou governativo ganha uma certa legitimidade.

sábado, 12 de novembro de 2016

Dr. Rui Silva Leal


Dr. Rui Silva Leal



   Foi sem dúvida, um dos melhores professores que tive, e para além de ser uma grande pessoa, é um extraordinário advogado. Neste momento é advogado de Pedro Dias, a par da sua mulher, Dra. Mónica Quintela, e custa-me ouvir colegas criticarem actuação de outros colegas, e principalmente, quando em causa está um dos melhores advogados do país na área do crime. Acho que fica sempre mal a um advogado criticar ou duvidar de algum colega ou da sua estratégia, e aqui, ontem tive oportunidade de ouvir o Doutor, colega e estimado professor Rui Silva Leal a comentar a razão de terem acautelado a entrega do presumível homicida, e é perfeitamente justificável e inteligente a sua decisão, e mesmo que assim não fosse, todos temos respeitar seu trabalho, porque é dos melhores nesta área, e não tenho dúvidas que para aceitar o caso, é porque acredita que há algo susceptível de defesa.


Trump


Discurso de vitória do 45. Presidente dos E.U.A.




   Talvez, um dia quando se contar a história de 2016, vamos lembrar que estivemos na presença das mais fracas eleições presidências americanas que há memória, com dois candidatos de popularidade muito baixa e onde se discutiu tudo, menos política. Surpreendeu-me, mais por Hillary Clinton, porque esperava mais. No meio disto, houve a vitória de Donald Trump, e, agora? Para onde vai a América?
   Uma noite ao estilo americano, mas desta vez, com o medo de afirmar que o vencedor era Donald Trump. O comportamento, no mínimo e forma elogiada, ridículo do porta-voz de Hillary Clinton pedindo ás pessoas para irem para casa quando às 6 da manha já era visível a vitória de Trump foi o espelho do desastre eleitoral dos democratas. Mas como foi possível este resultado acontecer? 
   Hillary Clinton é uma grande pessoa, mas, teve e tem o problema de não ter conseguido fazer política para todos os americanos, e tocar nas pessoas, porque a mensagem não passou. Quando estive em África, tive oportunidade de conhecer Hillary Clinton, quando esta veio anunciar a extensa do programa "Millenium Change Account", que consistia no financiamento para o desenvolvimento das zonas mais pobres em Cabo Verde. Aí conheci uma pessoa fantástica, de um trato soberbo, com uma urbanidade contagiante e uma sensibilidade arrepiante, com carisma e com um futuro muito promissor, que cativava quem ouvia e escutava suas palavras. Isto para dizer que a partir dali, passei a admirar a pessoa Hillary Clinton.
   Mas, infelizmente, nesta campanha não esteve bem, e fez opções discutíveis, bem como afastou-se do eleitorado, numa estratégia política pouco eficaz. Quem gostou de a ver a dar comícios diariamente rodeada de famosos? Será que isso angariou votos? Eu não gostei. Na minha opinião, fez-la perder e muitos, porque uma coisa, é aparecer uma vez, outra coisa, é aparecer todos os dias. Quem gostou de a ver rodeada das elites, e, insistentemente, aparecendo com o marido a seu lado? Foi um erro, porque a classe que mais vota é a classe média, e essa é uma classe devastada pela crise, e, mesmo que não precisasse de se desligar das elites, devia ter tido outro cuidado nas aparições públicas, e não teve, e isso foi uma das coisas que custou-lhe a eleição. Nunca conseguiu com que fossem transmitidas mensagens políticas fortes, e deixou-se mergulhar nas águas de Donald Trump, onde o discurso deslizava para a demagogia e o populismo cego.Foi demasiado suave na luta política, e mostrou-se demasiado permissiva para uma América que quer alguém decidido e que mostre bem o que quer fazer. E o discurso de continuidade, sem ideias novas, e sobretudo sem a palavra "mudança", foi o seu maior erro, porque nunca prometeu mudança, e a América isso nao lhe perdoou.
   Trump teve a sorte de ter do outro lado uma candidata de continuidade e que nao esteve bem, que permitiu que alguém  como Trump pudesse ser hoje presidente dos E.U.A. Aqui a estratégia foi oposta da de Hillary, e, desde do início, que a palavra "mudança" estava no seu discurso e foram várias as promessas. Desde de impedir a entrada de muculmanos e expulsar 11 milhões de clandestinos que vivem no país; a construção de muro na fronteira do México para impedir a entrada dos violadores; a ordem para mandar prender Hillary; prometeu acabar com ISIS em um mês; acabar com o Obamacare; etc. Será que vai cumprir o que prometeu? Quanto a Hillary duvido muito, e será demagogia pura e dura, e o discurso de vitória (que foi dos mais fraco a que assisti politicamente) já antevê que isso não vai acontecer e, seria , obviamente, um disparate, porque América ainda é uma democracia e tem órgãos próprios para emitir mandatos ou julgar as pessoas, e jamais seria o Sr. Trump a mandar prender alguém. Sinceramente, acho que não irá cumprir maior parte destas promessas (contaremos pelos dedos o que conseguirá) , até porque, o congresso e o senado não permitirão, e, mesmo que o congresso seja Republicano, não podemos esquecer que é um partido fracturado, e que deixou de apoiar Trump a meio da sua candidatura. Mas por muito demagógico e populista que seja o seu discurso (e em parte, perigoso), não podemos deixar de atribuir um certo mérito político, e não devemos cair no erro como fizeram maior dos órgãos norte-americanos, de ignorar a sua vitória, que foi carimbada pelo povo americano. Trump dirigiou-se e falou muito para a classe média, que representa a maioria, e expressões como "drenar o pântano", caíram muito bem nesta classe, que está descontente com o sistema político e urge por uma mudança, e Trump prometeu ser esse espelho, essa esperança. Esta expressão "drenar o pantano" é curiosa, porque é um alusivo contra o sistema e elites, quando na verdade Trump sempre representou, representa e viveu e vive com essas elites, e, esta é mais uma das suas demagogias, mas que muitas das classes para quem falou, não se apercebem disso, e infelizmente, basta-lhes ouvir bonitas palavras. 
   A América merecia mais e melhor, e, se necessitamos de pessoas longe dos actuais sistemas (que é uma boa verdade, e também necessitamos a nível europeu), também necessitamos de pessoas longe de sistemas autoritários passados, que assombraram a vida de milhares de pessoas. Mas, quero acreditar, porque a vida assim faz mais sentido, que Trump poderá fazer o mesmo caminho que Ronald Reagen, que também foi pouco amado na campanha para a Casa Branca, e depois tornou-se num dos melhores presidentes de sempre da América, mas espera, ninguém acreditou nesta última parte pois não?



