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sábado, 28 de janeiro de 2017

Trumpulhice



Donald Trump, Presidente dos E.U.A.



   Se hà uma ou duas medidas que foram tornadas públicas por Donald Trump que poderiam ser objecto de discussão e fazer algum sentido, todas as outras, na sua maioria, não têm pés nem cabeça e são contrárias a um modelo de democracia representativa. O modo como falou sobre os todos os imigrantes, e a forma como está já agir, impedindo a acesso de entrada, sem qualquer critério, apenas baseado numa decisão irracional, são um indício e uma prova do discurso demagógico e popular de baixo nível. A ideia é colocar um polícia por cada habitante? E o que fazer então com todos os ilegais que estão no país ou tentam ali entrar ? Acabar com eles ? Como vai ser feita essa deportação de milhares? 
   Este é o caminho errado, que nos custou milhares de anos perdidos até à II Guerra Mundial, onde imperavam discursos similares até chegar ao poder, e onde regimes autoritários concentravam na figura de uma só pessoa todo o poder, que teve os resultados horríveis que a história registou e que a todos, que temos memória, nos deve envergonhar. 
   
   

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Trump: guerra comercial?







   Quem ouviu o discurso de tomada de posse de Trump, talvez não se tenha lembrado de um presidente que tenha repetido tantas vezes a palavra "povo". Usou-a tantas vezes que no final do discurso já nem lugar existia para a mesma. E quando isto acontece, de uma forma tão pouco genuína, sem sentirmos uma forte conexão de discurso, perde e torna o discurso enfadonho e pouco eficaz. Mas quanto à substância, uma das principais ideias que está a ser posta em marcha e que deve ser motivo de reflexão (devido à sua importância) são as mudanças nos acordos comerciais internacionais, essencialmente a renegociação do Tratado Americano de Livre Comércio entre E.U.A, Canadá e México e o abandono do Tratado Transpacífico. Ainda é cedo para dizer muito coisa (porque por exemplo, no que diz respeito ao Tratado Transpacífico, irá obrigá-lo a negociar com cada país), mas faz recuarmos um pouco aos anos 30, em que medidas como estas tiveram um enorme impacto a curto prazo, mas pelo contrário, a longo prazo, foram um falhanço, porque basta ver que em 1994, a ideia do tratado de livre comércio era eliminar as tarifas comerciais entre os países, e essa eliminação beneficiou por exemplo, o aumento das exportações para Canadá e México em mais de 200%. Por outro lado, também é verdade, e não posso discordar, que a entrada da China na organização mundial do comércio não veio beneficiar os E.U.A. e causou alguns problemas, porque a China em diversos casos não respeitou e não respeita as regras do comércio mundial. E algumas coisas que Trump diz sobre a China são verdade, embora, claro, não use a melhor linguagem nem o melhor caminho para um diálogo razoável. A China tem sido alvo de várias denúncias por restrições, por exemplo, às exportações de matérias primas, provocando escassez e aumentos de preços no mercado global e conferindo vantagens à sua indústria. Uma guerra comercial não beneficia ninguém, mas perante atitude e já divulgada reacção chinesa, duvido que Trump consiga evitar, a não ser que aceite ceder, o que não parece (e neste ponto bem) , e na realidade, todos devemos questionar; a China foi ou é um verdadeiro parceiro comercial? 
   Esta questão não é tão simples nem se cinge a obrigar as empresas americanas que estão na China, por exemplo, a voltarem para os E.U.A., mas é uma importante questão levantada por Trump, que coloca o dedo na ferida, principalmente quanto à China, que tem aproveitado o comércio internacional para fazer uso e abuso, violando as regras que se comprometerem a cumprir perante todos os países.



