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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Viagens

   





    "João agora quero fazer uma viagem pela Ásia durante uns meses em Abril de 2015 , conhecer por exemplo a Indonésia e o Vietname, e depois ir fazer uma grande viagem pela América Latina. A minha grande aposta na vida vai ser viajar, porque aprendo tanto e é maravilhoso". Aconteceu-me há dias, num testemunho de uma amiga fantástica que a cada viagem que faz, a cada caminho que trilha, diz-me que já não pode voltar atrás.
   Não se ensina, sugere-se. Não se aprende, partilha-se. Talvez haja mesmo um tempo para partir, mesmo que nesse tempo não haja um lugar certo para ir. Gonçalo Cadilhe sentiu que queria ir, queria conhecer, queria descobrir, queria abraçar o mundo como ele dizia, e, o mais curioso, é que não tinha sítio para ir, mas sabia que queria e tinha vontade de partir. Fê-lo e hoje retrata as suas fantásticas histórias em livros, onde a aprendizagem é simples e está ali tão perto, junto da genuinidade das palavras de quem sente cada momento por onde passa, e partilha.
    Porque viajar é mais que conhecer, e quando existe conhecimento, maioria das vezes não existe palavras para o descrever, porque todo ele são sentimentos.



   

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

BES - Parte VIII (A culpa é do Contabilista)





Ricardo Salgado





   Bem, no mínimo curioso ouvir Ricardo Salgado na audição parlamentar a dizer que não sabia de nada e de seguida ouvir-se o seu primo a dizer que ele sabia de tudo. E o Banco de Portugal já veio negar o que Ricardo Salgado afirmou, no que diz respeito a Morais Pires e quanto ao "sinal" para ele sair do BES, o banco afirma que deu vários sinais para Salgado sair, e este disse que não. Isto afinal dos problemas de memória não acontece só com as pessoas de idade, e ninguém saber nada acerca das famigeradas "contas" dos BES é engraçado. Quem sabia apenas? O contabilista Machado da Cruz. Ricciardi disse mesmo agora em directo não saber como o aumento de capital do BES foi um sucesso. Mas uma das razões pela qual aconteceu foi porque o BES andou a pedir crédito a bancos no Japão, por exemplo, para comprar as acções e inclusivé os direitos, e, esta prática junta-se a tantas outras ocultadas. E a sorte dos accionistas que estavam acompanhar a situação foi ouvir-se falar do segundo aumento de capital, que na verdade foi a gota de água para perceber que algo estava muito mal. E o dinheiro de Angola? Ninguém sabe. E o caso Manuel Pinho que recebeu durante anos dinheiro do BES sem fazer nada, bem como tomou decisões em pleno conflitos de interesses? Ninguém sabe.
   Isto preocupa, porque na verdade, e na tese do Doutor Ricardo Salgado, a culpa disto tudo pode ter sido do contabilista, e, perante isto, façamos como o outro: não sei se ria, se chore.


   

sábado, 22 de novembro de 2014

Detenção de José Sócrates















   Não há uma boa maneira do país sair deste caso que envolve agora o nome de José Sócrates, antigo Primeiro Ministro de Portugal. Se por um lado, e partindo do princípio que há suspeitas fundadas para as detenções, como referi anteriormente, numa análise ao caso dos vistos gold, ao estarem envolvidos em esquemas de corrupção pessoas que tiveram ou têm cargos políticos de alto relevo na sociedade, como é o caso do presidente do I.R.N e director SEF nos vistos gold e agora de José Sócrates, que teve um dos cargos políticos mais importantes em democracia, começamos a ser equiparados a países sub-desenvolvidos, onde a corrupção é um modo de vida na política, como são exemplos países africanos, e isso não é bom para o país e merece uma reflexão, porque talvez seja necessário mudar mesmo as pessoas que fazem política em Portugal. Por outro lado, caso não haja suspeitas fundadas que justifiquem a detenção de José Sócrates para interrogatório (o que admito que seja pouco provável e não acredito que possa acontecer) seria uma descredibilização da justiça e uma falha grave do sistema de justiça que teria consequências muito graves para o país. Mas para ter sido detido e da forma que foi, têm que haver fortes indícios (isto numa análise em abstrato porque não sabemos os factos em questão) e se foram ordenadas detenções o juízo entendeu que havia perigo de fuga, ou perturbação de inquérito ou havendo razões para considerar que o suspeito não compareceria no interrogatório.
     É importante que se deixe a justiça funcionar e que se respeite o princípio da presunção de inocência, porque temos assistido a exageros de apoiantes de José Sócrates e inimigos do mesmo, seja, por exemplo, quando ouvimos João Soares, do PS, a defendê-lo de uma forma aberrante e inaceitável a dizer o seguinte: "não aceito a prisão de um antigo primeiro-ministro a não ser por crime de sangue em flagrante delito", como quando ouvimos Duarte Marques, deputado do PSD, a dizer: "Aleluia, já vem tarde". E não devemos cair na "armadilha" de linchamento ou defesa barata, e, devemos condenar as fugas de informação, porque é estranho determinados órgãos de comunicação social terem estado no aeroporto no momento da detenção do suspeito. É grave, porque não devemos ser a favor de "julgamentos públicos", devemos respeitar o segredo de justiça e condenar quem o viola.
   Depois da queda de Ricardo Salgado, de Maria de Lurdes Rodrigues, de Armando Vara, do presidente do I.R.N, do director do SEF, quero acreditar que, para além de ser um ano histórico para o país em termos de justiça, que está chegar ao fim o tempo da impunidade política em Portugal.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Imoralidade

   



Assembleia da República




   A reposição das subvenções políticas que, tinham sido eliminadas em 2005, é uma autêntica imoralidade. O deputado Couto dos Santos (PSD) e o deputado José Lello (PS) foram os impulsionadores deste regresso ao passado, sugerindo que os ex-políticos com rendimentos acima de 2000 euros pudessem recuperar o valor das suas subvenções vitalícias. A proposta foi aprovado com os votos do PSD e do PS, abstenção do CDS e votos contra o PCP e do Bloco.
   Por vezes, e não podemos ter dúvidas perante esta votação, a maioria dos deputados vive à margem da realidade do país e "brinca" mesmo com as pessoas, neste caso com os cidadãos portugueses, porque isto é uma verdadeira imoralidade e incoerência política. Esta imoralidade e incoerência é logo visível quando percebemos que quanto a aspectos fundamentais para o interesse do país não hà entendimento entre PS e PSD, como é o caso da reforma do Estado, que é uma matéria decisiva para podermos mudar o rumo do país. Com esta imoralidade colocaram a "nu" que na verdade pode haver entendimento, mas desde que seja para fins pessoais, como foi o caso da reposição das subvenções políticas vitalícias. E alguém devia dizer a Couto dos Santos e José Lello que deviam ter vergonha ao equiparar as subvenções políticas às pensões normais de reforma, porque enquanto as subvenções políticas vitalícias são um privilégio de poucos anos de trabalho, as pensões de reforma são um direito para o qual as pessoas descontaram ao longo de toda uma vida de trabalho.
   É simples e acho que quem votou a favor desta imoralidade política devia ser eliminado e expurgado da Assembleia da República, que é um órgão que devia representar os cidadãos portugueses e não os interesses pessoais de alguns políticos, que não foram todos que votaram a favor, e esses devem ser salvaguardados. Isto é a prova final de que é necessário "rasgar" e "romper", fazer a "limpeza" e "varrer" com esta gente que faz política olhando para os seus interesses pessoais, porque como disse Rui Rio e bem: "Ou é para romper ou não dou para o peditório".



