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domingo, 30 de dezembro de 2018

Deportação de Taibeh

Taibeh Abbasi


Taibeh foi levada pelos pais do Afeganistão antes mesmo de nascer. Fugiram da guerra, da fome e da miséria. Tinha o sonho de ser médica e foi na Noruega que encontrou esse lugar para sonhar e estudar. Mas tudo mudo quando o governo norueguês tomou a decisão de deportar Taibeh e toda a sua família. O Afeganistão continua a ser um país onde diariamente raptam pessoas, há ataques indiscriminados e confrontos entre grupos armados. Ainda recentemente a Alemanha referiu que o Afeganistão é um sítio inseguro, mortal. Taibeh é uma aluna brilhante e todos os seus professores revelam que seria uma excelente médica. Caso seja deportada, cairá a esperança e o sonho de ser médica, e os seus direitos serão restringidos, ou mesmo suspensos, num país onde as mulheres não são respeitadas. Como Taibeh, são vários aqueles que estão a ser deportados na Europa, sem qualquer análise ou estudo. Só num ano, foram deportadas quase 10.000 pessoas. Este desrespeito dos líderes europeus pelos refugiados e migrantes revela bem a falta de liderança e de uma política capaz de reverter situações de emergência, como a crise dos refugiados. Já assinei a petição, na esperança que Taibeh não seja deportada para o Afeganistão e que possa seguir e concretizar o seu sonho na Europa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Passividade verga-se a costume





   Somos um povo passivo, onde a maioria da população ganha o miserável salário mínimo, mas, mesmo assim, o tempo de trabalho tira-lhes o tempo que precisavam para reflectir sobre tal injustiça de viver com tão pouco, e de poderem fazer algo para inverter o rumo dos acontecimentos. Conseguiu-se banalizar discursos e todo o tipo de actos em defesa dos direitos das pessoas. O descrédito tem uma razão de ser: a obsoleta partidarização dos direitos básicos das pessoas. O facto de serem sempre os mesmo a defender os mesmos direitos, por incrível que pareça, tornou-se um "costume" apodrecido, que ninguém valoriza, e em vez de mobilizar, desmobiliza e enfraquece o poder da própria democracia. Basta aqui lembrar, por exemplo, o caso do Partido Comunista que, é capaz de ir para a rua defender os direitos básicos das pessoas que acabaram de ser despedidas de uma empresa, ou defender a redução do preço dos combustíveis, ao mesmo tempo que aprova em plenário, na assembleia da república a redução do Iva para 6% para as touradas. São prioridades. Ou o caso do Bloco de Esquerda, que é contra a especulação imobiliária, mas depois tem deputados do seu partido a praticá-la no seu esplendor, e a tirar rendimentos prediais de valor considerável. Em Portugal, nenhum partido representa o povo português na sua essência, e isso explica, em parte, esta passividade.
Os problemas da sociedade não desapareceram, basta para isso ir ao terreno e verificar que existem, apenas estão mais escondidos. O agravamento dos impostos à classe média; aumento do desemprego; redução verbas para fins sociais; indiferença perante a juventude; o preço dos combustíveis; preço dos bens essenciais; portagens; falta de soluções concretas para o envelhecimento da população; ajudas aos mais pobres e mais frágeis; etc. Alguém (que seja do norte do país como eu) já pensou por exemplo, a quantidade de portagens que existem na zona da Maia (não havendo alternativa quando existe trânsito ou acidentes - que acontecem com bastante frequência -, já não falando quando existem obras), ou mesmo as portagens da A28 que ligam Esposende à Póvoa, em que a alternativa é ir por um descampado de pedras e pedregulhos, em labirintos de semáforos até encontrar uma saída. 
Aqui ao lado, em França, a famigerada "greve dos coletes amarelos"congelou os aumentos dos combustíveis e da luz. A estes protestos juntaram-se grupos de extrema direita e extrema esquerda, que têm muita força em França. Isto levou a que Macron fosse obrigado, a partir de dia 15 de Dezembro, a promover um debate sobre impostos e despesas públicas, com vista a alcançar soluções concretas. França é um exemplo para a Europa. É um erro achar que isto foi mero acaso. São vários os governos em França que têm sido humilhados sempre que tentam pôr à prova medidas que afectam o nível de vida da população. E agora o problema agrava-se, porque já se provou na Europa que quanto menos dinâmica for a economia, mais esta é castigada por impostos. Veja-se o caso de Portugal, que foi castigado durante anos, e não houve significativas melhoras no nível de vida das pessoas.
A diferença é que em França as pessoas não são passivas nem são subordinadas aos costumes apodrecidos que, sempre que existe uma greve ou uma manifestação, ou até, um movimento das pessoas, rapidamente se juntam, e avocam a si a luta, inviabilizando o crescimento da luta e, essencialmente, impedindo a mobilização. Mais grave, instrumentalização essas lutas, que, já são encaradas pelos sucessivos governos como verdadeiros "costumes" (práticas constantes e podres), que nada fazem e deixam fazer.
A passividade verga-se ao costume, ou seja, as pessoas habituaram-se ao costume de serem sempre os mesmos a instrumentalizarem as lutas em Portugal, e mesmo esse costume estando apodrecido (e actualmente faz parte do Governo - falo aqui dos partidos de esquerda), as pessoas são passivas, não reagindo às injustiças, que são gritantes em Portugal, mas estão escritas em letras pequenas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Homenagem ao Dr.Carvalho Guerra





Daqui a 40 ou 60 anos, tenho a certeza que a Universidade Católica terá uma estátua em homenagem ao Dr. Carvalho Guerra, pelo fabuloso e extraordinário contributo que deu em vida à Universidade Católica do Porto, e, sobretudo, pelas suas qualidades humanas. Foi, sem dúvida, e ainda é o pai da Universidade Católica do Porto. Contribuiu para o crescimento da sabedoria humana de uma forma sublime. É uma pessoa distinta, que soube dar ao Centro Regional do Porto da UCP aquilo que lhe faltava: sentido de missão. E que distingue esta universidade de todas as outras. 
Com Carvalho Guerra aprendi que a vida será sempre um sítio melhor se soubermos partilhar, se soubermos olhar para o outro e poder dar a mão. Aprendi que não existe limites para o sonho. Que qualquer um que ali se forma pode ser amanhã CEO numa grande empresa e no dia a seguir trabalhar num bar de praia, e depois voltar novamente a ter sucesso. Aprendi a não ser alguém por ter um estatuto, mas sim por ser aquilo que sou enquanto pessoa. Aprendi que nunca seremos um exemplo, por muito bons que sejamos tecnicamente ou até reconhecidos, se não tivermos alguma qualidade humana. 
Quando nos corredores da Universidade alguém dizia que na conferência do senhor X, ia falar inicialmente o Dr. Carvalho Guerra, a sala enchia, toda a gente ficava de pé, para o ouvir. Fosse para contar as suas experiências com o amigo Mário Soares, ou fosse para contar as vezes que andava pelas ruas do porto ajudar quem mais precisava. Só não marcava presença quando estava impossibilitado, porque valia sempre a pena ouvir alguém que dava gosto ouvir, e aprendia-se sempre qualquer coisa, porque a sua transparência, humildade, saber, ética, moral, transbordavam e contagiava qualquer um.
"Nós somos o que partilhamos". "Os homens não morrem quando deixam de viver. Os homens morrem quando deixam de amar, quando deixam de fazer aquilo que gostam". Ouvir isto é saber que estamos em casa, numa casa que fica eternamente nossa, porque ali somos todos um só. 



