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domingo, 30 de dezembro de 2018

Deportação de Taibeh

Taibeh Abbasi


Taibeh foi levada pelos pais do Afeganistão antes mesmo de nascer. Fugiram da guerra, da fome e da miséria. Tinha o sonho de ser médica e foi na Noruega que encontrou esse lugar para sonhar e estudar. Mas tudo mudo quando o governo norueguês tomou a decisão de deportar Taibeh e toda a sua família. O Afeganistão continua a ser um país onde diariamente raptam pessoas, há ataques indiscriminados e confrontos entre grupos armados. Ainda recentemente a Alemanha referiu que o Afeganistão é um sítio inseguro, mortal. Taibeh é uma aluna brilhante e todos os seus professores revelam que seria uma excelente médica. Caso seja deportada, cairá a esperança e o sonho de ser médica, e os seus direitos serão restringidos, ou mesmo suspensos, num país onde as mulheres não são respeitadas. Como Taibeh, são vários aqueles que estão a ser deportados na Europa, sem qualquer análise ou estudo. Só num ano, foram deportadas quase 10.000 pessoas. Este desrespeito dos líderes europeus pelos refugiados e migrantes revela bem a falta de liderança e de uma política capaz de reverter situações de emergência, como a crise dos refugiados. Já assinei a petição, na esperança que Taibeh não seja deportada para o Afeganistão e que possa seguir e concretizar o seu sonho na Europa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Passividade verga-se a costume





   Somos um povo passivo, onde a maioria da população ganha o miserável salário mínimo, mas, mesmo assim, o tempo de trabalho tira-lhes o tempo que precisavam para reflectir sobre tal injustiça de viver com tão pouco, e de poderem fazer algo para inverter o rumo dos acontecimentos. Conseguiu-se banalizar discursos e todo o tipo de actos em defesa dos direitos das pessoas. O descrédito tem uma razão de ser: a obsoleta partidarização dos direitos básicos das pessoas. O facto de serem sempre os mesmo a defender os mesmos direitos, por incrível que pareça, tornou-se um "costume" apodrecido, que ninguém valoriza, e em vez de mobilizar, desmobiliza e enfraquece o poder da própria democracia. Basta aqui lembrar, por exemplo, o caso do Partido Comunista que, é capaz de ir para a rua defender os direitos básicos das pessoas que acabaram de ser despedidas de uma empresa, ou defender a redução do preço dos combustíveis, ao mesmo tempo que aprova em plenário, na assembleia da república a redução do Iva para 6% para as touradas. São prioridades. Ou o caso do Bloco de Esquerda, que é contra a especulação imobiliária, mas depois tem deputados do seu partido a praticá-la no seu esplendor, e a tirar rendimentos prediais de valor considerável. Em Portugal, nenhum partido representa o povo português na sua essência, e isso explica, em parte, esta passividade.
Os problemas da sociedade não desapareceram, basta para isso ir ao terreno e verificar que existem, apenas estão mais escondidos. O agravamento dos impostos à classe média; aumento do desemprego; redução verbas para fins sociais; indiferença perante a juventude; o preço dos combustíveis; preço dos bens essenciais; portagens; falta de soluções concretas para o envelhecimento da população; ajudas aos mais pobres e mais frágeis; etc. Alguém (que seja do norte do país como eu) já pensou por exemplo, a quantidade de portagens que existem na zona da Maia (não havendo alternativa quando existe trânsito ou acidentes - que acontecem com bastante frequência -, já não falando quando existem obras), ou mesmo as portagens da A28 que ligam Esposende à Póvoa, em que a alternativa é ir por um descampado de pedras e pedregulhos, em labirintos de semáforos até encontrar uma saída. 
Aqui ao lado, em França, a famigerada "greve dos coletes amarelos"congelou os aumentos dos combustíveis e da luz. A estes protestos juntaram-se grupos de extrema direita e extrema esquerda, que têm muita força em França. Isto levou a que Macron fosse obrigado, a partir de dia 15 de Dezembro, a promover um debate sobre impostos e despesas públicas, com vista a alcançar soluções concretas. França é um exemplo para a Europa. É um erro achar que isto foi mero acaso. São vários os governos em França que têm sido humilhados sempre que tentam pôr à prova medidas que afectam o nível de vida da população. E agora o problema agrava-se, porque já se provou na Europa que quanto menos dinâmica for a economia, mais esta é castigada por impostos. Veja-se o caso de Portugal, que foi castigado durante anos, e não houve significativas melhoras no nível de vida das pessoas.
A diferença é que em França as pessoas não são passivas nem são subordinadas aos costumes apodrecidos que, sempre que existe uma greve ou uma manifestação, ou até, um movimento das pessoas, rapidamente se juntam, e avocam a si a luta, inviabilizando o crescimento da luta e, essencialmente, impedindo a mobilização. Mais grave, instrumentalização essas lutas, que, já são encaradas pelos sucessivos governos como verdadeiros "costumes" (práticas constantes e podres), que nada fazem e deixam fazer.
A passividade verga-se ao costume, ou seja, as pessoas habituaram-se ao costume de serem sempre os mesmos a instrumentalizarem as lutas em Portugal, e mesmo esse costume estando apodrecido (e actualmente faz parte do Governo - falo aqui dos partidos de esquerda), as pessoas são passivas, não reagindo às injustiças, que são gritantes em Portugal, mas estão escritas em letras pequenas.