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Vistos Gold: O passaporte para a Europa

  








   É um dos casos e esquemas fraudulentos que assolam Portugal. Os vistos gold que são uma autorização de residência para cidadãos oriundos de fora do espaço Schengen entrarem em território português e europeu em troca de elevados investimentos, têm como requisitos para atribuição dos destes o cumprimento de uma de três condições: investimento/transferência de capitais de pelo menos 1 milhão de euros; criação e manutenção de pelo menos 10 postos de trabalho e aquisição de imóvel no valor igual ou superior a 500 mil euros. Estão a ser investigados na denominada operação "labirinto", por suspeitas de branqueamento de capitais, tráfico de influências, peculato e corrupção. Entre os detidos do caso, encontram-se o presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), o director nacional do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a secretária geral do Ministério da Justiça.
   É um caso que a todos deve preocupar, onde estão envolvidas as mais altas esferas do Estado, e, onde a segurança deve ser alvo de reanálise. Quando temos, na mesma cela, o presidente do IRN, o director do SEF e a secretária geral do Ministério da Justiça devemos questionar se isto se passa mesmo num país desenvolvido? Serão mesmo os vistos gold uma forma de investimento produtivo para o país ou um "passaporte" para a Europa? Onde estão as garantias? Até onde pode ir a Europa perante uma medida como esta, que afecta, directamente, os seus interesses? Quais os mecanismos de defesa perante tal "agressão" ao seu espaço Schengen? 
   Segundo o relatório Markbeat da consultora Cushman & Wakefield e o estudo da consultora Jones Lang Lasalle (JLL), nos primeiros 6 meses deste ano foram investidos 749 milhões de euros no sector imobiliário, sendo a China o principal mercado, responsável por 80% dos vistos de residência. O Governo também divulgou que já foram concedidos 1681 vistos pela aquisição de imóvel; 91 por transferências de capital e três pela criação de 10 postos de trabalho. E questionamos: os investimentos gerados ou criados estão a ser produtivos para o país? Estão a criar riqueza e a "alavancar" a economia? Qual a forma de controlo do Estado? 
   Se olharmos apenas para captação e investimento, em parte conseguiu-se com a medida trazer capitais estrangeiros e investimento, e é positivo, essencialmente ao nível da reabilitação urbana, hà reanimação da economia em detrimento desses investimentos estrangeiros. Mas, o problema e o cerne da questão está em saber se, colocando a balança dos prós e contras. o investimento global conseguido com o programa é mesmo um verdadeiro investimento para o país ou será, antes, um passaporte para a Europa e/ou uma "fuga de capitais" para cidadãos como os Chineses? Porque entre outras questões, por exemplo, no caso da China, não podemos ignorar que é de suspeitar os "registos criminais"limpos, que contempla uma das condições para atribuição de vistos (onde hà casos onde estes chegam mesmo a ser vitalícios, sendo apenas uma vez verificados). E outro dos problemas deste programa é as garantias que o mesmo oferece, uma vez que as suas condições permite que haja mesmo porta aberta a esquemas de corrupção, como este da operação "labirinto". A fiscalização tem de ser outra, tem de ser prévia e pormenorizada a cada candidato, e, a entrada de capitais não pode ser apenas vista como uma "maravilha", que na verdade é o que temos feito, nem pode ser vista apenas como uma maldade, como as reacções que ultimamente têm surgido ao caso. A solução passa por haver um equilíbrio, e para esse equilíbrio existir têm de ser pedidas garantias e requisitos mais exigentes a cada candidato (principalmente quando a origem da maioria dos vistos é Chinesa, de proveniência duvidosa), sob pena de esquemas como estes virem a ocorrer, e corrermos o risco de tornar Portugal num país de práticas poucos transparentes, onde os seus órgãos de soberania são postos em causa por esquemas destes, e, podemos ser equiparados a países sub-desenvolvidos. 




sábado, 15 de novembro de 2014

Papa Francisco

 


Papa Francisco





  Quando estive em Cabo Verde, a gerir um projecto de crianças e adolescentes de rua, uma das coisas que mais me marcou foi o padre local, que era uma pessoa de uma generosidade inqualificável e que era decisivo na sobrevivência da maioria das crianças de rua. Todos os dias se contavam história de ajuda do padre, fosse ajudar as crianças a comer, fosse ajudar as crianças a dormir (colocando cobertores no átrio da igreja), fosse ajudar as crianças na saúde (muitos estavam envolvidos na droga), fosse a pagar viagens para irem de volta para as suas ilhas ou para juntos dos pais (os que tinham). 
   Ao ver o Papa Francisco, lembro-me do padre de Espargos, em Cabo Verde, da forma como utilizava os meios que tinham à sua disposição para ajudar aqueles que mais precisam (é aí que estão os valores da religião), e a forma como aqueles que ajudava gostavam dele. E o "gostar" mostra que hà ligação, mostra que hà amor e paixão, mostra que há preocupação e inquietação, porque não chega "dar" dinheiro para se ficar bem perante a comunidade ou ajudar por ajudar, é preciso ir ao encontro, preciso estar junto, e aqui está a diferença e mostra que a cada dia que passa aumenta a esperança de que temos uma luz no Vaticano.
   Quando identificamos, em Espargos, os locais onde as crianças de rua estavam, identificamos o principal: átrio da igreja. Um dia, perguntei a uma criança: "Porque dormes aqui?". Ele respondeu: "Porque aqui sinto-me bem, sinto-me protegido". É esta protecção maravilhosa sentida por essas crianças que não se explica, sente-se por uma união de amor que se criou entre a figura do padre e essas crianças que vejo agora entre o Papa e aqueles que ajuda, sendo ultimamente os sem-abrigo, os contemplados, ao mandar criar duches na praça de São Pedro para os sem-abrigo, por não terem um lugar para fazer a sua higiene. 


História do Bancário







   São coisas simples, mas que podem acontecer a qualquer um, basta viver para isso acontecer.
  Passou-se entre um cliente de um banco português e o próprio bancário. Um cliente foi ao banco para abrir conta. Entretanto, no próprio banco disseram-lhe que não ia pagar isenções, mas que teria que pagar 5 euros de três em três meses por tempo indeterminado, para o qual o cliente não se opôs, por desconhecimento do que assinava, e por confiar na palavra de quem está do lado de lá, que são especializados e formados na arte das vendas. Quando vi o contrato que assinou ao abrir conta, vi que o cliente subscreveu um produto do banco, mais especificamente, um seguro de acidentes pessoais (que não lhe foi dito que seria um seguro) e ainda teve de fazer um pagamento inicial relativamente a esse seguro. Após isso o banco foi contactado, e imediatamente o problema foi resolvido, o contrato denunciado e foi devolvido o dinheiro ao cliente, fez-se o estorno (creditando o que havia sido indevidamente debitado). O bancário assumiu o erro, ele sabia que tentou enganar o cliente ao subscrever-lhe um produto, e, não se prosseguiu com uma queixa, sob pena de poder ficar suspenso de actividade (como já aconteceu numa outra situação em que estive envolvido). Um banco nunca pode, em situação nenhuma, obrigar um cliente, ao abrir conta, a subscrever seus produtos. O que pode fazer é aceitar ou não um cliente abrir conta no seu banco, apenas isso. 
   Impressionante a forma como casos simples como estes ocorrem com tanta frequência (mesmo muito) e faz lembrar muito do que teve na origem desta crise económica, e esta frequência é um forte indício de que os erros do passado ainda continuam e as pessoas continuam assinar sem um conhecimento e uma vontade livre, informada e esclarecida, bem como os bancos continuam a ter práticas indevidas na captação de clientes, pouco fiscalizadas pelo banco de portugal, a não ser que sejam denunciadas, o que acontece pouco, tirando os casos em que as pessoas tenham apoio jurídico. 
    