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Iémen, um outro mundo


Iémen


Um país em guerra civil desde 2015, onde está instalada a anarquia, consequência da Primavera Árabe. De um lado o presidente Abdo Hadi, que é reconhecido pela comunidade internacional, e do outro lado os rebeldes xiitas huthi. As resoluções do conselho de segurança da ONU, sobretudo a última proposta pelo Reino Unido, para a passagem, sem obstáculos da ajuda humanitária, não têm sido eficazes, e a morosidade de todo este processo só agrava o problema, e, a cada dia que passa, mais crianças morrem à fome. Ninguém respeita a lei humanitária no Iémen, e, mais uma vez, assistimos à incapacidade dos Estados e da comunidade internacional em reverter esta situação. Ainda recentemente foi interrompido o abastecimento de produtos de primeira necessidade, empurrando milhares de pessoas para a fome e para a miséria. Isto agravou o risco de doenças, sobretudo da cólera. 
O Iémen fica situado numa zona geoestratégica muito importante, ao lado da Arábia Saudita (com quem divide a sua maior fronteira), e é uma porta para Ásia e África. Esperemos que este interesse geoestratégico, principalmente pela imponente força da Arábia Saudita sobre o Ocidente, não seja um impeditivo de denúncia de toda a miséria e fome no Iémen, onde metade da população já passa fome, e se nada for feito, poderá ter consequências imprevisíveis. 
Neste mundo, o que se passa no Iémen é mesmo de outro mundo. 

05.03.2001 - Ponte Hintze Ribeiro


Ponte Hintze Ribeiro - Entre-os-Rios - Castelo de Paiva

Em 2001, o país assistia a uma das maiores tragédias da sua história, onde morreram 59 pessoas, na queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios. É bom lembrar, infelizmente devido a uma tragédia que marcou todos os portugueses, que houve alguém, que soube de imediato avocar a si as responsabilidades políticas, que foi o Jorge Coelho, à data Ministro do Estado e do Equipamento Social, onde afirmou: "A culpa não pode morrer solteira nesse sentido têm que se tirar as consequências políticas. Não ficaria bem com a minha consciência se continuasse". Foi uma atitude digna, de alguém que soube perceber o cargo que ocupava, não por ter alguma responsabilidade pessoal nos acontecimentos, mas pela responsabilidade política, que essa já era impossível de apagar. 
Agora a tragédia bateu à porta de Évora, numa ponte que ligava Borba a Vila Viçosa, e morreram duas pessoas e três estão desaparecidos. Mas, até ao momento, ninguém tem responsabilidade no sucedido. 
Como dizia Winston Churchill: "A vida dá lições que só se dão uma vez". Mas, mesmo assim, há quem não queira aprender com o passado, nem sequer abrir os olhos perante o presente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Touradas, IVA a 56%.





  Acredito que, daqui a uns anos, ninguém se vá lembrar destes debates de aceitar ou não que um homem atire ferros contra um animal em sofrimento, sob um manto de pessoas aplaudir. Tenho vergonha de saber que existem pessoas neste país que defendem práticas do tempo da idade média, ou seja, as touradas. Há quem entenda que é uma questão cultural, mas trata-se de uma questão civilizacional, e, permitir este acto hediondo é regredir no tempo, e não aceitar a evolução, é ficar fechado em torno de um vazio intelectual, que, voluntariamente não quer aceitar que o mundo em que vivemos é um mundo diferente, e que não deve aceitar este espectáculo ridículo e ancestral, que faz lembrar os piores tempos da nossa história. Nestas discussões em torno da tauromaquia, consegue-se perceber que evoluímos e estamos a evoluir em muitos aspectos, mas, por outro lado, percebe-se que ainda há costumes da nossa sociedade que teimam em não desaparecer naturalmente, porque há forças maiores que o impedem, mas espero que existam pessoas de pulso firme que acabem de vez com este espectáculo degradante que são as touradas. 
   Se não for possível acabar, para já com este circo hediondo, pelo menos que seja taxado, não a 23% (que é o máximo), mas a 56% (crie-se uma taxa única). Discutir a possibilidade de baixar para 6% é uma aberração. Quando temos pessoas pessoas que não conseguem levar um animal doméstico a um veterinário por não terem dinheiro, onde o IVA é 23%, como não conseguem ter dinheiro para comprar ração, que também é a 23%. E aqui ao lado na vizinha Espanha, estes produtos alimentares pagam apenas 10%. E querem ter um IVA a 6% para ver um animal com farpas?

sábado, 10 de novembro de 2018

Nova Caledónia



Nova caledónia

Canacos


A questão era saber se os 175 mil eleitores deste fantástico e deslumbrante arquipélago e território francês desde 19853 (que se situa a 18 mil km de Paris), queriam emancipar-se da França e tornarem-se independentes, num momento em que o mundo assiste a uma "febre" de independentismo, que acordou povos adormecidos, mas que aqui já vinha do acordo de Noumea, assinado em 1998 (que estabelecia que a França permitisse aos habitantes da nova Caledónia decidirem se queriam ou não tornar-se independentes). A questão fez soar os alarmes em Paris, porque estamos a falar de umas ilhas onde se concentram quase um terço das reservas mundiais de níquel. A vitória foi de 56,4% contra 43,6%, e o líder independentista já afirmou que irá reivindicar um novo referendo nos próximos dois anos. A palavra decisiva no referendo como seria de esperar, afinal não coube aos canacos, uma etnia milanésia, que representa 40% da população.
Não deixa de ser interessante este referendo, porque, se de um lado a ideia seria emancipar-se da França, por outro lado, a acontecer, cairia sob a influência da China.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Ubiquidade ou Aleive?




Bem, não se tratasse de um orgão de soberania, que é a Assembleia da República, e talvez não fosse isto um tema, mas o disparate é tal, que não pode, e bem, ser olvidado. Quando estava a ler a entrevista no jornal expresso do deputado do PSD José Silvano, não queria acreditar no que estava a ler, mas, infelizmente, começa a ser normal que diversos deputados não sejam um exemplo para o país, e isto é preocupante. O deputado, formalmente, não faltou a nenhuma das 13 reuniões plenárias realizadas no mês de Outubro, mas, na verdade, foi descoberto que, pelo menos num dos dias, estava em Vila Real, ao mesmo tempo que a sua senha tinha sido validade na reunião de plenário. Alguém entrou no seu computador, introduziu a senha e registou a sua presença. O mesmo ao jornal expresso afirma: "Alguém pode ter validado. Eu não validei. Não sei justificar", fazendo passar a ideia que não sabia de nada, que fizeram tudo nas suas costas. São uns malandros aqueles que assinaram por si sem este saber de nada. Olha que não se faz. Ou seremos todos uns fiéis ingénuos? A falta estaria sempre justificada por estar em "trabalhos políticos", mas a diferença é que não receberia os € 69,19 euros de ajudas de custo a que teria direito por viver fora da área metropolitana de Lisboa.
Um péssimo exemplo, de alguém que, para além de fazer o papel de mau aluno, não assume o erro depois de ter sido chamado atenção e tenta ludibriar os demais quando os factos são incontestáveis.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Indiferença Europeia