sábado, 15 de outubro de 2016

Amigos Sírios












   Gente humilde, gente que vive o drama de viver sem saber onde estão seus familiares, se estão bem ou mal, sem saber onde vão ficar, que procuram estabilidade, procuram apenas alguém que os receba, porque também querem viver, viver longe do local que um dia já lhes pertenceu, mas que hoje é uma palco de uma guerra, que jamais podemos adivinhar quando terminará, sem saber se já começou, mas com uma certeza: nunca voltará a ser a mesma Síria. Desde da final do Euro 2016 que ganhei uns amigos, ganhei relatos de pessoas extraordinárias, que procuram o mesmo que nós, e pedem apenas que lhes deixem viver. Hoje, foram vários os Sírios que se juntaram para apelar ao fim do conflito na Síria, e, foi emocionante ouvir alguns relatos, experiências de quem perdeu tudo e não sabe dos seus familiares, e a força de vida, a vontade de, mesmo depois de tudo, ainda querer lutar e vencer na vida.



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Felicidade por António Guterres


António Guterres - Secretário Geral da ONU



   É uma felicidade poder ver que, foi feita justiça e António Guterres é o novo Secretário Geral das Nações Unidas, por aclamação. 
   No início deste processo, poucos acreditavam que seria possível, uma vez que a história contava que no momento em que os membros permanentes anunciassem o sentido do seu voto, tudo mudaria, e tudo apontava para que o voto não fosse em António Guterres. Até o próprio Presidente da Comissão Europeia, Junker agora felicita e envia uma carta com um coração no final a António Guterres, quando apelou ao voto em outra candidata, sob influencia Russa. Bem, aqui o papel dos Estados Unidos foi determinante, e talvez tenha sido o papel de Samantha Power, a embaixador dos Estados Unidos, que tenha deixado pouco margem à tentativa Russa de escolher uma mulher da Europa de Leste. António Guterres está no cargo com todo o mérito e sem sombra para dúvidas a melhor pessoa para o mesmo, e não havia nenhum outro candidato na corrida que chegasse ao seu valor e experiência, e para além disso, fez uma campanha impressionante, elogiada em todo mundo, tendo os Estados Unidos apelidado mesmo de uma "campanha impressionante, sem precedentes". 
   O mundo enfrenta vários problemas, e precisamos de um homem de diálogo, e, António Guterres é essa pessoa, e os seus 10 anos de Alto Comissário para os Refugiados, bem como toda a sua experiência nacional e internacional acumulada, fazem dele uma pessoa que a todos nos devem orgulhar, essencialmente portugueses.

Evitar o Táxi






   Contra a Uber? Contra o Airbnb? Contra o Uniplaces? Contra todo e qualquer tipo de concorrência empresarial? Protestar é um direito. Agredir e ofender é crime.
   Hoje, ao ver, uma vez mais, o protesto dos taxistas contra a Uber e Cabify, percebi, mais uma vez, que devemos apoiar o surgimento de mais Ubers e mais Cabifys, porque esta forma de "ditadura" sectorial tem de acabar, principalmente quando o alvo atingir são empresas que estão alheias à jurisdição dos países em causa, sendo essa uma responsabilidade dos governos nacionais, e não das empresas, que livremente, e porque é um direito seu, operam nos mercados de trabalho, respeitando todas as suas regras. Se é verdade que pode haver argumentos plausíveis por partes dos taxistas para dialogar, será ainda mais verdade que optar pela violência faz cair qualquer tipo de argumentação. E, quando se protesta contra pessoas que estão a fazer o mesmo trabalho que os protestantes, é no mínimo ridículo, porque aqui, a haver diálogo esse terá sempre de ser com o Governo, porque é quem tem poder para mudar ou alterar qualquer tipo de legislação em vigor, ou mesmo, proibir, como em certos países, a Uber de actuar, o que na minha opinião, seria um erro.

   

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Elogio a António Guterres


António Guterres



   António Guterres merece o elogio de todos, essencialmente dos Portugueses, pela excelente campanha e representação de Portugal na candidatura a Secretário Geral das Nações Unidas. Tive oportunidade de assistir à maioria das suas intervenções e foram muito boas, com um discurso transparente e com qualidade, de quem percebe que um próximo presidente tem de ser um congregador de forcas, e, conseguir enfrentar os desafios globais com que nos deparamos, sendo um dos maiores o dos refugiados, onde tem 10 anos de experiência no terreno. Mas, mesmo após ter vencido 4 votações secretas para o cargo, pode não ser suficiente, porque os votos que irão decidir serão os dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (E.U.A.; Reino Unido; Rússia, Franca e China). A Rússia já veio dizer que quer uma pessoa da Europa de Leste, para além da pressão internacional em torno de que seja uma mulher a assumir o cargo, como tem defendido o actual secretário geral, por exemplo. Espero que não, porque António Guterres não merecia esse tratamento, mas está tudo a ser preparado para que na próxima eleição seja indicada uma pessoa (provavelmente da Europa de Leste) e que seja uma mulher. O problema de António Guterres é que não tem apoios de peso, e isso será determinante para suceder ao cargo. Se até agora países como o Reino Unido, ou a própria China (que viu Macau ser transferido para o seu país quando António Guterres era Primeiro Ministro de Portugal em 1999)  não apoiaram a sua candidatura, duvido que o façam brevemente, e, será uma questão de tempo até apresentarem um candidato que que já há muito está em mente, mas estará guardado para próxima votação, onde os seus votos serão decisivos. Esperemos, mais uma vez, que assim não seja, mas todos os indícios apontam para esse caminho, que poderá não ser o melhor.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Regresso do Guarda Fiscal


Antiga Guarda Fiscal (1885 - 1993)
                   

   Ainda só aconteceu substancialmente, mas um dia destes ainda os vamos ver de volta. Talvez até fosse boa ideia retomar e voltar activar a antiga Guarda Fiscal, porque com tanto controlo sobre as pessoas e todos os seus bens, ao menos andavam identificados, em vez de fazer este trabalho na "candonga", que é o que vai acontecer, sem as pessoas saberem e terem conhecimento. As funções agora seriam outras, não no controlo fronteiriço como antigamente, mas ver e fiscalizar, se por exemplo, as pessoas levam o nível de vida de acordo com o que possuem ou que auferem (e esta que tal? Esta era boa não?). 


