1836 - Panteão Nacional |
2017 - Panteão Nacional |
Foi em 2014 que, por despacho (8356/2014) Jorge Barreto Xavier (secretário de estado à data) teve a diferente e inovadora ideia de permitir que se possa alugar o Panteão Nacional para "jantaradas". Os preços variam entre os 750 euros e os cinco mil euros, conforme se pode ler no despacho. O grave não é terem sido as pessoas da Web Summit, que são os últimos culpados (na verdade nem culpados são, porque estava aberto ao público e tiveram um gesto de louvar e enaltecer ao pedirem desculpa), mas sim quem permitiu e autorizou que tal jantar fosse permitido, e principalmente os anteriores que já foram lá realizados. Jorge Barreto Xavier ainda veio tentar justificar-se com a ideia de que no despacho vem frisado que "podem ser rejeitados os pedidos que colidam com a dignidade dos monumentos", ou seja, na verdade isto é o mesmo que não dizer nada, porque tudo o que é permitido no despacho pode desde logo colidir com a dignidade de tais monumentos (qualquer aluguer do espaço colide com dignidade dos monumentos), logo para quê sua criação? Por vezes, mais vale não se dizer nada, do que justificar aquilo que não tem justificação. Quem criou o despacho foi com a ideia de permitir e alugar o espaço a quem quisesse sem restrições, porque não há espaço para excepções aqui neste diploma, porque criar uma excepção seria impedir o seu diploma na totalidade. E se este Governo também tinha conhecimento e nada fez também agiu mal.
Quando a perda de valores e princípios possa ter chegado aos altos cargos da nação devemos evitar o seu alastramento e estancar a sua proliferação, porque um local onde estão aqueles que se distinguiram pelos mais altos serviços prestados ao país deve ser preservado e respeitado. Foi em 1836 que Passos Manuel, através de decreto mandou construir o Panteão Nacional, e jamais podemos permitir que haja a "banalização" de um local tão sagrado e inspirador para todos nós enquanto portugueses. Ali estão aqueles que serviram o país de forma exemplar, que lutaram e elevaram o nome de Portugal.