O problema agrava-se, e não existe solução, nem sequer tão pouco vontade para reverter o rumo dos acontecimentos. Ontem, abriam telejornais. Hoje, aparecem como notícia no final dos telejornais, e, amanhã talvez desapareçam de vez dos telejornais. Este é o mundo actual em que vivemos, de completa indiferença aos demais, aqueles que fogem da desgraça, da guerra e da miséria. Todos os dias o cemitério de Santa Maria de Rotoli, em Palermo, Itália, recebe migrantes mortos, que tentaram a todo o custo a sobrevivência, mas que, infelizmente, morreram na luta pela sobrevivência. Maioria são indigentes, sem qualquer tipo de identificação, e assim ficam ali, isolados, como se não fossem vidas humanas. São pessoas esquecidas, que nem sequer são identificadas, e ali ficam como se tratassem de personas non gratas.
Os populismos e as políticas de anti-imigração promovem uma europa sem valores, semeando a indiferença ao tema, desviando gastos e reduzindo custos nos apoios já concedidos. Uma europa que se torna cada vez mais irrelevante e dividida e que não assume as suas responsabilidades, olvidando as suas raízes. Uma comunidade internacional que, de forma a obedecer ao princípio da não ingerência (nos assuntos internos de outro Estado), cumpre apenas serviços mínimos, com equipas low-cost reduzidas, que são uma gota no meio do oceano, ou seja, não conseguem evitar as milhares de mortes.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Elogio ao PAN






Evoluir é criminalizar os maus tratos a animais, e Portugal soube evoluir nesse aspecto. Talvez muita gente, inicialmente, pensasse que o PAN (partido dos animais e pela natureza) fosse apenas uma ideia surgida em torno de uma certo populismo, mas isso não aconteceu. O PAN soube trazer para a discussão pública um conjunto de temas e ideias de uma sociedade moderna, que já são regra nos modos de conduta de vários povos europeus. Em Portugal já conseguimos que os animais deixassem de ser coisas perante a lei, passando haver um estatuto jurídico dos animais. E recentemente conseguimos criminalizar os maus tratos a animais. Já houve e há debates em torno da tauromaquia e do circo com animais, por exemplo, e antes da existência do PAN na assembleia da república, não havia discussão pública, nem havia ninguém no parlamento nacional que levasse a debate essas questões.
Se surgirem partidos como o PAN, com determinada relevância para a sociedade, e que saibam posicionar-se no debate de ideias e no contributo para uma sociedade melhor, serão sempre bem vindos.
O PAN merece o elogio.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Jair Bolsonaro, uma ameaça real.


Jair Bolsonaro

   O Brasil enfrenta um dos momentos mais importantes da sua democracia após a ditadura militar de 1985. Uma das coisas que merece um pensamento isolado é o surgimento de fenómenos como Jair Bolsonaro, e perceber a razão de tal surgimento, mas, infelizmente, maioria da classe política, não apenas brasileira, prefere ignorar e resignar-se perante o crescimento vertiginoso de figuras ímpares, que o passado reprovou. Cada vez temos mais pessoas ascender a cargos políticos sem conhecimento do passado, sem conhecimento da história. Mas o povo jamais pode ignorar e esquecer a história. 
   Quem assistiu ao impeachment, lembra-se de Jair Bolsonaro. Foi quem, na votação do impeachment de Dilma Rousseff, dedicou o seu voto ao Coronel Brilhante Ustra, líder do DOI-Codi, a polícia política da ditadura, que torturou Dilma Rouseff durante o regime militar, quando esta era líder da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Dilma Rousseff foi presa em 1970, e, foi torturada de uma forma cobarde e cruel, tendo inclusivé perdido dentes após ser esbofeteada. Dilma chega mesmo a relatar o que lhe diziam, enquanto esteve presa: "Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um ‘presunto’ e ninguém vai saber”, era uma das ameaças ouvidas de um agente público no período em que esteve presa. “Tinha muito esquema de tortura psicológica, ameaças (…) Você fica aqui pensando ‘daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura".
   Jair Bolsonaro é alguém que defende que o tempo da ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985, foi uma época gloriosa no Brasil, foram anos de progresso. Para ele, o erro da ditadura foi torturar e não matar. Defende o ditador Augusto Pinochet, aplaudindo o tempo em que matou milhares de pessoas no Chile, reconhecendo que apoia a tortura. Defende que o ex. presidente Henrique Fernando Cardoso devia ter sido fuzilado. Defende que os negros não servem para nada. Trata as mulheres como os homens da idade média.
   A eleição de Jair Bolsonaro significa um retrocesso, um esquecimento do passado e de toda a sua história, bem como um expresso apoio ao regime ditatorial, que torturou e matou milhares de Brasileiros.



domingo, 30 de setembro de 2018

Elon Musk


Elon Musk


   Elon Musk é talvez o empresário que faltava ao mundo dos negócios e arrisca-se a tornar, sem dúvida, uma das figuras do século pelo que tem feito. É uma das pessoas que tenho sempre curiosidade em saber o que está a fazer, porque tem sido simplesmente fantástico. Desde da Zip2, à conhecida PayPal que vendeu por 1,5 mil milhões de dólares ao eBay, foi na Tesla que este impressionou tudo e todos. Se inovação que trouxe com os carros eléctricos já foi esplêndida (a todos os níveis, principalmente ao nível ambiental), o que dizer do carro no espaço ? O Falcon Heavy é algo de extraordinário. Estamos a falar de alguém que pretende concorrer com a Nasa. 
Uma das coisas que li de Elon Musk interessantes foi que se não formos a longo prazo para outro planeta poderemos entrar em extinção, daí uma das suas razões do interesse no espaço.
O que diferencia Elon Musk de todos os outros é pensar mais à frente, e desafiar o próprio ser humano e a sua condição. E, a sua ideia de concorrência é acabar com o produto anterior. Isso é visível nas suas empresas. Veja-se a "Solar City", onde a ideia é fazer energia solar mais barata que energia térmica. Outra é a "HyperLoop" que irá transportar pessoas e coisas por túneis em pressão de ar. Ou a "Openai"que é uma empresa que estuda inteligência artificial sem fins lucrativos. Espectacular é também a "The Boring Company" que promete resolver o problema do tráfego, criando vários túneis para não deixar as pessoas paradas em filas de trânsito.
A sua saída ainda será um dia explicada de outra forma: a real. O mundo pouco ou nada soube sobre isso. O que veio a lume é pouco para uma análise séria. E tentaremos perceber todos quem esteve por detrás do regulador americano, e influenciou tal decisão, e se realmente Elon Musk agiu com a má fé que o acusaram. O tweet "Estou a considerar tornar a Tesla privada por 420 dólares. Financiamento assegurado", apelidado de "fraudulento" pelo regulador, foi o que ditou a sua saída. 
Se normalmente as pessoas são sempre substituíveis nas empresas, neste caso podemos arriscar dizer que não será assim, porque Elon Musk é uma pessoa que será difícil de substituir, e, perde mais a Tesla com a sua saída do que Elon. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Importunação Sexual