Portugal vira Estado Totalitário


Josef Stalin, líder da União Soviética de 1927 a 1953

                                                   

   Bem, sinceramente tenho andado um pouco desligado da política nacional, mas sempre que posso vou espreitando, e, é "assustador" o rumo que o nosso país está a ter em termos políticos (nomeadamente em termos fiscais), porque já há muito que em Portugal paga o justo pelo pecador. As novas medidas anunciadas, sobretudo, o levantamento do sigilo bancário a quem tenha depósitos acima dos 50.000 euros é um autentico saque e um princípio basilar da maioria dos estados totalitários, onde vai ser uma correria indiscriminada às contas bancárias das pessoas, violando abruptamente a reserva da vida privada. Em Portugal, este acesso do Fisco tem vindo aumentar (de uma forma desmedida e sem critério) e agora com esta nova medida pode ser mesmo contemplado o acesso sem restrição, onde para obter essa informação vai apenas bastar um telefonema, nem sendo preciso já comprar essa informação. Vive-se cada mais num país de "guardas fiscais", onde o Estado controla as pessoas, inspirado no modelo Venezuelano e em Stalin, instrumentalizando a máquina estatal para concretizar o domínio, fixado num pensamento único.
   Este é um dos caminhos mais perigosos a trilhar, e, vai apenas atacar a classe média, porque a classa alta não tem dinheiro em Portugal (tem apenas trocos para colmatar necessidades básicas) e, mais uma vez, este é um incentivo a retirar o dinheiro dos bancos portugueses, e acima de tudo um conselho: quem poder deve mesmo retirar (se tiver valores acima deste montante) o dinheiro de Portugal.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sir Markus Luttrell






   Os Estados Unidos da América coleccionam histórias de bravos soldados que, por sorte, cá ficaram e sobreviveram a autênticos milagres. Esse milagre aconteceu com o Seal Markus Luttrell, que tem uma história de sobrevivência absolutamente fascinante e que, mais uma vez, demonstra que os milagres são possíveis de acontecer. Em 2005, numa missão no Afeganistão para capturar e eliminar um dos líderes dos talibas, Markus foi um dos Seal que foi destacado, e, juntamente com mais 3 Seals (ao todo eram 4), viram sua missão abortada porque não mataram dois homens que os descobriram num esconderijo nos montes onde estavam os talibas. Foram perseguidos por mais de 200 talibas (eram cerca de aprox. 200 talibas para 4 americanos) , e de uma forma incrível, Markus, inicialmente com ajuda dos seus 3 camaradas e depois (destes terem sido mortos), com ajuda de moradores de uma aldeia chamada Pashtun ,conseguiu enganar o destino e sobreviver a algo que parecia impossível de fugir. 
   Por vezes, esquecemos que estes são os guardiões de um tempo, um tempo que nos pertence, e que nos querem tirar. Esta pode ter sido uma missão falhada, mas o lado certo era o de Markus e os seus bravos soldados americanos que com ele permanecerem em defesa do país e de "uma parte" do mundo até à morte. 
   
   

domingo, 21 de agosto de 2016

Mesa portuguesa no MPLA


Congresso do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)



   Está a gerar polémica as declarações de Hélder Amaral do CDS, que foi o eleito (não a primeira escolha) a ir ao congresso do MPLA em Angola. O mesmo disse "que o seu partido está muito mais próximo do MPLA e tem, agora, muitos mais pontos em comum”. Isto criou uma divisão natural no partido e na opinião pública, que se estendeu aos demais partidos, que também fizeram-se representar no congresso, e, com altas figuras. E a questão que se coloca é: Manter o diálogo ou jantar à mesma mesa?
   Posso dizer que nunca vi um tema em que haja tanto medo de proferir opinião como o tema de Angola em Portugal, e digo isto, porque já assisti a conferencias, já ouvi figuras de relevo da sociedade falarem sobre o tema, e, existe um "medo" generalizado, que vem sobretudo do crescente poder económico de Angola e da sua forte presença em Portugal, que se estende aos principais sectores estratégicos. E se esse medo tem situações e acontecimentos que o comprovam, ou todos já esquecemos o que aconteceu a José Pacheco Pereira pelo artigo que escreveu no jornal "O público" sobre Angola ou a determinados jornalistas pelo mesmo efeito, por outro lado, continuarmos a fechar os olhos ao que se passa e ignorarmos o que nos rodeia pode ser perigoso e ter efeitos nefastos a longo prazo.
   O discurso de todos devemos manter o diálogo com Angola nunca esteve em causa e essa é uma justificação já "gasta" usada pelos partidos políticos. Mas alguma vez quebrar o diálogo esteve em causa? Manter o diálogo é diferente de jantar à mesma mesa, e quando se janta à mesma mesa, como fizeram maioria dos partidos políticos portugueses, isso significa que pactuam com a política do MPLA, que é tudo menos uma democracia. 
    E o mais grave, é ainda ouvir um representante do CDS proferir tais palavras, que certamente serão atenuadas por aqueles que se sentam na mesma que ele (aqueles que fazem parte da direcção partido e o enviaram ao congresso) , serão ignoradas por outros (aqueles que não podem discordar publicamente) e alvo de discorda pela maioria (aqueles que ainda respeitam os valores do partido).
   Bem, aqui, talvez quem tenha beneficiado com isto tenha sido o Bloco de Esquerda, que foi o único partido que não se juntou à mesa portuguesa no congresso, por de forma tão simples, ter dito a verdade: "considerar o MPLA uma ditadura". 


"Eu votei e votava Berlusconi novamente João"





   Conhecer e conviver diariamente com uma Italiana já tem o seu próprio desafio, mas quando descobres que ela é uma adepta fervorosa de Berlusconi, aí ainda maior se torna o desafio. Podemos considerar Itália um país "querido" para nós portugueses, e acho, mais que não seja, por fazermos parte aqui do Sul da Europa e estarmos a navegar nas mesmas águas e acomodados na mesma embarcação (embora em quartos diferentes), que para já, pouco sabemos para onde nos levam, a não ser que enfrentaremos mais umas tempestades, enquanto, ansiosamente e juntos, esperamos pela bonança, e jamais perdemos a esperança.
   Disse-me: "Jamais votaria noutra pessoa que não Berlusconi em Itália João". Filha de um dos maiores empresários do ramo alimentar em Itália, disse-me: "Berlusconi sempre ajudou as empresas, e quando ele saiu, houve uma ruptura drástica com essa política e isso afetou muito a Itália, e se olharmos, não está melhor nem para lá caminha". Se para muitos é surpresa ou para outros normal, em Itália o fato de Berlusconi estar sempre sempre associado ás empresas, criou quase que um "costume" obrigatório um seu sucessor ser um inversor dessa política. 
   A verdade é que Itália depois da saída de Berlusconi ficou um país dividido, e, até agora, a solução encontrada na pessoa de Matteo Renzi ainda pode não ter sido a ideal. 