   

   

terça-feira, 11 de novembro de 2014

BES - Parte VII

  







   Fantástico! "Ena essa foi de génio oh DDT (Dono Disto  Tudo, alcunha por que todos tratavam Ricardo Salgado)". A revista "Sábado" deste semana explica a forma e porque razão tudo tem medo de falar da gigantesca fraude do caso BES, explicando a forma como a influência dos partidos políticos (desde PSD, ao PS, passando pelo Bloco e CDS e PCP : todos estavam e estão comprometidos politicamente com lugares no banco de seus camaradas) no BES limita a sua própria liberdade de opinião sobre o tema e talvez torne mais explicito a razão pela qual ninguém toma posições públicas sobre o caso e porque não houve ainda uma única condenação, ao mesmo tempo, que aqueles que levaram à falência o BES e "apoderaram-se" ilegitimamente do dinheiro de pessoas que eram clientes do banco, continuam a fazer transferências de milhões para offshores e a levar a vida de forma igual ao que antes acontecia, porque em Portugal, pelo menos até agora, quem rouba milhões, tem perdão vitalício.
   Ainda nada, ou quase nada foi explicado sobre o caso BES. Mas também o que soubemos sobre o caso BES Angola? E sobre os 14 milhões que Ricardo Salgado recebeu como prenda de um construtor? E sobre a suas "falhas" de memória nas declarações ao fisco? 
   Mas, tudo isto tem uma explicação: o BES sempre esteve no poder, e mesmo desaparecendo o seu nome, as pessoas continuam noutro banco como "Novo Banco" ou distribuídas noutros cargos (mesmo que mudem de emprego), porque na verdade faz parte do acordo que jamais poderemos deixar os camaradas sem tecto. É pelo facto de os camaradas não poderem ficar sem tecto, que todos os seus líderes têm obdecer e, se for mesmo preciso, alterar leis ou que for preciso para mascarar a situação, remediá-la ou mesmo esquecê-la, porque no fim, são sempre os mesmos a pagar.
   

sábado, 8 de novembro de 2014

Timor levantou-se

   






   Portugal não merecia, jamais! Timor tem memória curta e o seu líder, para além de faltar ao respeito a Portugal, está a pôr em causa uma relação de anos, com um país que já foi uma colónia portuguesa. Quando o poder judiciário torna-se prisioneiro do poder político um país vira uma ditadura, enquanto não se torna anarquia. Timor até está no direito de não querer mais julgamentos realizados por nacionais de outros países, neste caso portugueses, mas não pode é fazer as coisas da forma que fez, com um ultimato e ordem de expulsão em 48 horas. Para já nem falar no princípio da separação de poderes, que parece existir apenas no papel em Timor.
   Mas nada surge por acaso. e também aqui Timor está a traçar o seu caminho (perigoso), e Portugal é carta fora do baralho. Talvez seja "ambicioso" demais este comportamento do Governo de Timor Leste ao expulsar magistrados portugueses. Mesmo que queria dar o "salto" em termos financeiros (tendo para isso que se subjugar aos interesses económicos), tem de ter os pés assentes na terra, ou as coisas podem correr mal e comprometer o crescimento (receitas de 15 milhões dólares em petróleo mensalmente que o país obtém). Isto já estava previsto há algum tempo, e, o crescimento de Timor, aliado com as suas parcerias e acordos estratégicos com a Austrália relativamente ao Petróleo, são a justificação para estes comportamentos de Xanana Gusmão e seu Governo. 
   Mas, por outro lado, e porque a questão também se deve colocar: "porque deixam que sejamos assim tratados?". Ainda há pouco foi na CPLP o triste espectáculo que assistimos, em que Portugal foi colocado de parte e nem contou para as contas. Agora, somos assim tratados e a reacção contínua a ser ténue, sem impacto e passando, mais uma vez, a imagem de "parente pobre". 
    É altura de deixarmos de ser o "parente pobre".



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Licenciados a mais?

   





   Ouvimos bem: Portugal é um país de licenciados a mais? 
   Em Abril deste ano, o Eurostat revelou que apenas 29,2 % dos portugueses eram licenciados, sendo que o valor continua longe dos 36, 8% da média na Europa. Será que o problema são os licenciados a mais, ou talvez seja a adaptabilidade do país à realidade dos números e a dificuldade e a falta de capacidade de escoamento do mercado de trabalho ?
   No tempo em que era Ministra da Ciência e Ensino Superior, Maria Graça Carvalho, em 2003, Portugal tinha apenas 9% dos licenciados, sendo este o número mais baixo da União Europeia, sendo que apenas Malta ficava atrás de nós, com 7% de licenciados, sendo que a Estónia tinha o triplo de licenciados, com 30% de licenciados. E também no abandono escolar tínhamos números de completo atraso geracional, com a maior taxa de abandono escolar da Europa.
   Em pleno ano de 2014, a Alemanha, na voz de Angel Merkel, apela ao regresso ao passado, ao querer reduzir países como Portugal e Espanha, potenciando e fortalecendo a sua pátria, porque o termo de comparação tem sido a Alemanha. Isto mostra, infelizmente, que a Angel Merkel não está à altura nem é a pessoa indicada para decidir sobre a Europa, porque o que tem feito é aproveitar o poder para potenciar apenas o seu país, em detrimento do enfraquecimento dos restantes e isso não foi a Europa que Robert Schumann pretendeu que fosse criada e mantida. O criador desta Europa, talvez não a deixasse continuar, se acordasse e visse o que se passa por tràs da cortina.
  


 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um longo caminho para a liberdade: parte 19




Nelson Mandela




"Quando recebi o mandato de proscrição faltava um mês  para a realização da conferência do ANC do Transval e já tinha terminado o esboço do meu discurso presidencial, que veio a ser lido publicamente por Andrew Kunene, membro do executivo. Nesse discurso, que depois ficou conhecido como "O difícil caminho para a liberdade", uma expressão retirada de Jawaharlal Nehru, eu afirmava que as massas tinham de ser preparadas para novas formas de luta política. As novas leis e tácticas adoptadas pelo Governo tornavam as velhas formas de protesto - reuniões públicas, comicíos, declarações à imprensa - extremamente perigosas e autodestrutivas. Os jornais não publicavam as nossas declarações as tipografias recusavam-se a imprimir os nosso folhetos, tudo por medo de repressão ao abrigo do Suppression of Communism Act. Estas novas circunstâncias exigem a evolução para novas formas de luta política. Os velhos métodos tornaram-se suicidas".



Nelson Mandela, 1954.

domingo, 19 de outubro de 2014

BES - Parte VI











   O Jornal Sol avança que afinal toda a gente (cita-se aqui essencialmente Presidente da República, Governador do Banco de Portugal e Primeiro-Ministro) sabia da situação do BES desde 2010. Mas afinal a questão continua a mesma: Quem não sabia?
   Após o aumento de capital, em que todo o mundo elogiou e com dados (parecem agora falsificados) para isso, quem estava à frente do banco vinha assegurar novo aumento de capital e, o mais impressionante (foi aí que se percebeu que vinha a "tempestade") foi o Governador do Banco de Portugal vir defender esse aumento de capital, afirmando que haviam interessados (devem ser os mesmos que continuam agora interessados no Novo Banco serão? serão aqueles que pediram ao banco para colocar o idioma "mandarim" no BES Net, que agora é Novo Banco Online, e que afecta-lhes tanto a queda do BES ou do Novo Banco como aos portugueses a crise na Ilha de Espargos), esquecendo-se que os que teriam participado nesse aumento de capital jamais passado um mês investiriam novamente, porque não é uma situação normal, muito menos transparente. Sim porque não se pode esquecer que a recomendação para "comprar" do Presidente da República não terá sido por acaso, nem esta dos "interessados" que o Carlos Costa (Governador Banco de Portugal) tornou público, bem como a de Vítor Bento, que proferiu mal foi constituído o Novo Banco, afirmando que ele próprio teria (porque não acredito) aberto conta e transferido todo seu dinheiro para o Novo Banco. Não terá havido aqui uma concertação, que na verdade, enganou a opinião pública, e mais grave, os accionistas para tentar numa espécie de "vale tudo" aguentar o Banco e o famoso esquema de pirâmide por ele produzido ? Até que ponto a Gestão do BES estaria sozinha nisto?
   A comissão parlamentar de inquérito ao BES, que diga-se que estas comissões têm poderes de investigação idênticos aos das autoridades judiciais, só pode ter duas saídas: ficar tudo na mesma ou apurar responsáveis (alguns são políticos e estão no activo e há factos disso que ainda não são públicos mas chegarão à opinião pública em breve). Apurando responsáveis (lembrando que em Portugal é pouco provável acontecer), imediatamente o BES desaparece por completo (que ainda não aconteceu) e o Novo Banco acabará por cair e desaparecer igualmente. 




