Pesquisar neste blogue

terça-feira, 17 de julho de 2018

Afeganistão sem solução à vista








  O Afeganistão é cada vez mais um problema, e, depois do acordo negociado pelos E.U.A. para a formação do governo há 3 anos, tudo piora a cada dia que passa, e cresce a tensão e se a comunidade internacional não encontrar de forma célere uma solução para o país, poderemos voltar a um cenário sangrento, que internamente, vai acontecendo. 
  Os talibãs transformaram o país numa teocracia islâmica, e, mesmo que não fosse a invasão americana, talvez um outro motivo explicaria o surgimento destes grupos radicais em força, não podendo a invasão soviética na década de 80 ser ignorada, num país que apenas viveu a democracia em período experimental, e, que desde 1973 não sabe o que isso é, na verdade, talvez jamais tenha sabido.
   O apoio financeiro do Paquistão continua a ser um grave entrave, e se não fosse este apoio, talvez nunca os talibãs conseguissem fazer o que fizeram em 1996, embora ninguém os reconhecesse internacionalmente. 
   A deportação de milhares de Afegãos tem sido chocante, e, aqueles que um dia prometeram o seu apoio, são os mesmos que hoje estão a colocar as suas vidas em perigo, ao enviá-los para um país que está em guerra há 3 décadas, e, que não tem solução à vista. Veja-se o caso de Taibeh Abbasi, que fugiu do país, e acabou o ensino secundário na Noruega, com o sonho de ser médica, e agora vai ser deportada para o Afeganistão.
   Os E.U.A. têm aqui um papel decisivo, e estando em lados opostos, por exemplo, da Rússia e do Irão, terá definitivamente de tomar uma decisão quanto ao Afeganistão, e já ficou visível que o problema não se cinge apenas à retirada ou reforço de tropas no terreno. 
   E há questões que, observando o mar sangrento que internamente se vive no país jamais poderiam ser equacionadas, como, por exemplo, o abandono do país, mas certamente, que nesta guerra, só haverá vencidos.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Adiar o inevitável fim das Touradas






   Foi chumbado, infelizmente, o projecto do PAN para abolir as touradas, tendo ficado pela discussão na generalidade, de uma atroz pobreza franciscana. Os argumentos utilizados pelos demais partidos, sinceramente, foram o típico cliché político, numa alusão ao sempre fácil argumento histórico e cultural, que está por um fio. 
   Mas, optar por este argumento é, ao mesmo tempo, ignorar e "olhar para ao lado" ao caminho que estamos a fazer na evolução da sociedade em torno da defesa dos animais, onde, veja-se, por exemplo, a criminalização dos maus tratos, uma coisa impensável há 10 anos atrás, onde era normal vermos um cão a levar "tarei" do seu dono, e ficarmos engolidos pelo silêncio. Sim foi esta Assembleia da República que criminalizou os maus tratos a animais, a mesma que agora vem afirmar que as "touradas" são uma forma de vida do meio rural, e que todos temos de respeitar. Outro argumento completamente desactualizado é este de ser uma forma de vida, uma vez que cada vez mais são os locais a serem proibidos e a evolução certamente será nesse sentido. Veja-se o exemplo da Póvoa de Varzim, que foi, recentemente, e deve ser aplaudido de pé, mais um dos municípios abolir a tauromaquia. 
   Este triste espectáculo, que gasta milhares de euros ao Estado, é um dos males que ainda perdura do tempo da idade média, mas que, inevitavelmente tem os seus dias contados, e será uma questão de tempo o seu desaparecimento. 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Transferência de Alfa Semedo