Victor Kuppers: Importância da Atitude

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Terrorismo Salarial



Convenção da Sociedade Anti-Escravidão em 1840




Um grande artigo do Bernardo sobre o "terrorismo salarial em Portugal", de leitura obrigatória. Já o disse várias vezes Bernardo, e acho que ninguém quer sequer debater o problema, e, esta foi, é e continuará a ser uma forma de "escravidão" moderna (uma nova rota de escravos), mais que terrorismo salarial, que se ninguém travar, poderá reduzir e fazer regredir Portugal, porque não é esta a forma de dinamizarmos a economia e potenciar o crescimento económico, e como dizes, e bem no texto, lá fora falar de que há gente em Portugal que trabalha/estagia e não recebe nada é algo de valentes gargalhadas, muitas vezes, na maioria, não acreditam mesmo que isso seja possível. Parabéns pelo texto que se segue.


"Todos os dias, em Portugal, é praticado um tipo de terrorismo, não associado ao que o mundo nos tem acostumado a ver, mas nem por isso menos grave. Quem opera e coordena as acções “clandestinas” são, na maioria das vezes, lobos não solitários. A sua arma preferida é o estágio não remunerado, uma técnica lenta e dolorosa que a longo prazo trará consequências nefastas para um país em declínio. Estágios não remunerados. Um conceito que se inventou e que eu sempre detestei. Um mês, dois meses, três meses, seis meses à experiência, sem remuneração. Pior é que este processo se sustenta, em muitos casos, na mentira. Uma esperança alimentada ao longo dos meses de trabalho (não pago!) de que haverá, eventualmente, repito, eventualmente, uma remota possibilidade de ficar como efectivo caso a pessoa em questão tenha uma boa performance. Esta é a chave para alimentar a farsa e “obrigar” as pessoas a sujeitarem-se aos meses de trabalho não pago, estabelecidos "a priori". Sem se aperceberem estes terroristas, estes lobos, estes chefes, assassinam o entusiasmo e o espírito empreendedor. Deixam cair por terra o esforço de anos de trabalho de alguns pais que lutaram para dar uma educação melhor aos seus filhos. Descredibilizam o ensino, os cursos, as universidades. Mais grave, descredibilizam o valor de quem quer tanto vingar que se dispõem a trabalhar sem ser pago. Claro que todo este terror é também ele sustentado pelos próprios estagiários que, com efeito, se sujeitam a estas condições animalescas, a esta exploração, a esta falta de respeito. Pior do que tudo é pensar que estes lobos têm uma solução pacífica para os seus problemas chamado “estágio IEFP”. Só que para muitos, ainda que o gasto seja pouco, há um gasto. Algo que se pode evitar aproveitando a fragilidade de quem se sujeita, havendo sempre na cartola a frase feita: “Não queres ficar, não fiques. Como tu, há mais 20 mortinhos para entrar.” E é verdade, há mesmo! Por isso é que muitas vezes, quando terminado o estágio se recebe apenas uma palmadinha nas costas e um (às vezes nem) obrigado. É uma espiral recessiva e sem cerimónias. Não se pode aceitar mais o trabalho não pago! Aceitá-lo é tão vergonhoso como a sua própria existência. Falar com qualquer europeu e dizer-lhe que a maior parte dos jovens portugueses se sujeita ao estágio não remunerado é proporcionar-lhes uma valente gargalhada. Gargalhada essa que pode durar toda a noite se mencionarmos aqueles que ainda pagam para estagiar (Como é possível?). “E assim se vive em Portugal”: enquanto uns brincam aos políticos e quem vai mandando manda mal, os portugueses esquecem a importância destas “pequenas” coisas como um jovem trabalhar oito horas por dia e não ser compensado como qualquer outro funcionário. De facto ninguém debate este assunto. Onde estão os partidos políticos? Os estagiários são quem um dia pagará contas, impostos e sustentará Portugal. Se nos esquecermos de lhes transmitir uma boa escola de início, o cenário poderá ser ainda mais desastroso do que aquele em que vivemos. O estágio não remunerado é uma prática de terrorismo extremamente perigosa. Devagar e silenciosamente vai destruindo o país. É preciso travá-lo, dar-lhe a atenção que merece e, sobretudo, arranjar medidas e soluções para o aniquilar".


In Jornal Público, 12-08-2016.


domingo, 14 de agosto de 2016

Marcelo Intangível


Marcelo Rebelo de Sousa



   Quando votei em Marcelo Rebelo de Sousa votei a pensar que seria um Presidente diferente, distinto do seu sucessor e que essencialmente marcaria um tempo e uma forma de fazer política diferente em Portugal. Nunca duvidei que seria diferente, e ver que nos últimos anos em Portugal, foi talvez dos únicos a manter-se igual a si próprio antes e depois das eleições é um motivo de contentamento para todos nós portugueses. Claro que no meio deste "euforismo" presidencial saudável, há sempre quem não viva bem com isso, e, não faltam críticos desta forma de fazer política, vindos de vários quadrantes, mas para esses resta a resignação e a luta infrutífera de mudança, porque acredito que cada vez mais este será o caminho. A política faz-se para as pessoas, porque são elas indirectamente quem tutelam os cargos políticos, e esta imagem de Marcelo abraçar e a confortar um popular revela respeito pelas pessoas e que a política também se faz ali, numa palavra, num gesto ou simplesmente num abraço. 