   

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Debate Apolítico



António Costa e António José Seguro






   Estas eleições primárias no PS foram mesmo para eleger o candidato a primeiro ministro de Portugal? 
  Impressionante a forma como decorreram estes debates do PS, que mais fizeram lembrar 3 sessões de um processo de divórcio, de pura lavagem de "roupa suja" . De um lado, o "animal" ferido chamado António José Seguro, que tentou usar o ataque pessoal para ganhar politicamente, o que surpreendeu muita gente, porque na verdade perceberam que ele faz boa oposição é dentro do seu próprio partido. Do outro lado, António Costa, que tentou usar o tão famigerado truque político de "fazer de morto" para poder manter-se politicamente, sabendo que seu adversário iria cair, mas que ontem não aguentou e respondeu a Seguro. Acho que António José Seguro. por muitas razões de queixa  "internas" que pudesse ter de Costa, jamais poderia ter entrado no "jogo" pessoal que o levou ao triste espectáculo e grave de ontem. Mais, tratando-se de um líder, que na política pode ser desafiado a qualquer momento (é democracia), agiu como um "rato", nunca soube liderar e ontem com o ataque que fez a um Senhor de seu nome Nuno Godinho de Matos, que nem eu nem muitos portugueses devem ou deviam sequer conhecer (muito menos desta forma), sentenciou quaisquer dúvidas que pudessem restar do resultado eleitoral de domingo, dia 28 de Setembro. A difamação a que assistimos ontem a uma pessoa que não estava presente para se defender foi talvez dos golpes mais baixos e medíocres, que demonstram o estado de desespero de alguém que tentou usar a vingança em vez da elevação para poder vencer umas eleições, que ele próprio diziam que iam ser um exemplo, mas que todos temos visto que podem ser muita coisa, mas exemplo não.
    António Costa não precisou de muito. Acho que arriscou muito, porque não disse quase nada e ainda está por provar ao país o que pode fazer e o que pode mudar. Ontem não resistiu e entrou no jogo de Seguro, que nenhum interesse tem para o país, são querelas pessoais que só fazem as pessoas perceber que ali ainda não está um candidato a primeiro ministro, mas sim um candidato ao PS, o que parece uma ironia, porque na verdade estas eleições são para eleger o candidato a primeiro ministro. 
   Não sabemos quando vai terminar este processo de divórcio, mas depois do lavar de tanta "roupa suja" em plena praça pública, e estando o julgamento marcado para dia 28, com sentença no próprio dia, esperemos que processo termine aqui, mas os indícios revelam que poderá haver recurso, porque as sessões provaram que a vingança será dura e deixar marcas e"tachos" pelo caminho. Talvez os debates devessem ter sido políticos, mas foram "apolíticos", desprestigiaram a política, e não foram para eleger candidato a primeiro ministro, mesmo que nos digam o contrário.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Independência da Escócia












   Afinal virou dia e a moeda mantém-se. A união que já vem desde 1707, altura em que Inglaterra e Escócia formaram o reino da Grã-Bretanha, passando depois a uma união real, com a formação do Reino Unido, e, que agora, esteve em causa, em detrimento da possibilidade da independência da Escócia. Mas o que mudaria se a Escócia acordasse independente? Participação de 84% ? Não terá sido uma verdadeira lição a utilização deste instrumento político? O que muda a partir daqui? Haverá sequer negociação? E reforço de autonomia? Será este o "bode expiatório" que faltava para o efeito "bola de neve" começar a surgir? Não será este um "alerta" para a União Europeia ? 
   O que se passou na Escócia foi uma lição de democracia, porque quando 84% da população se desloca às urnas, é a democracia no seu esplendor, que, por força da globalização e do descontentamento das pessoas, leva uma multidão a querer participar nos destinos do seu país. Talvez outros países, entre eles o nosso, deve olhar para isto e perceber que os cidadãos devem participar na vida política. E é justo não esquecer o papel que teve o primeiro ministro escocês Alex Salmond, que demitiu-se após o resultado, mas que teve um papel decisivo no acordo conseguido com o Reino Unido para a realização do referendo. Mas, não podemos olhar para esta questão da "independência" só com "prós", porque ela aqui também teria os seus "contras" (possíveis de ultrapassar), não estivéssemos nós a falar de um país que, após se tornar independente resumia-se a 4 milhões, o que teria desde logo consequências, e que, para além de questões como petróleo e a moeda, os apoiantes do "sim" não conseguiram dizer o que fazer após a vitória, sabendo que os líderes locais das ilhas na Escócia já tinham afirmado que se ganhasse o "sim" não iam respeitar essa decisão, sendo que nas ilhas é onde está o petróleo. 
   O efeito "bola de neve" pode surgir, sendo que já hoje assistimos, após a vitória do "sim", ao anuncio da Catalunha que prometeu organizar um referendo a 9 de Novembro, sendo que a Catalunha é outro caso, que tem ser analisado em específico, com implicações diferentes da Escócia. Fala-se na Catalunha, como se pode falar na Crimeia (embora aqui discutia-se a legitimidade do governo) ou na Bélgica ("flamengos", onde o partido nacionalista flamengo pode lembrar-se a qualquer momento avançar para um acordo de referendo). Relativamente à Crimeia, vai ser interessante perceber como enfrentar a situação, porque chegou haver um referendo, embora discuta-se a legitimidade do governo. 
  No futuro, isto é a prova de que o povo vai e deve ser consultado, porque o caminho está a ser feito nesse sentido e contrariar isso será remar contra a maré.



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Pai do Povo - Parte II








   Com 4.800 euros não se governa em Lisboa? Será uma injustiça um deputado ganhar 4.800 euros? Acha mesmo que o salário dos deputados nacionais deviam ser objecto de discussão (por ganharem pouco) quando há gente no país a passar fome? Já não se lembra de quando estava em Portugal e criticava os deputados e políticos de ganharam muito e não fazerem nada? Mas será coerente justificar o aumento do salário dos deputados nacionais em comparação com o salário dos eurodeputados, quando considera, ao mesmo tempo, estes salários dos eurodeputados obscenos? Onde está a coerência? É indigno um deputado receber 4.800 euros e não será indigno haver pessoas no país a receber 300 euros por mês, sendo que algumas subsistem (exemplo da agricultura) com 100 e poucos euros por mês? Não será indigno antes alguém receber 18 mil euros por mês, criticar diariamente esse salário e a própria Europa, querer vir a Portugal ver se arranja um "tachinho" no parlamento nacional e afirmar que se perder vai de volta para Bruxelas? O que pensaram aqueles que votaram "Marinho e Pinto" depois de ouvirem este discurso e assistirem ao cair da máscara? Não será que, no mínimo, mereciam um pedido de desculpas?
    Bem, este último "cd" dos salários não correu muito bem, foi daqueles deslizes que pode acabar com um "estado de graça". Mas vamos com calma que se calhar esta do salário tinha "água no bico". O próprio afirma que quer vir para o parlamento nacional, e surge a questão: não será que a vontade em discutir e aumentar os salários dos deputados nacionais seja já a pensar na sua vinda de Bruxelas? Ou será coincidência só agora levantar esta questão? Nada nesta forma de fazer política usada por Marinho e Pinto é mera coincidência.
   Claramente, Marinho e Pinto vive à margem da realidade do país, e a emoção e ambição do poder fez-lhe tropeçar e cair pelas escadas abaixo, e, se continuar assim talvez não consiga chegar sequer ser intitulado de "Pai do Povo" (porque Estaline não tinha destes deslizes quando chegou ao poder soviético), porque com este tipo de discurso e comportamento rapidamente será aniquilado politicamente, mas na verdade, este é que é o verdadeiro Marinho e Pinto, que sem querer, desta vez falou sem máscara. Disse em entrevista à Rádio Renascença (Ver abaixo no link1) que queria "combater o medo", quando medo têm de ter os portugueses se alguma vez Marinho e Pinto chegar a algum lado na política nacional.
   Talvez alguém lhe diga um dia que obsceno, neste momento, era aumentar os ordenados dos políticos, quando se cortam nas classes mais baixas da sociedade, que muitas, já vivem abaixo do limiar da pobreza, e, mais obsceno ainda é saber que o "Pai do Povo" pode um dia voltar, como aconteceu na União Soviética, mas a descoberta está acontecer e a máscara já está a ficar gasta, sendo que, a qualquer momento, pode mesmo desaparecer, e aí, será um alívio para o país e para os portugueses.