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Despedida de Obama


Barack Obama




   Barack Obama deixará saudades, muitas saudades. Quem assistiu à poucos dias à conferência de imprensa de Donald Trump e assistiu hoje à de Obama só pode estar preocupado, porque, por um lado, vimos a conferencia crispada de Trump, autoritária, de negação e vazio, sem qualquer respeito pelas liberdades, essencialmente a de imprensa, e com um discurso completamente confuso e de fraca oratória. Por outro lado, assistir à conferência de Obama, é logo assistir a um mestre da oratória, com um discurso agradável de ouvir, com forte presença, respeitador do ouvinte (que deve ser uma das maiores qualidades políticas, e nem todos a possuem) e sempre com uma palavra para quem está do outro lado. São pequenos pormenores, mas por exemplo, dar a palavra final a uma jornalista que já o acompanhava como deputado à muitos anos é um gesto bonito, para muitos lógico, mas demonstra a grandiosidade da pessoa e o respeito, a lembrança, o não esquecimento. E também aqui, no aspecto da valorização humana, Obama elevou a América e não é por acaso que sai com 60 % de popularidade. Não falou nem foram abordados temas como por exemplo a Síria, tendo sido pouco questionado sobre o problema dos refugiados, mas também elogio o comportamento dos jornalistas, que souberam respeitar o momento, e perceber que talvez este não fosse o momento para isso, e isso foi Obama que conseguiu fazer: ganhar o respeito de quem todos os dias está do lado de lá: para o bem ou para o mal.
    Despede-se dizendo que sai como um mero cidadão americano, equiparando-se a qualquer um, e isso aproxima-o, mais uma vez, do leque restrito de grandes políticos que ficaram na história, não por quererem gabar o seu lugar, mas por entende-lo como um mero cargo temporário, que pertence ao povo. 
   Para muitos será a despedida, mas, para mim, será sempre um até já, porque não acredito que um político como Obama continue muito tempo longe do palco da sua vida: o político. 


Interrupção discurso Obama


Barack Obama


  Estar assistir na Sic Notícias ao discurso da despedida de Barack Obama e verificar que há uma interrupção do discurso para ouvir Ricardo Salgado a sair do Tribunal X em directo é algo que me transcende e que quero acreditar que foi um mero lapso jornalístico. Mas quando pensava que afinal era mesmo um mero lapso, o directo num determinado local do país para falar sobre os alertas de frio extremo veio mesmo comprovar que talvez seja mesmo uma determinada forma de fazer jornalismo.    Mas mesmo, assim, e porque sou um optimista, vou continuar acreditar que foram meros lapsos e que não voltará acontecer. 


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Salário de 25 euros de Fidel Castro


Fidel Castro, o eterno líder e ditador cubano



   Fidel Castro, o líder que teve honras de Estado com poupa e circunstância em Cuba, escondeu uma verdadeira vida dupla por detrás da sua pessoa, Se por um lado, a maioria do seu povo viver abaixo do limiar de pobreza, Fidel continuava sempre a enriquecer. A fortuna de Fidel Castro chegou a ser colocada pela forbes ao lado de Isabel II, pincipe Alberto do Mónaco e do ditador da Guiné Eqiatorial, Teodoro Obiang. Fidel Castro desviou e utilizou uma parte considerável da riqueza nacional a seu belo prazer, colocando pessoas da sua confiança nas negociatas, mas, por outro lado, jamais declarava o que fosse, a não ser o seu salário mensal de 25 euros (900 pesos). Uma comédia pensa o cidadão comum ? Mas é bem verdade, porque Fidel reinava como monarca absoluto na sua ilha de 11 milhões de habitantes, bem à maneira e ao jeito de um proprietário de terras do século XIX. Mas como era isto possível? Bem, em Cuba, Fidel era a única pessoa que podia dispor de qualquer coisa, apropriando-se, vendendo ou dando o que lhe bem apetecesse, pois só ele podia autorizar a criação de uma empresa estatal, em Cuba ou no estrangeiro. As sociedades "fachada" criadas no Panamá estão a ser investigadas, pois era uma das formas de contornar o embargo da América. Uma das coisas que me impressionou constatar em Cuba foi que, por exemplo, um hoteleiro estrangeiro que contratavam pessoal cubano, nao pagavam ao trabalhador, mas sim ao Estado Cubano, que depois decidia atribuir uma parte ao trabalhador (sempre inferior à do Estado), o que era uma das formas de escravatura existentes ali. 
   O regime comunista imposto por Fidel começou bem cedo quando significativa origem da sua riqueza está na lei criada em 1960, a "reserva del comandante", isto é, resume-se a uma conta particular constituída por fundos retirados da actividade económica nacional, destinada ao uso exclusivo de Fidel, que a utilizava de forma indiscriminada, sem qualquer tipo de controlo. E para quem fica com dúvida acerca desta reserva, deve dissipá-las, porque para além de milhões, até um parque automóvel esta suporta, que servia, por exemplo, para oferecer viaturas a muitos dos seus munícipes (que lhe obedeciam). Embora, como qualquer regime comunista, o montante da reserva é segredo de Estado. Ficou também provado que quando Cuba recebia suvenções provenientes da URSS, Fidel ordenava que fossem retirado milhões para a reserva, em troca de petróleo. Pouca gente sabe, mas por exemplo, Fidel possuía uma marina privada, onde para além do seu iate Aquarama II e de outras embarcações, tinha uma imponente frota de barcos, e, também detinha (para além da frota automóvel da reserva) 20 automóveis de gama alta para seu uso exclusivo.
   A resistência ao embargo americano justificava tudo, e esta mentalidade de pirata das caraíbas de Fidel levou a ter que sujeitar um país à pobreza, isolados num imbondeiro ao largo de uma ilha que poderia ser muito mais que um mero país subdesenvolvido.






quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Mário Soares


Mário Soares na Adesão de Portugal à CEE em 1985




   Lembrar Mário Soares será sempre lembrar alguém que foi e será uma figura da História de Portugal, que marcou decisivamente um tempo, que nos deve orgulhar porque permite-nos hoje estar à mesa redonda a expressar livremente uma opinião, o que não era possível antes de 1974. Podemos gostar mais ou menos da figura, mas jamais poderemos desrespeitá-la ou olhar para o lado e ignorar, porque independentemente da ideologia política, estamos perante alguém que merece respeito pelo seu percurso político de luta em Portugal. São várias as coisas que me afastam do seu pensamento, mas jamais me atreveria a desvalorizar o seu papel e legado, que enriqueceu e deu luz a todos os nossos caminhos de liberdade.
   Se havia muita gente, inclusive no seu próprio partido, que ultimamente já o criticava muito, essencialmente pela sua postura sempre activa, eu acho que esse era o lado interessante de Mário Soares, o lado de quem vivia a política intensamente, com paixão, e a pensar por si. Soares esteve sempre, por exemplo, contra a política de "austeridade", e, se há uns anos, era ridículo essa sua posição, talvez hoje seja mais tida em conta e ouvida, e, talvez falte mais políticos assim que pensem pelas suas cabeças, corajosos, com paixão pela causa.

   
   

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Obrigado Marcelo




Marcelo Rebelo de Sousa

 

   Penso que, não é todos os dias que vemos um político respeitar o voto e a confiança de quem o elegeu, e, num momento em que essa prática está em vias de extinção, fico contente de poder ver que Marcelo Rebelo de Sousa é igual a si próprio. Um obrigado a alguém que, mesmo ainda com pouco tempo de mandato já fez mais do que o anterior em alguns anos, e esse algo pode ser invisível aos olhos de alguns, mas acredito que será visível à maioria dos portugueses, porque o pior cego é aquele que não quer ver, e a política de proximidade não era um direito que devia ser devolvido às pessoas, mas antes um dever de quem exerce cargos políticos, e Marcelo está a mudar um tempo, que já foi assim, e isso merece ser destacado e sem dúvida alguma que foi uma das personalidades em destaque no panorama político em 2016, e acredito que voltará a ser muito em breve, porque é aquele que melhor tem entendido e entende os portugueses.


Tempo da Escrita







   A escrita ultimamente aqui foi-se perdendo, mas com este novo ano, nasce a esperança que voltemos a encontrarmos-nos por aqui, não para mudar algo, mas sim para poder falar sem ser interrompido. Foram uns tempos em que o lugar da escrita deixou de ser a mesinha de cabeceira, mas agora com o regresso, volta a estar perto do livro e a ocupar o seu lugar habitual. Como dizia Fernando Pessoa: " Quando escrevo, visito-me solenemente". Mas, se há outra escrita que permanece em constante mutação, esta será simples, escrevendo para mim mesmo, com a consciência que, poderei não estar sozinho, mas esse nunca será um medo.