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Imoralidade das Sanções



Jeroen Dijsselbloem



   Vivemos tempos de indecisão política, nomeadamente na Europa, onde ninguém lidera, mas tudo quer ter opinião. Mas, quando a indecisão política se transforma em irresponsabilidade política, tudo muda e ou os Estados reagem ou, mais cedo ou mais tarde, algo acontecerá.
   Portugal cumpriu um programa puro e duro de austeridade durante anos, e, e um dos autores deste programa foi Bruxelas, que, sempre foi defendendo Portugal das medidas tomadas e elogiando o seu comportamento, apelidando mesmo de "bom aluno". Agora, devido ao défice excessivo, Bruxelas preparava-se, de uma forma absurda, incoerente e imoral, aplicar sanções a Portugal e Espanha, num jogo de perigo eminente, onde não estava em cima da mesa apenas a questão política, mas também nacional, e, poderia ser uma jogada classificada de alto risco, com consequências imprevisíveis. 
   E se isto já era um absurdo, ouvir declarações como a do Presidente do Eurogrupo, o Senhor Dijsselbloem, afirmando que se encontra "desapontado por não haver sanções a Portugal e Espanha" demonstra bem como vai esta Europa, e que tem os dias contados (pelo menos o seu modelo de gestão), uma vez que não acredito que os Estados aguentem por muito tempo estas imposições de pessoas sem credibilidade alguma e que apenas vivem diariamente no jogo da especulação financeira, onde se torna fundamental alimentar este clima e continuar a ver os países do Sul da Europa como uns despesistas e todos os outros uns bons exemplos. 
    Uma Europa que discrimina uns Estados em prol dos outros (veja-se o caso da Franca, que tem um défice enorme, mas por ser a Franca, nem sequer se falou em sanções), é uma Europa falida intelectualmente, que jamais vencerá os Estados, porque no dia em que o tentar fazer, a questão deixará de ser política e aí será o fim da Europa que já sonhamos, e que está longe do sonho.
   Uma palavra de apreço para o nosso Presidente da República e Primeiro Ministro, que sempre tiveram um comportamento nacional, de defesa dos interesses nacionais, e que não se vergaram perante uma Europa que cada vez menos defende os Estados por igual.



quarta-feira, 20 de julho de 2016

Turquia, a ambição Otomana

Osman I, fundador da dinastia Otomana



    A dúvida irá sempre prevalecer: tratou-se de um verdadeiro Golpe de Estado o que se passou na Turquia no dia 18 de Julho?
   Não é por mero acaso que a Turquia nunca conseguiu entrar na União Europeia, apesar das inúmeras tentativas aos longos dos anos, e, agora, talvez tenha sido a estucada final. Erdogan, o Presidente da Turquia, não chegou ao poder por acaso, nem esteve na prisão por uma questão de injustiça social. Se não se tivesse suspendido o processo da adesão da Turquia à União Europeia, estaríamos aqui perante um dos maiores problemas do nosso tempo, e com o perigo iminente de termos um ditador a ascender na Europa, sendo que certamente as suas aspirações seriam estar perto da liderança, como sempre o fez na Turquia, até chegar ao poder. 
   O recente golpe de Estado fez perceber que o tempo de negociações da União Europeia com a Turquia foi tempo perdido, e que o autoritarismo e a repressão exercida sobre os golpistas pelo Governo revelam que é um regresso ao passado, a um passado tenebroso, onde existem duas máscaras: a máscara do que se diz e a máscara do que realidade se faz. Erdogan sempre defendeu a Europa, e nas negociações levadas a cabo com a União Europeia prometeu respeitar as liberdades, e mal suspenderam-se as negociações, quebrou tudo o que disse e não quis saber mais disso, começando a revelar-se, e a colocar o autoritarismo, lado a lado com a implementação de uma ditadura camuflada. Sinceramente nunca se soube muito sobre estas negociações e a entrada da Turquia seria uma miragem, porque, por exemplo, como se chegaria a entendimentos na questão nuclear do Irão ou no conflito Israelo- Palestiniano, quando a U.E tem posições completamente distintas? A Turquia tem uma linha de proximidade com o mundo Islâmico, e com os antigos territórios do império Otomano, e as relações com Israel seriam sempre um problema para a U.E.
   Neste Golpe Estado, Erdogan ordenou (se já não estava combinado) a decapitação dos insurgentes e golpistas, tendo sido mortas quase 200 pessoas e perto de 5000 mil foram para a cadeia. E já veio afirmar publicamente que quer a pena capital para os Golpistas, a bem ou a mal.
   Mas, continuamos sem saber se se tratou de um Golpe de Estado, porque como é possível ter sido preparado de forma tão mal? Como é possível um exército (dos maiores da Europa) como o Turco ser facilmente dominado em menos de 10 horas e apenas ter feito o Golpe em duas cidades, esquecendo todo o restante território?
   A Turquia vive em busca do regresso da ambição otomana, de recuperar a influencia no Sudeste Europeu e no Médio Oriente de outros tempos e, não descansará enquanto isso não for uma realidade.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Valência



Cidade das Artes e Ciência



   Valência é a minha cidade nestes próximos tempos, e, espero poder desfrutar da cidade e conhecer toda a sua envolvência, que é isso que me fascina pelos sítios por onde passo. Estou aqui em trabalho, através da Comissão Europeia, e o pouco que já vi revela uma cidade muito simpática e encantadora. Os meus primeiros dias aqui foram passados em trabalho e no hotel, mas mal pude ter um tempo livre tive oportunidade de visitar a cidade através de um colega de trabalho, que me levou ás zonas das praias mediterrâneas e a sua gastronomia, à Catedral de Valência, à cidade das artes e ciência, ao museu Príncipe Filipe, passando pelo Oceanário, bem como explicando alguma da sua história, que é muito rica, uma cidade fundada pelos Romanos, tendo sido, por curiosidade, a primeira cidade da península ibérica. Tem um clima de imenso calor, onde por exemplo agora estão 36 graus, e à noite no Verão estão sempre perto 30 graus ou mais, sendo um clima húmido, com ventos quentes, e nem um sinal do Atlântico, a não ser se ligarmos o ar condicionado. Do que já vi, é uma cidade muito bonita, e tendo já visitado todas as principais zonas de Espanha, principalmente Barcelona e Madrid, Valência consegue ser diferente e ter um carisma próprio.

   
   

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Orgulho Português :)