Link1: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=162222


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

SNS

   


SNS (Serviço Nacional de Saúde)





   Impressiona chegar a um hospital e ver pessoas que precisam de um exame ou de uma consulta de especialidade e terem de esperar meses ou anos. Impressiona ver um doente grave ter esperar um mês para fazer um exame específico ou senão ter pagar 600 e tal euros para conseguir o exame numa clínica. Impressiona ver um doente com dor de cabeça ter de esperar 9 meses para conseguir uma consulta de especialidade, após vários desmaios e dores constantes, que o levaram mesmo a ter de deixar o trabalho e um dia ido de urgência para o hospital, onde ficou internado e já não voltou. Isto é o nosso país, são casos reais.
   Onde está o Serviço Nacional de Saúde que construímos hà 35 anos? Onde está o direito à saúde? 
   O objectivo do SNS é essencialmente prevenir a doença, diagnosticar e tratar os doentes e permitir o acesso gratuito a todos à saúde. Noutros tempos, não podemos esquecer que o SNS foi uma das melhores coisas que Portugal viu nascer, mas hoje, infelizmente, está longe desse objectivo, e cada vez mais afastado dos seus destinatários, que são doentes. Não podemos esquecer que é um dos pilares do estado social, mas cada vez menos social e mais privado. A realidade de hoje mostra-nos que o acesso aos cuidados de saúde não é igual para todos e é um espelho das desigualdades sociais que cada vez mais assombra a nossa sociedade e que muita gente prefere ignorar, a resolver o problema.
    Não sei se acordarmos amanhã e ainda temos SNS, mas não podemos esquecer que, mesmo a funcionar mal, esta é a tábua de salvação de muita gente. 




sábado, 13 de setembro de 2014

Pai do Povo

  
Estaline
(1879-1953)




   Porque razão critica o Parlamento Europeu e seus salários, quando antes de ser eleito já sabia quanto iria ganhar ? Porque sempre criticou e critica esses salários "chorudos", quando sempre teve a ambição de ganhá-los (como também fez na Ordem dos Advogados, onde foi o primeiro bastonário a instituir para si um salário de 5.000 euros líquidos por mês e agora no Parlamento Europeu onde são cerca de 12.000 ou 13.000 euros por mês)? Qual foi o seu objectivo de ir para o Parlamento Europeu, a não ser o salário, já que em termos de ideologia ou ideias políticas quase nem era aceite em nenhum grupo parlamentar europeu? Porque razão terá saído do MPT (Movimento Partido Terra) para criar um novo partido político?
   Foi hà 4 anos na Universidade Católica Portuguesa (que o impediu de voltar) que Marinho Pinto afirmou: "Após a Ordem dos Advogados continuarei a fazer o que sempre fiz: advocacia". Mas quem acreditou? Lembram-se do que disse Estaline um dia e a forma como chegou ao poder na União Soviética? Já tentaram descobrir as diferenças ou, melhor, tudo o que têm em comum? 
   O percurso de Estaline e sua ascenção deveu-se essencialmente à sua propaganda revolucionária. Foi com a morte de Lenine em 1924 (que até hoje ainda não se sabe se não foi o próprio Estaline que o envenenou), que em pouco tempo a sua forma de fazer política ("devolver poder aos trabalhadores") vingou e chegou à liderança do partido comunista e do próprio Estado Soviético , impondo um regime de autêntico terror, bem como uma nacionalização colectiva de todos os sectores da actividade económica, implementando um regime totalitário. 
   O que tem Marinho Pinto a ver com Estaline?
   Estaline, precisamente, antes de chegar ao poder, tinha um discurso de massas (dizer o que querem ouvir num tom drástico e dramático), onde assegurava que era preciso devolver o poder aos trabalhadores, e instrumentalizava as classes com menor instrução e mais fragilizadas para conseguir atingir seus objectivos, que mais tarde, foram atingidos e percebeu-se que todo o seu percurso foi feito de cinismo e de falsidade. Estaline quando chegou ao poder, perseguiu e torturou seus opositores, ficou conhecido pela deportação de trabalhadores para campos de trabalhos forçados na Sibéria (Rússia) e pela forma como mandou construir estátuas e cartazes com a sua imagem por toda a URSS, 
   Marinho Pinto faz o mesmo à anos (percurso Estaline antes chegar ao poder). Posiciona-se mediaticamente junto de uma classe mais idosa e simultaneamente menos instruída, bem como junto daqueles que estão completamente "desprotegidos" na sociedade, em virtude do período que o país atravessa, e tenta num discurso directo e simples canalizar seus destinatários (para além de aproveitar o facto de não existirem políticos fortes e de convicções), porque sabe que é o único que pode trilhar esse caminho, que diga-se: em Portugal é um caminho de ouro, porque são imensas as pessoas que procuram alguém que lhes diga e falem a mesma linguagem. Quanto ao seu percurso, na Ordem dos Advogados, instrumentalizou-a para o seu grande objectivo: a política, não esquecendo que antes de lá chegar chegou afirmar que jamais implementaria um sistema de "numerus clausus" (que significa impôr um número limite de entradas na Ordem dos Advogados), e isso foi uma das bandeiras quando se viu no poder: no cargo de bastonário. Marinho Pinto, bem como Estaline, vive em torno do culto da personalidade à sua pessoa, onde a recente saída do MPT (Movimento do Partido Da Terra) é mais uma prova deste culto da personalidade que claramente pretende instituir e é o retrato deste seu pequeno percurso político.
   Esperemos que percebam que aqui não hà nada de diferente nem de novo, e que, a renovação jamais passa por cultos de personalidade e discursos falsos, desleais e enganosos, porque é vital não deixar que o "pai do povo" regresse ou tenha algum poder político, porque se um dia lá chegar será o "ditador do povo", porque assim reza a história e aqui nada mudou nem vai mudar, a não ser o nome.




   