Bem, quando pensamos que já vimos tudo, afinal ainda não. Não vimos nada. Quando do outro lado está alguém que relata uma história passada num hotel, e refere que é digno de um filme, é ouvir e no fim dizer: "Isto aconteceu de verdade?". Resumidamente, um homem estava num hotel com a mulher grávida e uma filha menor. Entretanto a filha engraçou com uma rapariga (já adulta) que estava também hospedada no hotel, começou a falar com ela e queria inclusive conhecer o quarto dela. Quando estão as duas a falar, chega o pai da menor, e, para além de não parar de olhar a rapariga, entra na conversa. A menor a determinada altura diz para a rapariga :"vamos para o quarto, vamos as duas saltar para as camas". Nesse momento, diz o pai: "o pai também pode ir saltar com vocês?", não tendo obtido resposta. A mulher não estava. No seguimento disso, o pai e a menor acabavam por ir embora, ficando prometido pela rapariga que depois a menor ia conhecer o quarto. À noite, o pai vai levar a mulher grávida a dar uma volta e depois chega ao hotel, apercebe-se que a rapariga estava no bar, leva a mulher e a filha ao quarto, e desce. Vai ter com a rapariga, sempre olhando fixamente para a mesma, e, a determinado momento diz o seguinte: "posso ir saltar contigo para o teu quarto?". Bem, obviamente que a rapariga respondeu que não (já tinha demonstrado que não havia esse interesse anteriormente), e seguiram-se um conjunto de comportamentos e propostas por parte dele que resultaram em importunação sexual. 
Quando, por vezes, desvalorizamos este tipo de crimes, estamos a desvalorizar as mulheres. Nos últimos três, o Ministério Público acusou 232 pessoas por importunação sexual, tendo sido instaurados 870 inquéritos. 
   

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Licenciaturas Pré-Bolonha





O Governo pretende que as licenciaturas pré-bolonha sejam equiparadas aos mestrados. Se assim for, teremos a 4.º classe antiga a equiparar-se ao actual 12.º ano? A linha de raciocínio é a mesma.
A ideia, nas palavras do Ministro da Educação, é o reconhecimento para concursos, essencialmente internacionais, e sobretudo, a pensar na área da engenharia, mas que acaba por aplicar-se a todos os cursos. Não vai ser conferido o grau de mestre, mas terá a mesma validade.
Bem, mais uma vez, temos alguém na pasta da educação que pretende inverter o rumo normal das coisas, e há boa maneira portuguesa, facilitar as coisas, e mais grave, equiparar aquilo que não pode ser equiparado. Já com as novas oportunidades, cometemos um grande erro, e demos a imagem de um país pouco rigoroso em matéria de educação, e, que desrespeita aqueles que estudam e seguem o ensino normal.
Eu sou pós-bolonha, tirei o mestrado, e, conheço muitos pré-bolonha, que também tiraram o mestrado para poderem aceder aos concursos que o Ministro fala, e, não faz sentido equiparar uma licenciatura a um mestrado. Não é por acaso que é elevadíssimo o número de mestrandos que não fazem a tese e ficam apenas com pós graduação. Um estudo recente numa universidade comprovava que o número chegava a metade dos alunos. Isto deve ser alvo de reflexão. Um mestrado tem uma componente de investigação científica, que obriga a que o aluno tenha a capacidade de construir um pensamento autónomo sobre um determinado tema. Esta investigação científica é o corolário do desenvolvimento "experimentado" anteriormente na licenciatura, jamais explorado como no mestrado. Nem a ideia da licenciatura é essa, daí a existência do mestrado, e a ideia da evolução do ensino. Desvalorizar o mestrado é desvalorizar a educação, e, por muito que tentem andar às voltas com esta justificação, é essa a ideia que vai passar, e, é por isso que continuamos a regredir, em vez de evoluir nesta área.
Não é uma medida justa, e, é, mais uma vez, um mau exemplo. Como disse inicialmente, se fossemos a ver as coisas todas nesta base de pensamento, teríamos que legislar sobre quase tudo. É um desrespeito para as pessoas que têm mestrado e para aqueles licenciados pré-bolonha que fizeram mestrado, querer equiparar uma licenciatura pré-bolonha a um mestrado. É enganar as pessoas, e equiparar aquilo que não tem comparação.
Conheço algumas pessoas de idade que têm a 4.º classe antiga, e, por uma questão de igualdade (se a medida virar lei) acho que têm toda a legitimidade para reivindicar a equiparação ao 12.º ano actual.


segunda-feira, 27 de agosto de 2018

John McCain, um exemplo.


1967 - Guerra do Vietname (Piloto John McCain à direita em baixo na foto)


Só poderá ser possível recordar John McCain, recordando a história e a guerra do Vietname em 1967, onde este foi prisioneiro de guerra e brutalmente torturado. Após ter sido capturado em Hanói, ainda teve a possibilidade de ser libertado mais cedo que todos os outros devido ao facto do seu pai ter sido nomeado comandante das forças dos E.U.A., e os Vietnamitas cediam, mas John McCain recusou a libertação a menos que todos os seus homens também fossem liberados, não iria deixar ninguém para trás. Depois disto, ainda foi mais torturado, todos os dias era espancado, tendo ficado com o ombro esmagado (ferida sempre visível ao longo sua vida) e com mazelas para toda a vida. É emocionante e ao mesmo tempo angustiante no momento em que regressa, em 1973, a sua preocupante condição física, e não conseguir sequer levantar braços para acenar às pessoas (momento que o mesmo chega a relatar em vida).
Depois de servir o país, foi político, e aqui, tanto defendeu  a invasão do Iraque em 2003, ao mesmo tempo que condenou todas as formas de tortura efectuadas aos prisioneiros de guerra. Foi controverso, mas acima de tudo o que fica é seu legado enquanto combatente de guerra. Esse jamais poderá ser esquecido, porque esse ficará na história do país.
Se há momentos em que se vê a grandeza das pessoas é quando alguém, independentemente da cor partidária, consegue olhar para este homem e dizer que foi um dos heróis da nação, um dos heróis dos E.U.A., ele e todos aqueles que lutam fora das suas fronteiras em defesa de um país.