   Foi em Espanha, em Valência, ao lado dos meus amigos Sírios que vivi o dia 10 de Julho de 2016, dia em Portugal foi consagrado Campeão da Europa. 
   Antes dos dia 10 de Julho, já tinha constatado que Cristiano não era amado aqui em Espanha, mas nunca pensei que chegassem ao ponto de não o respeitar. Tudo começou dias antes da Final, onde quando percebiam que era português, começavam logo a dizer mal de Cristiano sem sequer lhe perguntarem nada. E ouve um daqueles Espanhóis sem muito discernimento, que se vira e diz: "O Cristiano é um chorão, e espero que a Franca ganhe, não quero que Cristiano ganhe". E eu disse-lhe: "Mas ouviste o que a Franca disse de Espanha quando esta saiu do Euro, ouviste os insultos que vos fizeram e, para além disso, como é possível não gostarem de um jogador que tem feito história aqui no vosso país e todos os anos eleva o vosso futebol como nenhum outro?". Mas, infelizmente são poucos os espanhóis que reconhecem isso e no dia da final, quando chegou a hora do jogo, fiquei completamente surpreendido com a mentalidade da maioria dos espanhóis e a forma como queriam que a "Francia" ganhasse.
   Ver o jogo rodeado de centenas de espanhóis e no meio disso, ter dois amigos Sírios comigo a torcer por Portugal, como se da sua nação se tratasse, foi algo emocionante e que ficará marcado na minha memória. Ainda o jogo não tinha começado, e um dos Sírios diz-me: "Eles são assim, mentalidade estúpida e não gostam de Cristiano por ele ser o melhor, é inveja. Eu adoro Portugal, adoro Fátima e quero ir mal possa ao vosso país". Isto foi dito por uma pessoa que teve de fugir da Síria para sobreviver, e foi mais um que sobreviveu vindo num daqueles barcos que todos vemos nas notícias onde morrem milhares sem ninguém fazer nada. Pessoas humildes, de um trato soberbo, trabalhadoras e que são como qualquer um de nós. Mas quando pensava que era apenas um que conhecia, gostava e admirava o nosso país, eis que ouço outro amigo dizer que tinha o sonho de visitar Fátima, e aí percebi que há algo que eu passava admirar nestes amigos, que era a sua fé, e a forma como demonstravam a felicidade ao falar do nosso país, e principalmente de Fátima. 
     Eramos poucos mas bons, e conseguimos calar centenas e milhares de Espanhóis e Franceses que estavam torcendo para que a "Francia" ganhasse. 
     Ganhamos contra tudo e contra todos. 
     Somos Campeões da Europa e a Franca é Campeã das críticas (prémio merecido). Um bem haja e uma palavra de apreço principalmente para os portugueses que vivem em Franca, que nunca viram os seus esforços reconhecidos pela nação Francesa, e, acho que a Franca tinha obrigação de ter mais respeito pelos portugueses.
   O que fica? Fica que Portugal é uma grande nação, admirada por muitos, que tem um grande coração, onde cabem todos aqueles que nos querem bem e que gostam de nós.
   Viva a Portugal. 

   Campeões da Europa 2016 :)



sábado, 9 de julho de 2016

Arrogância Francesa






   Não sou, mas se fosse Francês, tinha vergonha de o ser. O comportamento da imprensa Francesa desde do primeiro dia do Euro 2016 acerca de Portugal tem sido indecente, estando a ser simpático na adjectivação. A forma como criticam Portugal e a falta de respeito são intoleráveis. Uma coisa é termos uma opinião e proferi-la dentro dos limites da boa educação. Outra coisa é proferir uma opinião e faltar ao respeito a um país, a uma nação, que tem milhares de portugueses a viver residentes em Franca, a quem Franca deveria respeitar e utilizar outra linguagem. Ainda a bem pouco tempo, aquando dos atentados em Paris, se houve nação que deu o exemplo de solidariedade e ajuda, foi a Portuguesa, e nem isso atenua esta arrogância insuportável. Mas a educação não se compra, ou se tem ou não se tem, e infelizmente, estas críticas sucessivas são provenientes de Franceses arrogantes, mal educados e ignorantes. 
   Amanha, na final do Euro 2016, a Franca deveria perder, mas perder por muitos, para vermos se estes papagaios mal-educados Franceses deixavam de berrar e dizer asneiras, e aprendessem a falar.


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Declarações Junker



Jean Claude Junker, Presidente da Comissão Europeia



   As declarações do Presidente da Comissão Europeia Junker num claro tom de azia para com os Eurodeputados Britânicos do UKIP ("Porque é que estão aqui"?) foi a prova de que esta Europa está à deriva e que necessita urgentemente de líderes, e de uma nova forma de pensamento europeu. Porquê só agora se lembrarem do UKIP? Como é possível os líderes europeus não estarem preparados para uma decisão destas do Reino Unido? E mais grave, como é possível desvalorizarem tanto uma decisão que foi de um nação, de um povo?
   Concordemos ou não, foi uma decisão que tem de ser respeitada, e, quando um presidente da Comissão Europeia se dirige a um Eurodeputado de um país que defendia outra tese diferente da sua, e o convida a sair por essa mesma tese ter sido vencedora é um sinal de outros tempos, mas certamente e jamais será de um tempo democrático.


domingo, 26 de junho de 2016

Portugal (des)afectado

Mário Centeno, Ministro das Finanças de Portugal




     Até que ponto o Brexit pode ter impacto em Portugal?
   Bem, nenhum grande líder europeu se atreveu a dizer que o seu país estaria seguro perante o Brexit, excepto Portugal. Se estávamos preocupados com o Brexit, o nosso Ministro das Finanças Mário Centeno disse para deixarmos de estar, porque, segundo ele: "os cofres estão cheios e vão aguentar a turbulência do Brexit". Caso para dizermos : "Ah grande Centeno, estavas tão bem calado".
   Mas se há declaração irresponsável e que neste momento não se devia proferir era esta, devido ao momento de incerteza que o Reino Unido enfrenta, sem ser possível sequer fazer previsões a dias, quanto mais a meses ou anos, e,  ainda mais, quando ter os cofres cheios aqui para o caso jamais poderá evitar o efeito contágio do Brexit, que poderá ser explosivo, por exemplo, no sector empresarial. Mas, felizmente, os portugueses lembram-se bem das recomendações recentes de determinados políticos em momentos importantes, como por exemplo, aconteceu com a queda do BES, quando o antigo Presidente da República, Cavaco Silva, veio defender publicamente que o banco estava sólido e que não nos devíamos preocupar (até podíamos comprar), e passado uns meses, deu-se o colapso. E alguém foi responsabilizado por essas declarações? Nao, porque em Portugal existe essa liberdade política, de dizer-se tudo, haja ou não interesses envolvidos, sem ter nenhuma penalização, a nível nenhum, nem político.
   