domingo, 7 de setembro de 2014

Golpada Socialista









       Terá sido o "golpe" usado por António Costa uma forma justa de aniquilar o seu adversário? Terá sido um golpe preparado e pensado ao longo de 3 anos? A resposta politicamente correcta seria: "se está nos estatutos pode". E, melhor, será que a aproximação ao território do inimigo (colocando as suas tropas no terreno e em lugares do próprio inimigo) não fazia parte do golpe, e, as listas para as eleições europeias não foram apenas mais um mote para confundir o adversário e não o deixar perceber o golpe?
   O golpe quase que deixou o adversário KO, se não o deixou mesmo, que parece não haver dúvidas, com as sondagens a dar resultados de 70% a Costa, eliminando Seguro da política, e acabando com o que resta da sua pobre imagem política. Mas vamos ao golpe, e tentar perceber como é que foram criadas as condições para o aplicar. Se olharmos para José Sócrates, percebemos que muitas das suas caras transitaram para apoiantes de Costa, e desde hà 3 anos, que foram posicionando-se politicamente, esperando pelo momento. O regresso de José Sócrates para o comentário na RTP1 representou a chegada de um dos DDT (Dono Disto Tudo) do partido socialista à campanha de Costa (campanha oculta, mas no terreno hà muito tempo). Se pensarmos nas eleições europeias, e em Assis (que era um dos nomes da ala Costa, o que já não acontece hoje), essas eleições tiveram quase para acabar num ringue de batalha, e subtilmente Costa decidi um acordo, em troca de tropas (deixas meter aqui algumas das minhas tropas e eu não faço nada). Mas, Seguro não percebeu que politicamente estava a perder território e que estava rodeado de tropas que faziam muito barulho, mas que jamais conseguiriam derrotar as tropas de Costa, que tinham e têm outra habilidade política. Costa só precisou de conseguir colocar tropas em todos os lugares e territórios do inimigo, para quando fosse dado o golpe, saber que seu adversário não teria hipóteses. Por exemplo, o presidente do partido, Almeida Santos, foi sempre um dos melhores soldados de Costa, que após andar no território do inimigo (território de Seguro), fazendo o seu papel enquanto presidente, soube no momento do golpe juntar-se ao seu exército para derrotar o adversário, e ir buscar alguns ex-combatentes como Jorge Sampaio e Manuel Alegre. Obviamente que aqui não podemos esquecer o Mário Soares, ex-combatente de luxo da ala Costa, soube sempre afirmar que ajudava no golpe, e, mesmo já não estando no activo, chegou a estar na linha da frente no ataque ao adversário, começando pelos jornais anunciar que o PS precisava de mudar de líder, porque com este não chegaria a lado nenhum.
  Talvez a porta de saída do PS do "beco" em que se encontra mergulhado seja só uma: eleger Costa. Mas muita gente questiona , e bem : "qual a diferença politicamente entre ambos"? Acho que aqui, depois da golpada (já que não o fez antes nem durante), Costa ainda tem esclarecer melhor o que pretende fazer (porque ainda não se sabe e devia saber-se) e como, porque ainda é muito pequena a diferença entre as políticas de ambos. Mas, a verdade é que Seguro até hoje não conseguiu unir o partido que lidera, nem ter um bom exército (possuindo tropas pouco treinadas para o combate político), e pior, não conseguiu convencer os portugueses, criando uma imagem fraca politicamente e completamente desgastada ao final destes 3 anos, sem qualquer hipótese de governar o seu próprio partido, quanto mais o país. Lembro-me ás uns tempos de um episódio engraçado. Estávamos  num jantar, e em conversa política, falou-se do PS e de Seguro e quando se perguntou se alguém gostava dele (entre os presentes estavam prezados socialistas assumidos), o único que disse que sim foi um espanhol que pouco sabia sobre ele e que não votava cá. Acho que Seguro não tem cariz (nunca teve) para estar na política, e até seus poucos simpatizantes têm vergonha em dizer que o apoiam, porque na verdade percebem que a sua sentença política está declarada, tudo o resto é uma questão de tempo. E agora, após a Golpada, sabendo que Costa irá ganhar, a vergonha e o medo aumenta, porque o poder vai mudar de mãos e ninguém quer ficar inimigo do poder. Acho que actualmente desvaloriza-se muito o "carisma" e a forma de lidar com as pessoas para se estar na política, mas isso é esquecer e ignorar a história e a política. Talvez as consequências disso sejam o aparecimento de pessoas na política como Seguro. Os grandes políticos nasceram e morreram todos com carisma, com o carisma que os fez estar na política, a política de chegar ás pessoas, diferente da de hoje, cada vez mais a política de afastar as pessoas.
   Costa posicionou-se publicamente muito bem, conseguindo um carisma interessante e deu o golpe no momento em que seu adversário já tinha perdido as forças e estava completamente de rastos ao final destes 3 anos de luta pouco conseguida. Seguro provavelmente irá desaparecer politicamente e um dia as páginas da história, para lembrar este momento, serão escritas com o seguinte título: "Golpada Socialista".





sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Jihadistas: o poder oculto

  









     Até onde vai este grupo insurgente?
   Impressiona a sua forma de actuação, e traz recordações de tempos passados onde as pessoas eram exterminadas com objectivos políticos, sem dó nem piedade. Este grupo insurgente, os "Jihadistas" têm como finalidade (segundo o que proclamam) criar um Estado Islâmico que contemple as zonas sunitas da Síria e do Iraque, lutando até caírem contra o governo xiita do Iraque, liderado por Al-Maliki. Se até à pouco tempo eram apenas uma "minoria" terrorista, agora começa a representar um caso sério tanto no Iraque como na Síria, onde têm conseguido vitórias, e, onde demonstram o seu poder da pior forma possível: decapitando pessoas. E se alguém pensa que não crescem, veja-se na Síria, onde cada vez mais estão a conseguir a sua auto-sustentação, onde já vendem energia eléctrica e exportam petróleo, conseguindo com esse dinheiro financiarem-se militarmente.
   Mas, nada surge por acaso. O líder deste grupo Jihadista foi líder da Al-Quaeda no Iraque em 2010, conhecido por "Abu Dua", e teve como objectivo conseguir criar uma organização ainda mais violenta que a Al-Quaeda. Não é por acaso que na Síria já tentaram uma espécie de união com "Frente Al-Nusra", a filiada da Al-Quaeda no país. Ainda hoje o mundo conheceu o vídeo em que executaram 260 soldados sírios, sendo mais uma forma de demonstração do seu poder, e, de ganhar território a Bashar Al-Assad. Não esquecendo os 1700 iraquianos executados já em 15 de Junho deste ano bem como o jornalista americano James Foley também recentemente executado. No Iraque, já controlam a segunda maior cidade, Mossul, e, a violência essencialmente sobre os "cristãos" é revoltante, executando cada um que descobrem, e quem recusa converter-se ao Islão é executado.
   Perante isto, o que tem feito a comunidade internacional? O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai aprovando resoluções que vão desde das que penalizam militantes islâmicos no Iraque e na Síria até às que exigem a dissolução do Estado Islâmico e seu desarmamento, mas o problema agrava-se e avoluma-se, e os Jihadistas ganham poder a cada dia que passa. Os Estados Unidos estão "perdidos" no meio de uma encruzilhada política, e as "ameaças" só adensam o problema, sendo que o Conselho de Segurança das Nações Unidas já disse que não autorizam uma operação militar, que, diga-se, que a ser pensada, jamais devia ser divulgada ou sequer colocada em hipótese para o exterior num momento como o actual, onde a decapitação e execução de civis ou minorias que divergem com o regime são diárias e instrumentalizadas politicamente para atingir seus alvos políticos, entre eles os Estados Unidos, que são uma arma do Estado Islâmico. Obama aqui revela o seu ponto fraco: a política externa e a forma como tem actuado e acima de tudo falado para o exterior (ainda recentemente assumindo que não tem estratégia) demonstram e são reveladores da desorientação política, que, tem tido efeitos devastadores, e pede-se para que haja outro sentido, que haja uma estratégia, uma solução concertada com a comunidade internacional, sob pena de continuarmos assistir à escalada violenta e desumana dos Jihadistas, que após a queda da Al-Quaeda em 2003, foram ocultamente aproveitando seus membros e técnicas para crescerem na sombra do poder.



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Testamento Vital: o direito de escolher

   

  