sábado, 25 de agosto de 2018

Afinal há dois Pedrógãos





Afinal há dois Pedrógãos Grande: o Pedrógão dos pobres e o Pedrógão dos amigos do autarca (engloba todos aqueles que tenham cargos de elevada responsabilidade no Município). A recente reportagem da TVI sobre Pedrógão Grande colocou a "nu" os esquemas e as negociatas para favorecer os amigos, em detrimento daqueles que mais necessitam. Estamos a falar de uma vila onde morreram 66 pessoas queimadas pelo incêndio de 2017, e há quem tenha a distinta lata de, mesmo perante tal tragédia, beneficiar pessoas alheias a tal tragédia, em detrimento de outras que perderam tudo e em alguns casos seus familiares? 
Estamos a falar de crime. O que o Município de Pedrógão Grande fez, a ser provado (que a reportagem e seu excelente trabalho conseguiu fazer em parte, pelo menos conseguiu que os intervenientes nos esquemas falassem e foi suficiente para perceber que não cheira nada bem isto), nomeadamente os titulares de determinadas órgãos, onde um dos principais responsáveis é o Presidente da Câmara, foi de uma gravidade tal, que, para além de ter ser punido criminalmente (a ser dado como provado tais factos), deve ser imediatamente afastado do Município. Este e todos os restantes envolvidos neste crime. Ouvimos cidadãos afirmar que um Vereador o orientou para mudar a residência fiscal para beneficiar de uma nova casa, e que, ainda ficou com muito dinheiro, porque não gastou a maioria do que recebeu para a construção? Vimos também que, um sítio onde antes era um palheiro, ergueu uma brutal casa? 
Alguém beneficiou com isto. Está à vista. Os estabelecimentos prisionais foram construídos com a finalidade, não apenas de colocar lá os pobres, mas sim todos aqueles que praticam crimes, e aqui parece evidente que houve crime, é preciso agora encontrar seus responsáveis e recolher as provas. Esta evidência está nos testemunhos tão genuínos daquelas gentes ao afirmarem que tudo o que fizeram foi com ordens superiores, bem como as casas já erguidas que não eram de primeira habitação, como puderem comprovar variadas pessoas, ao invés, por exemplo, do testemunho do autarca, que apresenta pouca credibilidade, para não dizer mesmo zero.
Não é por acaso que, maioria das pessoas que entram para os Municípios, a exercer cargos de alta responsabilidade, em poucos anos, criam um património desajustado com aquilo que auferem, e ainda se dão ao luxo de, quando alguém os tenta investigar, contrariar factos, onde estes estiveram envolvidos, e maioria vezes, criados pelos mesmos.
Por isso, quando se pensa em atribuir cada vez mais competências aos Municípios em variadas áreas, e colocar os mesmos na gestão, é um erro, porque não existem modelos de gestão rigorosos, não existe responsabilização séria para os titulares destes órgãos e porque a "maioria" (há sempre excepções) das pessoas que, infelizmente ascendem a estes cargos não são competentes. Digo esta última parte da "competência" com base nos casos de corrupção tornados públicos dos variados Presidentes de Câmara do país, e nas dívidas acumuladas por parte maioria dos Municípios, alguns casos fora de controlo. 


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Kofi Annan


Kofi Annan


Foi dado pouco relevo à sua morte, injustamente, porque para além de ter sido secretário geral da ONU e prémio nobel da paz em 2001, foi, acima de tudo, alguém que procurou e lutou pela paz mundial, sobretudo na promoção da diplomacia internacional. Mas, pensando bem, as grandes coisas a ser feitas acontecem sem mediatismo, e, Kofi Annan soube fazer a diferença e utilizar o poder que tinha para melhor a vida daqueles que estavam à sua volta.
A independência de Timor ficou a dever-se muito ao seu trabalho, esforço e dedicação, e em Angola, após a guerra civil, foi importante o papel da ONU, o seu papel no desenvolvimento económico e social. Talvez não seja exagerado afirmar que colocou o continente Africano no panorama internacional.
Lutou sempre em prol de uma mundo melhor, com mais justiça e dignidade para todos, e, o seu contributo no combate à pobreza é um marco assinalável. 
Kofi Annan será recordado como um grande estadista, um homem de consensos. Foi alguém que deu um grande contributo para deixar um mundo melhor. O mundo sente a falta de pessoas que lutaram até ao fim pelo bem comum. Sentiremos todos a sua falta. 

Para quem ainda não conhece, recomendo conhecer a fundação Kofi Annan e todo o seu trabalho em prol da defesa dos direitos humanos : https://www.kofiannanfoundation.org/


sábado, 18 de agosto de 2018

Benito "Bruno de Carvalho" Mussolini


Benito Mussolini


Haja paciência, não apenas a todos os sportinguistas, mas a todos os portugueses. 
É  interessante olhara para certas figuras da história, e por exemplo, no caso de Benito Mussolini, perceber todo o seu percurso desde da expulsão do partido socialista, à sua ascensão, que culminou na fundação do partido fascista, e em 1922 no seu assalto ao poder, na famosa "marcha sobre Roma", constituída por milícias armadas. Mussolini nunca desistiu do poder, tinha essa ambição desmesurada e infindável, e, aproveitando a crise e agitação política das esquerdas, em 1924, através de eleições fraudulentas, chega ao poder, vencendo o totalitarismo.
Para muitas pessoas, isto é um caso isolado, mas estes casos podem aparecer, e aqueles que votaram em Bruno de Carvalho (muitos deles), hoje talvez estejam estupefactos com esta bipolaridade, de alguém que soube sempre disfarçar e manipular os seus votantes, em detrimento de uma fome de poder incalculável. Olhando para aqui, pode ser feita uma equiparação com alguns ditadores, e a forma como estes ascenderam ao poder. Quem não se recorda das eleições democráticas vencidas por Hitler (discursos entusiasmantes), e do mar de sangue e do terror imposto nos anos seguintes pelo mesmo?
Devemos evitar a propagação deste tipo de pragas, porque figuras como Bruno de Carvalho são um perigo para um sistema democrático, e, devem ser irradiadas o mais cedo possível. Como dizia, e bem, Miguel Sousa Tavares, "devem ser mortas à nascença".

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Não havia necessidade!


Marine Le Pen


  Marine Le Pen era uma das convidadas da Web Summit, mas depois de alguns protestos, sobretudo do Bloco de Esquerda, que lida mal com tudo o que não seja da sua ideologia (uma ideologia cada vez mais fragmentada), a mesma foi excluída do cartaz. A Web Summit é um evento detido por particulares, e não pelo Estado, sendo estranho desde logo como tudo isto que se passou. Marine Le Pen, com a qual não nutro simpatia, tem expressão política em França, e isso não foi respeitado. Para além disso, estamos a falar de um evento privado, que, e o facto de Marine Le Pen participar prejudicaria o país em que aspecto? E isso nem sequer devia ser discutível, porque, antes de tudo,  deve existir liberdade de expressão, porque, já tivemos situações destas no passado, que custou a vida a milhares de pessoas, e, devemos censurar este tipo de comportamentos que, não sabendo de onde vieram, certamente de alguém com poder, e aqui não deve ser muito difícil chegar lá.
   Caso para dizer: não havia necessidade.
   

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Incêndios e os baldes de 14 cm





Os incêndios, infelizmente, já são um "costume" dos verões em Portugal. O que está acontecer em Monchique revela que algo continua a falhar na prevenção dos incêndios. Talvez ninguém tenha feito nada anteriormente pela prevenção, e houveram medidas positivas tomadas por este Governo, mas demonstram que continuam a ser ineficazes perante a dimensão da necessidade de prevenção. Como é possível continuarmos a vermos pessoas com responsabilidade na coordenação atirarem-se umas às outras, ao mesmo tempo que temos casas a serem engolidas pelo fogo sem meios de combate ? Como é possível continuarmos a ver pessoas combater fogos de magnitude considerável com baldes de água de 14 cm? Como é possível continuarmos a ver pessoas a sair das suas casas pelas janelas em detrimento da proximidade do fogo?
São questões que têm de ser colocadas e necessitam de respostas, porque o combate continua a ser ineficaz, e, não podemos ligar a televisão e ouvir responsáveis acusar outros seus companheiros de que avisaram e estes não deram ordem, pelo que não puderam fazer nada, ou seja, pagarem os bens das pessoas, e em certos casos, as suas vidas, por erros burocráticos.
Os baldes de 14 cm revelam como ainda estamos longes de uma prevenção adequada e razoável, e, quando as pessoas ainda têm recorrer a um meio destes para combater fogos é porque algo ainda vai mesmo mal.