   

Portugal, até os comemos :)






   Quando nos picam, quando dizem que não somos favoritos, quando nos pisam, quando dizem que não valemos nada, quando dizem que nem merecíamos passar, quando dizem que não jogamos nada, quando dizem que jamais iremos passar é quando nos levantamos e juntos vamos para cima deles, e mostramos que toleramos tudo menos que insultem o nosso país e rebaixem as nossas gentes.
   Sr. Fernando, seleccionador de Portugal, eu sei que foi por acidente, que não estava nos planos o Sr. Moutinho se lesionar, mas já que aconteceu (e ainda bem), deixe o Adrien lá dentro e diga ao Mestre Renato para jogar e mais nada, nem precisa de indicações, basta colocá-lo lá dentro. Se perguntar ao André Gomes, até o próprio deve dizer que neste momento tem de jogar o Mestre Renato Sanches. Faca isso e ninguém nos pára, vemo-nos na final.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Vitória Brexit








     Surpreendentemente chocado. Em primeiro lugar, não pela vitória do Brexit apenas, mas por tudo o que este engloba, e pelas consequências e seu efeito contágio a uma União que jamais será a mesma, e que, mesmo estando mal, certamente ficará pior.
   O choque acontece, quando após a vitória do Brexit, e durante a campanha miserável à volta deste, ouvimos todo o tipo de pessoas apelar ao nacionalismo, com conteúdos profundamente racistas e xenófobos, tendo sido esse um dos argumentos usados, senão o principal para a vitória do Brexit. Se os Britânicos criticam todos aqueles que vão para o seu país em busca de trabalho ou de melhor estudos, também deve saber que beneficiaram e beneficiam muito com isso, e que, a ideia da Europa também foi essa, daí se ter instituído o princípio da livre circulação de pessoas. Jamais pensei, vindo de um povo que sempre tive em excelente memória, faltarem ao respeito a todos os imigrantes (onde nos lembramos logo dos nossos portugueses) que vivem no seu país, e essa foi a imagem que ficou da pobre campanha, uma imagem que o mundo registou e lamentou. Hoje li que num balcão de um restaurante Londrino, estava um cartaz escrito à mão de alguém com o seguinte conteúdo: "Se você gosta dos nossos funcionários, vote permaneça" (todos os funcionários são imigrantes europeus). E isto ilustra bem a vontade dos Britânicos (que votaram no Brexit) em mandar embora todos os imigrantes, em homenagem a um nacionalismo que, reza a história, nunca foi bom conselheiro. Mas aqui a Europa tem muitas culpas e os seus líderes europeus, que fecharam os olhos ao que se ia passando noutros países, como por exemplo na Hungria, onde se construíam muros nas fronteiras para impedir a passagem dos imigrantes ilegais, e nunca fizeram nada nem nunca houve uma voz firme, que se ouvisse dentro da Europa.
   Outro argumento invocado tem a ver com a soberania (embora tenha sido pouco debatido), e aqui, já são muitos países (senão mesmo a maioria ou mais) a pensar da mesma forma, mas não procurando a mesma solução: saída da U.E. A forma como a União Europeia decide as matérias; a forma como controla os Estados através dos seus programas sem consultar ninguém (que se sobrepõem aos dos Estados), e principalmente a forma como elege quem nos representam são problemas cada vez mais audíveis no seio de diversos países, porque afastam o povo das decisões e impedem os cidadãos de aceder a cargos que deviam ser para todos, e não apenas para alguns. Mas quem não concorda com isso? Acho que a maioria, mas porque não mudar as coisas internamente em vez de abandonar o barco? A União Europeia já há muito que anda sem rumo, e basta ver esta questão dos refugiados, que ilustra bem o fracasso de liderança europeia, onde não existe tomadas de posições firmes, e quando é preciso resolver algum problema para amanha, agenda-se uma reunião para daqui a um mês ou dois.
    Outro argumento a favor dos que defendem o Brexit (também pouco debatido) foi a questão da Turquia, e aqui existe também alguma lógica, mas outra vez, o Reino Unido ao abandonar escolhe o caminho mais fácil, e se todos agissem ou agirem assim, seria ou será o fim. Mas esta questão pode ser abordada de duas formas: como uma preocupação em detrimento do problema do terrorismo existente na Turquia ou simplesmente mais como uma vaga de imigração que será mais uma ameaça para o Reino Unido. Se for vista apenas como uma ameaça de imigração, é mais do mesmo, e é o argumento Donald Trump no seu melhor e é argumento contrário a tudo aquilo que esteve na base da construção Europeia. Se for vista como um problema do terrorismo, aí acho que existe alguma lógica, e que poderá ser um problema mesmo para a União Europeia, que acredito que não será resolvido a curto prazo, mas sim a longo prazo, não prevendo que a entrada da Turquia na U.E. seja para breve. Mas também é importante frisar que, seja qualquer das razoes, há demagogia na invocação deste argumento, porque a Turquia já apresentou sua candidatura de adesão à União em 1987, e está longe, muito longe, de haver fumo branco.
    David Cameron arriscou demasiado, e serviu de lição para muita gente, porque certamente jamais esperaria que tal manobra política tive este desfecho. Apresentou a demissão e não tinha outra saída. Muitos problemas se levantarão a partir de hoje. Ha coisas boas que poderão acontecer a longo prazo, mas colocando a balança em cima da mesa, serão mais as más. O presidente dos E.U.A, Barack Obama já tinha deixado o aviso há uns dias: "Se ganhar o Brexit o Reino Unido irá para o fim da fila, e vão passar vários anos até que o país consiga assinar um acordo de livre comércio com os E.U.A.". O Reino Unido também deixará de ter acesso a financiamento europeu, que hoje é garante de milhares de empregos, bem como um motor importante no desenvolvimento do país. Mas mais que analisar as consequências, é também o efeito contágio deste Brexit. As eleições em Franca serão já no próximo ano, e Le Pen se ganhar, poderá ser mais um problema para a Europa. O efeito contágio será inevitável, e, senão houver uma refundação da Europa, este modelo esgotar-se-à e assistirmos à sua queda como quem assiste à queda de um mártir.