   Até que ponto vale a pena prosseguir com mais tratamentos quando a pessoa tem uma doença incurável, sem chances reais de sobrevivência?
   Em vigor a lei desde 1 de Julho, tem validade de 5 anos e basta preencher um simples formulário, de seu nome "testamento vital", onde urge a questão em saber qual a "morte digna" e se através do testamento vital é possível obtê-la. Será mesmo?
   Antes de qualquer palavra acerca do assunto, convém referir que o testamento vital é um documento onde qualquer cidadão pode deixar explícitos os tratamentos que querem ou se não querem ser tratados, no caso de doença terminal ou incurável ou perante um diagnóstico de inconsciência por doença neurológica ou psiquiatra irreversível, tendo de expressar uma vontade livre, consciente e esclarecida.
   Olhando para os números (e porque ao falar de números estamos a falar de pessoas), em 1 mês, 135 pessoas expressaram os tratamentos que pretendem ou não receber em caso de doença e em 2 meses mais de 200 expressaram a sua vontade no RENTEV (Registo Nacional do Testamento Vital).
   É um assunto delicado, onde o meu primeiro grande debate teve lugar numa aula de Mundividência Cristã, com o ilustre Padre Manuel Linda, de quem guardo boas recordações e saudade da pessoa. Lembro-me do começo da discussão: como podemos ter uma vontade livre, consciente e esclarecido de algo ou assunto médico que não dominamos, ou não podermos saber se no momento é o mais apropriado? 
    Nesse primeiro debate, como religioso que sou, sempre tive reticências relativamente a podermos decidir sobre o momento da morte, mas pode ser interpretado de outra forma: evitar ser submetido a algo que possa fazer sofrer a pessoa e que seja irreversível, mas que pode ser respondido da seguinte forma: então a medicina hoje não tem fármacos que impossibilitam na totalidade a pessoa de sofrer? A dor parece-me um dos busílis da questão, saber se o doente sofre ou não, consciente da sua sentença de morte.
 Acho que este como outros assuntos delicados, não há nada como estar de perto ou presenciar casos de pessoas que, por exemplo, têm ser submetidas a medidas de alimentação artificial que visam apenas retardar a morte. E aqui, quando percebi e presenciei isso, percebi que do outro lado, mesmo podendo ou não concordar, não estava algo "sem pés nem cabeça", pelo contrário, estava algo que olhava precisamente para esses casos, de pessoas que ficam acamadas, com doença irreversível, em estado puramente artificial, esperando pela morte já anunciada. 
   Outra das questões é saber como comprovar que a pessoa se encontra num quadro em que a recuperação é impossível. É que os elementos envolvidos no caso são pessoas, e, o testamento vital visa a preservação da vida bem como dar a possibilidade à pessoa de poder decidir como viver quando a vida está a terminar. 
      Se olharmos para a lei n.º25/2012, de 16 de Julho (mas só com regulamentação este ano publicada desde Julho de 2014), hà coisas com quais concordo e outras com as quais discordo. Concordo, por exemplo, em uma pessoa declarar que pessoa quer perto de si e que tipo de assistência religiosa quer receber quando forem interrompidos meios artificiais de vida. Concordo com a recusa de tratamentos considerados "desproporcionais" dos quais não haverá melhorias ou até podem trazer sofrimento. Concordo com a recusa de fármacos que possam levar a situações de dores ou causar padecimento ou molestar ou até de medidas de alimentação e hidratação artificiais apenas para retardar o processo natural de morte. Não concordo, por exemplo, com a não autorização de administração de sangue ou derivados. Mas volto a referir que quando me perguntam se concordo é difícil ter uma posição literal, quando cada caso é um caso, e, hà coisas na lei que concordo, outras não, o que torna difícil ter uma posição base sobre um assunto que de "base justificativa" tem pouco, podendo cair na teia das várias teses em confronto. Mas é importante sublinhar que, parece-me que este diploma respeita a pessoa humana, e cabe a cada um fazer o seu juízo de prognose, não utilizando este mecanismo de livre arbítrio (livre arbítrio segundo Santo Agostinho, que o definia como a possibilidade de escolher entre o bem e o mal). 



sábado, 9 de agosto de 2014

BES - Parte V





Bernard Madoff



   O que têm em comum Ricardo Salgado e Bernard Madoff? O esquema Ponzi (pagar a A à custa do dinheiro do B e C que chegaram recentemente e assim sucessivamente) e a crise financeira (perdurará sempre a questão: se não tivesse havido crise financeira alguma vez seriam estes esquemas descobertos?). Foi este esquema criminoso que teve como resultado perdas de 3 mil milhões, e que foi descoberto no dia em que o dinheiro não chegou e quem não recebeu reivindicou e a pirâmide começou a desfazer-se, sendo que um dos recentes investidores (Banco Japonês) que entraram na pirâmide levaram com a "explosão" do esquema. O que os distingue? O sistema judicial dos seus países. Bernard Madoff esteve por detrás da maior fraude da história de Wall Street, que ascendeu a 65 biliões de dólares. Uma das primeiras medidas a tomar foi o arresto dos seus bens e foi preso imediatamente, tendo ficado em prisão preventiva e sido posteriormente (em 2009) condenado a 150 anos de prisão. Ricardo Salgado pagou caução e mantém-se em liberdade. Se irá ou não haver arresto não sabemos, mas foi noticiado que nem ele nem a sua mulher têm bens próprios. Surpresa? Não sei aonde, não estivéssemos nós em Portugal, onde a maioria do capital está no exterior, não declarado no país. Mas, de qualquer das formas, existem mecanismos jurídicos eficazes no combate a uma hipotética "fuga de bens", e meios que podem ser usados pelo tribunal a qualquer momento e que me surpreendem se já não foram utilizados, porque uma das medidas a utilizar nesses casos deve ser o congelamento de contas e arresto de bens. O que isto nos revela é que o "exemplo" pode ser pura ficção, porque os melhores exemplos, e aqui ficou provado, não estavam no topo, mas talvez naquelas pessoas que agora irão despedir, e que nenhuma culpa têm no estado ao que o BES chegou no momento.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Algumas Verdades

BES - Parte IV







   "O Banco está seguro e os depositantes devem estar tranquilos". Era assim hà duas semanas. As palavras vinham do Governador de Portugal, do Primeiro-Ministro, do Presidente da República, de outros bancos concorrentes e até a CMVM se pronunciava de forma hábil sobre a falsa estabilidade do BES.
 Em 22 de Julho de 2014, a Citi recomendava comprar acções de BES, com um potencial de valorização de 60%, quando estas negociavam a 40,5 cêntimos por acção (ver link 1 em baixo). 
   As questões surgem, mas não são de agora, e devem ser colocadas: Como é possível o Banco de Portugal permitir um aumento de capital do BES de 1045 milhões de euros de Maio a Junho deste ano, sabendo das irregularidades já desde 2013 ? Porque razão o BES foi o único banco português que não recorreu ao fundo de recapitalização da banca, tendo optado por aumentar capital, numa operação que serviu como uma prova da estabilidade do banco (ver link 2 em baixo)? Como é possível deixar-se um banco como o BES doente e debilitado, entregue à pura especulação de mercado, perdendo milhões dias após dias, até saber-se os resultados semestrais negativos de 3,6 mil milhões de euros (que diga-se, qualquer pessoa minimamente informada sobre situação saberia que seriam desastrosos), e, após esses resultados, permitir manter-se dois dias em bolsa, onde perdeu em dois dias quase 60% do seu valor, sem ninguém vir a público falar ou agir, num banco cotado em bolsa e que tem responsabilidades para com seus accionistas?


Link:http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/citi_reitera_recomendacao_de_compra_para_o_bes.html

Link 2: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1842540


quinta-feira, 24 de julho de 2014

CPLP

   



   A entrada da Guiné Equatorial, se não fosse verdade, era uma anedota. Como português, sinto-me envergonhado. Estamos a falar de um país, de uma ditadura pura, onde existe a pena de morte e um atropelo sistemático dos direitos humanos. Estamos a falar de um país que não fala português e nada tem a ver com a língua e onde nem hà qualquer tipo de ligação. Afinal, qual o fundamento para a entrada da Guiné Equatorial na CPLP? Amanhã será que temos o Zimbabué na CPLP?