Livro de Elogios








   Não existe apenas o livro de reclamações. Já há muitos locais que têm o livro de elogios. Mas, é com alguma pena que constato que, locais que já tiveram o livro de elogios, optaram por retirá-lo após a primeira adversidade, ou seja, quando alguém utilizou o livro de elogios para reclamar e não elogiar. Foi o caso de uma cadeia hoteleira. Isto revela, mais uma vez que, quando não existe uma imposição legal, não chega o apelo moral. Se, por um lado o livro de reclamações é obrigatório (sob pena de incorrer em contraordenação punida pelos artigos 3.º, n.º 1, b) e 9.º, n.º 1, a) do DL 156/2005, e poder chamar a polícia para tomar conta da ocorrência), possibilitando ao cidadão normal o exercício do direito de queixa de reclamar no local onde ocorreu o conflito, ao invés, no caso do livro de elogios, não existe nenhuma obrigatoriedade, o que reduz a sua força e a sua própria eficácia, e, prova que sem lei, prevalece a vontade de cada um, e aqui cada um age arbitrariamente, o que vicia a sua finalidade e impede o seu êxito.


terça-feira, 17 de julho de 2018

Afeganistão sem solução à vista








  O Afeganistão é cada vez mais um problema, e, depois do acordo negociado pelos E.U.A. para a formação do governo há 3 anos, tudo piora a cada dia que passa, e cresce a tensão e se a comunidade internacional não encontrar de forma célere uma solução para o país, poderemos voltar a um cenário sangrento, que internamente, vai acontecendo. 
  Os talibãs transformaram o país numa teocracia islâmica, e, mesmo que não fosse a invasão americana, talvez um outro motivo explicaria o surgimento destes grupos radicais em força, não podendo a invasão soviética na década de 80 ser ignorada, num país que apenas viveu a democracia em período experimental, e, que desde 1973 não sabe o que isso é, na verdade, talvez jamais tenha sabido.
   O apoio financeiro do Paquistão continua a ser um grave entrave, e se não fosse este apoio, talvez nunca os talibãs conseguissem fazer o que fizeram em 1996, embora ninguém os reconhecesse internacionalmente. 
   A deportação de milhares de Afegãos tem sido chocante, e, aqueles que um dia prometeram o seu apoio, são os mesmos que hoje estão a colocar as suas vidas em perigo, ao enviá-los para um país que está em guerra há 3 décadas, e, que não tem solução à vista. Veja-se o caso de Taibeh Abbasi, que fugiu do país, e acabou o ensino secundário na Noruega, com o sonho de ser médica, e agora vai ser deportada para o Afeganistão.
   Os E.U.A. têm aqui um papel decisivo, e estando em lados opostos, por exemplo, da Rússia e do Irão, terá definitivamente de tomar uma decisão quanto ao Afeganistão, e já ficou visível que o problema não se cinge apenas à retirada ou reforço de tropas no terreno. 
   E há questões que, observando o mar sangrento que internamente se vive no país jamais poderiam ser equacionadas, como, por exemplo, o abandono do país, mas certamente, que nesta guerra, só haverá vencidos.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Adiar o inevitável fim das Touradas






   Foi chumbado, infelizmente, o projecto do PAN para abolir as touradas, tendo ficado pela discussão na generalidade, de uma atroz pobreza franciscana. Os argumentos utilizados pelos demais partidos, sinceramente, foram o típico cliché político, numa alusão ao sempre fácil argumento histórico e cultural, que está por um fio. 
   Mas, optar por este argumento é, ao mesmo tempo, ignorar e "olhar para ao lado" ao caminho que estamos a fazer na evolução da sociedade em torno da defesa dos animais, onde, veja-se, por exemplo, a criminalização dos maus tratos, uma coisa impensável há 10 anos atrás, onde era normal vermos um cão a levar "tarei" do seu dono, e ficarmos engolidos pelo silêncio. Sim foi esta Assembleia da República que criminalizou os maus tratos a animais, a mesma que agora vem afirmar que as "touradas" são uma forma de vida do meio rural, e que todos temos de respeitar. Outro argumento completamente desactualizado é este de ser uma forma de vida, uma vez que cada vez mais são os locais a serem proibidos e a evolução certamente será nesse sentido. Veja-se o exemplo da Póvoa de Varzim, que foi, recentemente, e deve ser aplaudido de pé, mais um dos municípios abolir a tauromaquia. 
   Este triste espectáculo, que gasta milhares de euros ao Estado, é um dos males que ainda perdura do tempo da idade média, mas que, inevitavelmente tem os seus dias contados, e será uma questão de tempo o seu desaparecimento. 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Transferência de Alfa Semedo










   Num momento em que as transferências são escrutinadas ao pormenor, e, qualquer uma levanta suspeita, seria importante não o fazerem, como o têm feito, quando em causa estão pessoas sérias que fazem apenas o seu trabalho. As suspeitas infundadas em torno da transferência são já um "costume" instalado no futebol português, e, devendo as mesmas serem investigadas, não devem ser antecipadamente censuradas. Alfa Semedo foi um jogador trazido para a Europa através do seu agente Adilé Sebastião, de quem sou amigo. Foi meu camarada de curso nas históricas e badaladas sessões de direito, que recordo com saudade, de quem lutou e subiu a pulso na vida, e como é bom ver o seu sucesso. Tem feito um trabalho meritório à frente da Academia Fidjus di Bideras (em português significa : "filhos das vendedeiras"), na Guiné Bissau, de onde veio o Alfa Semedo. Esta academia foi criada em Bissau em homenagem suas mães, mulheres simples, trabalhadoras, que todos os dias no mercado vendiam comida para conseguir dinheiro para alimentar toda a família.
   É uma academia que forma jovens guineenses e que, não tenho dúvida, continuará a crescer e a trazer mais jovens para a Europa. Não é por mero acaso que a Academia foi elogiada, de forma categórica, por José Ramos-Horta, que o qualificou mesmo de herói, por todo o trabalho que tem feito em prol da Guiné, essencialmente na promoção do futebol jovem.
 