   Num momento em que as transferências são escrutinadas ao pormenor, e, qualquer uma levanta suspeita, seria importante não o fazerem, como o têm feito, quando em causa estão pessoas sérias que fazem apenas o seu trabalho. As suspeitas infundadas em torno da transferência são já um "costume" instalado no futebol português, e, devendo as mesmas serem investigadas, não devem ser antecipadamente censuradas. Alfa Semedo foi um jogador trazido para a Europa através do seu agente Adilé Sebastião, de quem sou amigo. Foi meu camarada de curso nas históricas e badaladas sessões de direito, que recordo com saudade, de quem lutou e subiu a pulso na vida, e como é bom ver o seu sucesso. Tem feito um trabalho meritório à frente da Academia Fidjus di Bideras (em português significa : "filhos das vendedeiras"), na Guiné Bissau, de onde veio o Alfa Semedo. Esta academia foi criada em Bissau em homenagem suas mães, mulheres simples, trabalhadoras, que todos os dias no mercado vendiam comida para conseguir dinheiro para alimentar toda a família.
   É uma academia que forma jovens guineenses e que, não tenho dúvida, continuará a crescer e a trazer mais jovens para a Europa. Não é por mero acaso que a Academia foi elogiada, de forma categórica, por José Ramos-Horta, que o qualificou mesmo de herói, por todo o trabalho que tem feito em prol da Guiné, essencialmente na promoção do futebol jovem.
 

terça-feira, 3 de julho de 2018

O que não vale ter uma FENPROF








   Governo abriu uma "caixa de pandora" na negociação com os professores e voltou a ceder. Não que esteja mal voltar à mesa das negociações, pelo contrário, mas sim porque, por muito que custe, será difícil cumprir o que não negou, e se houver esse atrevimento, poderá ser interpretado pelo país como uma classe que teve um tratamento diferenciado, embora devesse ser visto principalmente da seguinte  forma, parece-me: como uma classe que luta até aos últimos segundos pelos seus direitos e isso também tem o seu mérito. Mas analisando as reivindicações de uma forma superficial. 
   A questão da aposentação ser mais cedo de forma a rejuvenescer a profissão e conferir estabilidade aos precários. Concordo, mas não apenas nos professores. Concordo na maioria das profissões. Ainda há pouco tempo, estava a falar com uma engenheira de uma autarquia do interior, e dizia-me que tinha lá pessoas que não faziam nada, já nem trabalho lhes dava, mas que tinham que ali estar tipo "múmias" à espera da idade para a reforma. Mas isto é cultural. Nós em Portugal a nível de mercado de trabalho somos um mau exemplo, porque temos um modelo em que dá-se primazia ao horário de trabalho em detrimento da produtividade, e isto da idade da reforma tem alguma semelhança, porque interessa ter as pessoas a "picar"o ponto, mesmo que não apresentem resultados. Se têm 60 anos e já não funcionam bem da cabeça, isso interessa? Talvez devesse interessar, porque um mercado que não muda as pessoas e não se adapta dificilmente sobe os seus indices de produtividade. Não é por acaso que estamos na cauda da Europa em produtividade.
   Outra das reivindicações é a contagem do tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira, exigindo o tempo em que tiveram a carreira congelada. Mas aqui, e pode ser discutido, se assim for, o Governo jamais poderá ceder apenas aos professores. É uma questão de justiça. Houve congelamento das carreiras em variados sectores e profissões, e, haver já uma proposta do Governo em contabilizar algum tempo acho uma vitória dos professores. Embora esta parece-me ser difícil ir mais longe do que o Governo já foi.
    Concordo plenamente com a reivindicação, entre outras, dos concursos justos e transparentes, e aqui, parece-me interessante perceber quais serão as propostas que o sindicato irá apresentar, uma vez que são questões difíceis de ultrapassar, e, dificilmente o Governo quererá mudar o modelo adoptado, que diga-se, se por um lado apela a uma mobilidade laboral, por outro, esquece e ignora por completo a vida familiar do professor. 
   É importante que os sindicatos, especialmente a FENPROF, tenham algum cuidado no "esticar" da corda, uma vez que pode rebentar. Mas, no fim de contas, o que não vale ter, por exemplo, uma FENPROF.