Faixa de Gaza







   O problema é complexo, não estivessemos nós a falar de Gaza, onde residem palestinianos que em outrora foram expulsos de Israel, de origem sunita, território controlado pelo Hamas (organização de que denomina Bin-Laden de "guerreiro sagrado"), e do outro lado Israel, que nunca conseguiu encontrar outra forma de resolução dos problemas a não ser o recurso à Guerra. Mas também não é fácil quando do outro lado está uma organização que nem sequer reconhece o Estado de Israel, e quer formar um estado independente palestiniano, daí anos e anos de conflito, e perguntamos: até quando? Isto é uma teia, porque na verdade, os muçulmanos sunitas de Gaza chegaram a ser financiadas pelos serviços secretos de Israel e não hà muitas dúvidas que Arábia Saudita é o principal financiador do Hamas.
   Hoje, morreram mais 15 civis numa escola que foi bombardeada em Gaza. São milhares de refugiados que não têm por onde fugir, que estão "encurralados" num suposto "beco sem saída", e, se não houver ajuda, os números de civis mortos vão aumentar. Olhando para a comunidade internacional, nada é feito e o papel de "espectador" tornou-se uma habilidade dos Estados, que, preferem ver a morte de civis a colocar um "" e cair numa armadilha, com medo de agir, que possa perturbar seus interesses. Aqui a União Europeia, a par de maior parte das situações, não tem voz, e Israel duvido que ouvisse. Talvez os Estados Unidos devessem fazer algo, porque são o país que pode ter maior capacidade de influência naquela zona, junto de Israel. Não sendo uma tarefa fácil - basta lembrarmos que Obama em 2011 pediu a Israel que fronteiras israelenses anteriores à "Guerra dos Setes" dias de 1967 (quando Israel anexou Gaza) fossem para formação de Estado Palestiniano, o qual recebeu uma resposta típica de conflito: "as divisas de 1967 são indefensáveis" - urge agir e fazer algo pelas pessoas, pelos refugiados, por aqueles que não têm liberdade para ausentar-se da zona de conflito, por inocentes que foram apanhados no meio de um conflito para o qual nunca tiveram opinião e estão a ser alvos de um tempo, onde o silêncio internacional é a palavra de ordem, que não se faz ouvir.


sábado, 19 de julho de 2014

BES - Parte III

   

Aumento de Capital  de Junho de 2014




   Bem, hà coisas impressionantes, a mais recente tem a ver com as declarações do governandor do Banco de Portugal: "Se o BES precisar, hà investidores interessados num novo aumento de capital". Se numa fase inicial, parecia que o governador poderia estar a ter um comportamento assertivo, tudo isso talvez tenha sido "ilusão", porque o que se passou a seguir foi a entrega do banco à "pura" e "dura" especulação do mercado de capitais, em que nem a jogadas de proibição de "short seller" foram suficientes para convencer os investidores.
   Eu pergunto como alguém pode afirmar que o BES tem investidores interessados num novo aumento de capital, quando o banco foi sujeito em Junho a um aumento de capital, onde os accionistas compraram acções 0,65 cêntimos de acordo com os direitos que detinham, e, essas mesmas acções que compraram já valem hoje apenas 4,20 cêntimos, ou seja, já perderam muito dinheiro com esse aumento de capital. Acham, que esses investidores que já estão a perder dinheiro, estão interessados num novo aumento de capital? Não estando, e sendo o mais provável, quem está interessado? 
   Espera, vamos pensar um bocado que talvez não seja assim difícil adivinhar: Angolanos ou Chineses? E talvez tenhamos acertado não? Uma coisa é certa: aqueles que subscreveram acções no último aumento de capital (que são quase a totalidade dos accionistas do banco) jamais poderão estar interessados, por isso, mais uma vez, a informação que passa para a opinião pública é falsa e revela que, mesmo que haja esse interesse de capital "suspeito" e que já começa a ser um "costume" do nosso país - e diga-se, um mau "costume", uma má prática reiterada e constante - duvido que seja suficiente para repôr a confiança e acho que talvez não seja esse o caminho, porque, virem dizer coisas como "novo aumento de capital" só mostra a fragilidade do banco e torna perigoso o seu espaço de manobra, que cada vez é mais curto.
   Enquanto os sinais e os indícios são cada vez mais fortes,o tempo passa.
   

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Rioforte

 





   Ontem, recomendava-se para comprar e hoje está insolvente. Ontem, não tinha pago à PT e tinha passado o prazo, agora volta a ter sete dias úteis para pagar? Vão voltar os "short seller"? O que leva uma empresa como a PT a investir 897 milhões de euros num grupo que já na altura em que fez a compra estava "tecnicamente" insolvente?
   Em Dezembro de 2013, a Rioforte (sociedade de investimentos do Grupo Espírito Santo) escreve o seguinte: "A incorporação da Espírito Santo Financial Group dentro da Rioforte, que assim se passa a assumir como a holding operativa de topo do GES, traduz um reconhecimento da qualidade estrutural em termos financeiros e de modelo de governo da Rioforte, acrescentou Manuel Fernando Espírito Santo. O lucro da Rioforte Investments SA, empresa do Grupo Espírito Santo dedicada ao desenvolvimento dinâmico, em modelo de private equity, de participações em setores económicos selecionados espalhados por 3 continentes fechou o exercício de 2013 com um lucro de 11,8 M Euros. Os resultados financeiros da Rioforte marcam o quarto ano da sua existência e refletem a sua crescente solidez, graças às múltiplas operações de reestruturação, crescimento e abertura de capital desenvolvidas no seio da sua carteira de negócios. Manuel Fernando Espírito Santo, presidente do Conselho de Administração, comentou tratar-se de um resultado "bastante positivo para o GES" e que “demonstra a capacidade da empresa em atingir os objetivos a que se propôs ao longo dos quatro anos de vida da Rioforte”. O ano de 2013 regista “os melhores resultados recorrentes da história da Rioforte, demonstrando os frutos de um trabalho de um trabalho de grande empenho e qualidade seguindo as orientações traçadas pelo Acionista”. 
   Posto isto, onde estão os 11,8 Milhões de euros de lucro ganhos em 2013? Onde está o melhor resultado de sempre da história da Rioforte? Quando se apuram responsabilidades?
  Após lermos o relatório de 2013, percebemos que está aqui instalado um verdadeiro esquema de pirâmide, o famoso esquema "ponzi", utilizado pela família Espírito Santo.
 
   

sábado, 5 de julho de 2014

Carta ao FMI de 1983




Jacques de Larosière, Director do FMI de 1978 até 1987





"Caro Sr. de Larosière

   Nos últimos dois anos, o défice das operações correntes da balança de pagamentos de Portugal detriorou-se para um nível claramente insustentável a médio prazo. Esta deterioração constitui, em parte, o reflexo de factores fora do controlo das autoridades portuguesas, incluindo a recessão internacional e as altas taxas de juro no estrangeiro. Outros factores importantes foram também a manutenção de uma taxa de crescimento da procura interna substancialmente mais elevada que nos outros países e a ausência de adequada flexibilidade nas políticas de taxas de juros e cambial. Por último, a balança de pagamentos continuou a ser afectada por sérios problemas estruturais, incluindo a elevada dependência em importações de energia e produtos agrícolas, e uma de exportações relativamente estreita.
   A escalda do défice de operações correntes, que cresceu de um nível equivalente a cerca de 5 por cento do PIB em 1980 para 11 % em 1981 e 13 % em 1982, resultou num acentuado aumento da dívida externa e do peso do seu serviço, que atingiu 27% das receitas de divisas em 1982. O Governo reconhece que, em especial na presente situação dos mercados internacionais de capitais, a persistência de elevados défices nas operações correntes da balança de pagamentos conduziria a sérias dificuldades de financiamento e a grandes perdas de reservas internacionais do país. Por conseguinte, considera altamente prioritária a redução do défice das operações correntes para 2 mil milhões em 1983 e para cerca de 1 mil milhões em 1984".


   Esta foi a carta de intenções endereçada ao Fundo Monetário Internacional a 9 de Setembro de 1983, pelo Governo de bloco central Português, do PS de Mário Soares e do PSD de Carlos Mota Pinto. A verdade é que qualquer semelhança com o Portugal de hoje é mesmo mera coincidência, porque esta crise que começou em 2008 foi mais profunda. Mas, no acordo conseguido, um empréstimo no valor de 750 milhões de dólares, constava do documento redução de salários da Função Pública, subida dos preços de bens essenciais, congelamento de investimentos públicos, aumento de impostos, cortes nos subsídios de Natal e desvalorização do escudo. Talvez a única não replicada tenha sido a da "desvalorização da moeda", porque não é possível. Após percebermos algumas das medidas tomadas em 1983, podemos encontrar semelhanças, não na dimensão do problema, mas na receita para atacar o problema, o que revela que mudaram-se os tempos, mas mantiveram-se as vontades.