terça-feira, 3 de julho de 2018

O que não vale ter uma FENPROF








   Governo abriu uma "caixa de pandora" na negociação com os professores e voltou a ceder. Não que esteja mal voltar à mesa das negociações, pelo contrário, mas sim porque, por muito que custe, será difícil cumprir o que não negou, e se houver esse atrevimento, poderá ser interpretado pelo país como uma classe que teve um tratamento diferenciado, embora devesse ser visto principalmente da seguinte  forma, parece-me: como uma classe que luta até aos últimos segundos pelos seus direitos e isso também tem o seu mérito. Mas analisando as reivindicações de uma forma superficial. 
   A questão da aposentação ser mais cedo de forma a rejuvenescer a profissão e conferir estabilidade aos precários. Concordo, mas não apenas nos professores. Concordo na maioria das profissões. Ainda há pouco tempo, estava a falar com uma engenheira de uma autarquia do interior, e dizia-me que tinha lá pessoas que não faziam nada, já nem trabalho lhes dava, mas que tinham que ali estar tipo "múmias" à espera da idade para a reforma. Mas isto é cultural. Nós em Portugal a nível de mercado de trabalho somos um mau exemplo, porque temos um modelo em que dá-se primazia ao horário de trabalho em detrimento da produtividade, e isto da idade da reforma tem alguma semelhança, porque interessa ter as pessoas a "picar"o ponto, mesmo que não apresentem resultados. Se têm 60 anos e já não funcionam bem da cabeça, isso interessa? Talvez devesse interessar, porque um mercado que não muda as pessoas e não se adapta dificilmente sobe os seus indices de produtividade. Não é por acaso que estamos na cauda da Europa em produtividade.
   Outra das reivindicações é a contagem do tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira, exigindo o tempo em que tiveram a carreira congelada. Mas aqui, e pode ser discutido, se assim for, o Governo jamais poderá ceder apenas aos professores. É uma questão de justiça. Houve congelamento das carreiras em variados sectores e profissões, e, haver já uma proposta do Governo em contabilizar algum tempo acho uma vitória dos professores. Embora esta parece-me ser difícil ir mais longe do que o Governo já foi.
    Concordo plenamente com a reivindicação, entre outras, dos concursos justos e transparentes, e aqui, parece-me interessante perceber quais serão as propostas que o sindicato irá apresentar, uma vez que são questões difíceis de ultrapassar, e, dificilmente o Governo quererá mudar o modelo adoptado, que diga-se, se por um lado apela a uma mobilidade laboral, por outro, esquece e ignora por completo a vida familiar do professor. 
   É importante que os sindicatos, especialmente a FENPROF, tenham algum cuidado no "esticar" da corda, uma vez que pode rebentar. Mas, no fim de contas, o que não vale ter, por exemplo, uma FENPROF.




sexta-feira, 29 de junho de 2018

Marcelo Rebelo de Sousa: ser diferente.





   Marcelo Rebelo de Sousa continua a fazer a diferença no cargo que ocupa, e, em mais uma viagem, desta vez aos E.U.A., encheu um país de orgulho. Porquê? Porque transporta para a política aquilo que ele é, de forma transparente e sem rodeios. É uma "lufada de ar fresco" ver um político assim em Portugal. 

sábado, 23 de junho de 2018

E.U.A. e o retrocesso civilizacional






   Começa a ser tarefa árdua descrever as atrocidades levadas a cabo pelo presidente dos E.U.A., Donald Trump. A ordem assinada pelo próprio que impede que famílias de imigrantes ilegais sejam separadas na fronteira é um retrocesso civilizacional. O autoritarismo, alimentado pela moda do nacionalismo, é uma ameaça para todos os povos, e, a crescente onda de radicalismo e xenofobia é preocupante e afecta a coesão de todas as sociedades no mundo, dividindo classes, pessoas e semeando a estagnação, em prol do progresso. Donald Trump, que não sabe ser cauteloso na tomada de decisões, teve o discernimento de voltar atrás na sua tolice, mas também só o fez porque o povo reagiu de forma veemente e pressionando na mudança de posição. Foi mais um aviso deixado por um país que cada vez mais está a retroceder, e, os sinais lembram-nos outros tempos, talvez situados em 1930, em que o mundo assistiu às maiores atrocidades da história da humanidade. Só Donald Trump tem a capacidade de lembrar os piores tempos da história, e, talvez, a continuar assim, ficará nos registos, mas sem direito a que seja respeitada a sua memória.

domingo, 10 de junho de 2018

Povos indígenas no mundo







   Francisco Assis, Eurodeputado português no Parlamento Europeu, está atualmente a trabalhar na defesa dos povos indígenas no mundo. Um trabalho interessante e de contacto com várias ONGs, que se dedicam à proteção deste tipo de povo indígena. Estamos a falar de povos que, em diversos casos, são maltratados pelos Estados onde vivem. Segundo dados oficiais, estima-se que sejam cerca de 370 milhões os povos indígenas em todo o mundo.
   Francisco Assis dedica particular atenção ao impacto negativo nos direitos dos povos indígenas decorrente de projetos de desenvolvimento e acordos de comércio e cooperação da União Europeia (UE), bem como de operações extraterritoriais de investidores e empresas direta ou indiretamente baseadas nos Estados-membros da UE, com diversas propostas no sentido da prevenção, responsabilização e indemnização. É com satisfação que vejo o seu relatório sobre "violações dos direitos dos povos indígenas no mundo - incluindo a apropriação de terras" ser aprovado por larga maioria. Foi votado na Comissão dos Assuntos Externos do PE, indo a sessão plenária agora em Junho.
   Num momento em que, em detrimento da globalização e da crescente procura por recursos naturais, como por exemplo, no caso do sector energético, em que estes povos têm sido pressionados, urge encontrar soluções equilibradas e, que, por um lado defendam estes povos, e, por outro, preservem o ambiente.
   Talvez fosse útil que houvesse mais informação sobre o o trabalho realizado pelos nossos Eurodeputados, e que o Parlamento Europeu fizesse um esforço para que houvesse uma maior informação sobre o trabalho que é feito, numa tentativa de aproximação aos cidadãos.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Geringonça Espanhola






   Era apenas uma questão de tempo. Quando Pedro Sanchez afastou-se do partido, todos os espanhóis sabiam que voltaria para tentar chegar ao Palácio de Moncloa. Depois de ter chegado a Primeiro-Ministro de Espanha através de uma moção de censura aprovada com votos do Podemos e pequenos partidos regionais, nem teve tempo de festejar. O PSOE de Pedro Sanchez apenas tem 84 deputados, e sabia que precisava de 176 votos para aprovar a moção de censura, tendo de recolher votos em diversos partidos, sendo que o maior apoio que teve foi do Podemos, com 67 deputados. Mas esta geringonça conseguiu apoios envoltos num circunstancialismo repleto de pouca genuinidade, e que, foi visível nas críticas que surgiram posteriormente, com o líder do Podemos a criticar o governo formado pelos socialistas do PSOE. 
   Será difícil a tarefa de Pedro Sanchez, que regride e volta a ter apenas o apoio do PSOE, quando tinha nas mãos a maioria. Por outro lado, uma coisa é haver acordo para uma moção de censura, outra é acordo para formar governo com o apoio da extrema esquerda (Podemos). Portugal tem uma geringonça que funciona, mas António Costa não teve o apoio de um partido com o poder e ideologia do Podemos. O bloco de esquerda está longe de ser extrema esquerda e o PCP não é assim tão difícil de agradar, mas há que dar mérito aos arquitectos da solução e da sua manutenção. 
   É curioso olhar para Espanha, porque os problemas são, em parte, idênticos aos de Portugal. Até na solução encontrada somos parecidos, mas, com os apoios perdidos, o desafio pode já estar sentenciado.