quinta-feira, 23 de junho de 2016

Brexit


Margaret Thatcher, líder do Partido Conservador Britânico em 1975



   Será hoje o início do fim da União Europeia? Será possível haver Europa sem o Reino Unido? Será que o risco de perder o partido sobrepôs-se ao risco de sair da U.E.? Será que o referendo foi a utilizado como instrumento de consulta popular excepcional ou como manobra política? Será que o efeito Donald Trump chegou ao Reino Unido?
  O Reino Unido é hoje um país completamente divido, e a estratégia adoptada pelo Partido Conservador talvez tenha sido um acto precipitado, uma espécie de fuga para a frente em detrimento das alegadas e visíveis pressões internas. David Cameron teve decidir: entre risco de perder o partido ou sair da União Europeia, tendo ficado refém e prisioneiro da sua promessa eleitoral. Esta decisão, e seja ela qual for, já terá danos irreversíveis numa Europa cada vez menos fortalecida. Se ganhar mesmo o "não" será um terramoto sem ser possível contabilizar sequer as mortes e os feridos, porque serão milhões de povos que verão suas vidas mudar e poderá ser o início do fim da Europa de Robert Schumann. 
    A crescente xenofobia e discriminação dos povos, em paralelo com o ideia do que esta crise será permanente e sem solução à vista, está criar um efeito Donald Trump no Reino Unido, onde cada vez mais a ideia de fechar as fronteiras e hostilizar os imigrantes é um caminho a seguir, aproveitando esta crise dos refugiados para a estender à imigração europeia, sendo este um mote perfeito para acordar os eurocéticos e mandar embora também todos aqueles que não são seus nacionais. E a recente morte de Jo Cox, uma deputada britânica e defensora da permanência do Reino Unido na Europa, é um sinal desse movimento, que deve ser evitado e "aniquilado" a todo o custo.
   Todos devemos repensar estas formas de utilização dos instrumentos de consulta popular, porque cada vez mais estas são utilizadas como manobras políticas (seja porque foram promessas eleitorais ou porque fazem parte de uma estratégia política) e não como último recurso ou como forma excepcional. E isto é preocupante, porque quando assim é, duvido que os interesses dos povos e das suas comunidades sejam prioridade, mas antes estão subordinados ao interesse político, o que fragiliza e acaba mesmo por desvalorizar a própria democracia directa.
   O melhor é termos o Reino Unido na Europa, e todos nós esperamos que se repita o resultado de 1975, quando o partido trabalhista de Harold Wilson (também fazendo jus a uma promessa eleitoral) realizou um referendo sobre a presença do Reino Unido na CEE, tendo ganho os defensores da permanência. Até Margareth Thatcher, um ícone do partido conservador, foi uma defensora da permanência do Reino Unido, e, mesmo tendo um partido com opiniões opostas, soube sempre manter a posição firme e coerente. Embora hoje a Inglaterra esteja mais dividida, juntamente com o País de Gales, sendo que a Escócia e a Irlanda do Norte são as que se mostram mais estáveis à permanência.
    


sexta-feira, 17 de junho de 2016

OPSS autentica desigualdade social

   




   O observatório português dos sistemas de saúde revelou num estudo lançado esta terça - feira que aumentou de forma drástica e preocupante a desigualdade social na área da saúde. Coloca Portugal ao lado dos países de Leste e de países como Chile. Revela que aumentou o risco de exclusão social, e, revela que as pessoas sem formação padecem de um maior risco de ter má saúde seis vezes superior em comparação com as pessoas com mais formação. Curioso perceber que uma das coisas que pode estar na origem também desta desigualdade é o facto das pessoas não questionarem os médicos sobre o que estes dizem ou aconselham ou até prescrevem, sendo que no estudo é citado os médicos de família, que as pessoas quase nunca questionam, e muitas vezes necessitam de serem reencaminhados para a especialidade, e isso não acontece, sendo tratados de uma forma mais superficial e com maior risco de saúde. Mas este é um problema de séculos, que aos poucos está a ser combatido, que é o facto de não se colocar os médicos ao mesmo nível que qualquer outra pessoa (mais as pessoas antigas acho), porque erram como os outros. Ainda há muito a ideia de o que o médico diz é lei, mas esse é um erro de palmatória e muito grave, porque os médicos erram e muito como todos, e, hoje em dia, com o conhecimento e a sociedade de informação que temos, devemos sempre tentar fazer um escrutínio dos médicos e da forma como eles nos estão a tratar (se estivermos no papel de doentes), para evitar um mau aconselhamento, que em muitos casos pode ser determinante no tratamento de uma doença.
   O estudo revela que a detrioracao do SNS é outra das causas desta desigualdade social, principalmente explicada pela saída de profissionais para o sector privado, para a reforma ou para o estrangeiro. Para além disto há uma acentuada quebra na qualidade dos serviços prestados, que depois se reflecte na qualidade do serviço prestado ao doente. E aqui, há questões a colocar, como, se temos um serviço de saúde público "tendencialmente" gratuito, como é possível continuarmos a ter estes níveis de desigualdade social na saúde? 
   Talvez fosse urgente assegurar, em primeiro lugar, melhores cuidados de saúde e priorizar os mais fragilizados, os mais pobres, as pessoas com menos educação, quer aqueles que se encontram em situações de maior vulnerabilidade ou risco, como os idosos e recém nascidos por exemplo. Para reduzir as injustiças e a desigualdade social nesta área tem de ser traçadas linhas de prioridade, dando uma volta ao actual SNS, que está ferido de morte, e caso não seja tratado, irá continuar a degradar-se até ao seu fim.


Violência Aclamada



Confrontos entre Adeptos Ingleses e Russos em França : Euro 2016.



   Infelizmente, todos temos assistido aos tristes e evitáveis confrontos entre Ingleses e Russos no Euro 2016 em França. São actos que todos devíamos reprovar, mas quando um dos países, neste caso a Rússia, uma das partes envolvidas, defende que se deve manter os confrontos, na voz de um Deputado do Parlamento Russo (declarações no seu twit: "nada de errado nos confrontos entre adeptos") algo vai muito mal na preservação dos valores democráticos, que garantem a paz e estabilidade dos povos.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Marcelo Bem


Marcelo Rebelo de Sousa




   Mais uma vez, Marcelo Rebelo de Sousa, igual a si próprio faz renascer o dia de Portugal e, essencialmente decide homenagear todo o tipo de pessoas, e desliga-se dos interesses que assombravam este dia nos últimos anos. Neste dia, a maioria dos portugueses, já mostrava pouco interesse em assistir, e, quando chegava o momento das condecorações, desligava o televisor ou fazia zapping, porque ninguém já suportava ter de ver o Presidente da República a condecorar o amigo que o ajudou na campanha; o amigo que ajudou a colocar a prima; o amigo que fiel que lhe ajudou no banco; o amigo da fábrica ou amigo do amigo que lhe fez um pedido especial. Na verdade, infelizmente, pouco de Portugal já tinha este dia, e basta ver que os próprios militares no último ano ponderaram ausentarem-se da cerimónia dias antes, mas que acabou por realizar-se.
   Marcelo ao decide condecorar as pessoas que ajudaram as vítimas do Bataclan mostra que este dia é de todos os portugueses, e, que é um orgulho podermos assistir a estas condecorações, de pessoas que com a sua humilde condição, conseguiram fazer algo humanitário que merece o reconhecimento mais que justo do nosso país, de todos nós.
   Obrigado Presidente por dignificar e elevar bem alto o respeito deste dia, o 10 de Junho, o dia de todos os portugueses.