Quem abre a página da Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários depara-se com o seguinte: " Ser Bombeiro Voluntário não é o que fazemos, é o que somos". Este lema valoriza a pessoa humana e toda a sua dignidade, mas será que quem tem a tutela nesta área cuida da dignidade destas pessoas que voluntariamente e de forma "escrava" e honrosa lutam diariamente contra, em muitos casos, a irresponsabilidade de "particulares" e do "próprio Estado" ? Não podemos cooperar com os irresponsáveis, mas são esses irresponsáveis que contribuem para as "mortes" esporádicas de voluntários que lutam contra os incêndios. Hà uns dias, conversava informalmente com um amigo que trabalha no terreno e tem um conhecimento profundo da situação e dizia-me :" enquanto não houver multas "exemplares" para quem não "limpar" os seus terrenos, que na maioria são particulares, os incêndios vão continuar a surgir e afectar as populações. Um esforço de diálogo não resolve este problema, porque os factos indiciam que as pessoas não cumprem as obrigações morais, sendo necessária a obrigação jurídica. Um outro problema é o mau funcionamento da Justiça, devido ao facto de a maioria dos "incendiários" terem visto ser-lhes aplicada a medida de "termo de identidade e residência", o que lhes permite voltar a cometer o mesmo crime contra as florestas. Mas, aqui neste domínio as corporações podem agrupar-se e fazer elevar a voz a uma mudança, criar pressão junto do Governo, e não lhes faltam meios para iniciativas, falta apenas a coragem e o risco.
Esta causa é das mais nobres e que merecia um respeito generalizado e com meios. Nesta fase, muitos voluntários já devem estar cansados de serem heróis.