Enaltecer Fernando Gomes



Fernando Gomes, Presidente da F.P.F



   Ontem, ao ouvir o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol apeteceu-me dizer:"Que grande Presidente". Não só pelo enorme trabalho que tem desenvolvido à frente da Federação Portuguesa de Futebol, mas pela forma como soube preparar a Federação e adpatá-la ao país, de mãos dadas com a solidariedade, e percebendo que se usasse o poder para ajudar os outros obteria sucesso e abriria um caminho inteligente, sendo um exemplo, e cultivando uma sociedade de valores.
   As 23 bolsas de estudo anunciadas a alunos de famílias carenciadas com as receitas do Mundial são um bom exemplo de como fazer diferença na vida das pessoas, praticamente sem custos. E, esta forma de "servir" que Fernando Gomes tem adoptado na Federação ilustra que trabalhar e dirigir um organismo desta dimensão e com tal responsabilidade, implica também interiorizar que existe uma obrigação moral de ajudar quem mais precisa. 
   Anteriormente, a Federação já tinha ajudado na reconstrução e construção de casas em Pedrógão Grande, com as receitas de jogos particulares, das chamadas e dos donativos. Num gesto que mudou a vida de várias pessoas.
   O futebol pode ter um papel mais interventivo na sociedade na área social, e, se houver um caminho e um plano de ação social, como Fernando Gomes implementou na Federação, talvez o sucesso se torna mais viável, e, com pouco se possa fazer muito em prol de uma sociedade melhor.
   Uma nação jamais pode prosperar se não der oportunidade a todos. Não para alcançar a caridade ou fazer transparecer esse sentimento, mas sim porque é melhor forma de alcançar o bem comum.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

"Brunos de Carvalho devem ser mortos à nascença"

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   Nada melhor que citar Miguel Sousa Tavares : "Brunos de Carvalho devem ser mortos à nascença. Bruno de Carvalho é, à vista desarmada, um narciso doentio, vaidoso e egocêntrico, sedento de um protagonismo insaciável, um Kim Jong-un da Reboleira. Porém, mais do que os 90% de povo sportinguista que o seguiram — e que metem medo porque demonstram como a ocasião pode fazer triunfar o demagogo — o que impressiona é perceber como tantos que, pelo menos, não poderiam deixar de ver o ridículo do personagem, o seu evidente descontrolo psicológico, o perigo do seu distúrbio de personalidade, o aventureirismo da sua óbvia incompetência, não viram nada disto e até ao fim o seguiram como cordeirinhos para o matadouro”.


domingo, 20 de maio de 2018

Monárquicos Harry e Meghan Markle




   A monarquia inglesa continua a ser um exemplo. A actual monarca, a rainha Isabel II permanece no poder desde 1952, momento em que ascendeu ao trono após a morte do rei Jorge VI, seu pai. Já é uma figura incontornável, não apenas entre os 53 países da Commonwealth, mas sim entre aqueles também que não sendo monárquicos, reconhecem o sucesso na sua boa governação, na manutenção dos valores ao longos anos e na promoção da democracia de uma forma inteligente e distinta.
   O casamento de Harry e Meghan foi mais um exemplo dado pela monarca Isabel II, ao tornar-se diferente de todos os casamentos reais ingleses típicos, e essa abertura ao modernismo e adaptação aos tempos modernos revela a forma como pode haver mudança sem perda de valores, costumes e princípios basilares de uma governação. Nos costumes, de realçar o tributo feito pela Meghan à princesa Diana, usando um anel que lhe pertencia, e relembrando o legado de alguém que foi absolutamente extraordinária, e marcou um tempo. Existe a esperança que Meghan possa tentar representar esse legado, que ainda ninguém conseguiu sequer abrir. E, se existe alguém, algum  elemento familiar que possamos dizer que é aquele que mais se identifica com Diana, esse é Harry.


quarta-feira, 11 de abril de 2018

Síria: só Donald Trump?







   Impressionante, chocante, assustador, tenebroso, trágico, apavorante e arrepiante são algumas das palavras para descrever as imagens e os relatos que chegam de Ghouta Oriental, na Síria. A ONU já pediu uma investigação imparcial ao recente ataque químico, que fez 500 mortos, entre eles crianças, onde as imagens entram pelas televisões dos espectadores pelo mundo fora. Mas enquanto a ONU pede uma investigação, mais uma centena ou milhares de pessoas já morreram entretanto, porque, depois da investigação, serão tomadas medidas, que irão a votos e dificilmente passarão no Conselho de Segurança, onde crónicos membros permanentes vetarão, como é seu apanágio. Custa ter de admitir que Donald Trump - ao seu estilo pouco assertivo - bem como o presidente Macron, têm sido os únicos a endurecer o braço de ferro com o regime Sírio e a Rússia. Theresa May só recentemente se juntou publicamente. Será assim tão difícil conseguir saber se foram usadas armas químicas, quando a ONU tem homens no terreno? O que mais será preciso acontecer para haver uma reacção concertada da comunidade internacional contra estas atrocidades?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Lula da silva: instrumentalização ou epidemia?






   Lula da silva foi, talvez, das figuras mais importantes do Brasil, e marcou decididamente um tempo. Tirou milhões de pessoas da pobreza, mas o mais importante, foi dar oportunidade a pessoas que nada tinham, e essa oportunidade traduziu-se em coisas simples, como, por exemplo, ter um cartão de débito, e ter um mínimo de subsistência. Em 10 anos, o programa "bolsa família" tirou 36 milhões de pessoas da pobreza extrema. Mas por ter retirado milhões de brasileiros da pobreza não merece ser julgado e ir preso? 
   Não, não é por isso, nem alguma vez se podia pensar nisso. A subversão das coisas e a rapidez com que é feito impede, por vezes, uma análise independente e justa. Independentemente disso, toda a pessoa é igual perante a lei, mas o problema é que estamos a falar de um processo que foi politizado, num país onde a credibilidade dos políticos está próxima do patamar zero. Da mesma forma que o envolvimento do poder político se estendeu a Temer, que igualmente deveria ser julgado e preso, e bloquearam o seu julgamento, que, de qualquer forma, voltará um dia, e aí terá poucas hipóteses de se livrar. Mas, e porque tudo o que se está a passar no Brasil com julgamento de Lula um dia vai ser descoberto, esperemos que a justiça funcione para os restantes políticos com a mesma celeridade que aconteceu com Lula da Silva, não por uma questão de gosto ou partidarização, mas por uma questão mesmo de Justiça. Se para uns é razoável, à luz do nosso sistema, não é aceitável que alguém seja condenado sem ter havido o trânsito em julgado da decisão, sem poder esgotar todas as possibilidades de recurso. É perigoso afirmar que Lula da Silva está inocente, da mesma forma que é igualmente perigoso afirmar que é culpado, estando mais próximo deste último, visto ter sido já julgado por tribunais, mas ao mesmo tempo, aqueles que o julgaram, envolveram este processo - mais que o que ele já estava - num processo meramente político.
   A dúvida que fica é se, com esta mediatização do caso Lula, e com a politização oferecida ao caso, houve instrumentalização do caso para atingir certos fins ou trata-se mesmo de um efeito epidémico sem retorno na justiça brasileira.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Retrato dos Tempos : Síria

Goutha Oriental

Goutha Oriental

Goutha Oriental

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