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sábado, 28 de janeiro de 2012

Plebeu Estagiário


Entrevistar, aconselhar, negociar e redigir. Parece-me que acabei de enumerar as capacidades básicas de um advogado. Várias vezes fico inquieto, questiono-me: “Como e possível que, durante os quatro ou cinco anos de um curso (dependendo das faculdades), nada se ensine sobre o básico do exercício da profissão de advogado?”. Ainda ontem voltava do Tribunal, o teatro dos sonhos de qualquer profissional do foro, e, percebia, que, os conhecimentos práticos são uma das únicas formas de um jovem advogado sobreviver e vencer. No último ano da faculdade, na UCP do Porto, temos as cadeiras de Praticum de Processo Penal e Praticum de Processo Civil, presumo ser a única faculdade com essa estrutura organizacional, que nos permitem ter uma perspectiva um bocado mais prática e real do exercício da profissão, mas ainda distanciada do objectivo principal: transmitir ao aluno a ideia, na prática, do exercício da profissão. Um aluno termina o seu curso, torna-se jurista e a que o obrigam? Estagiar e estudar a teoria, porque presume-se (por vezes, aqui reside o problema) que durante o estágio, o estagiário vai aprender e ter possibilidade de contactar com a prática, mas, na realidade, se perguntarem na Ordem dos Advogados, aos estagiários presentes, quantos já foram a tribunal, ate arrepia o silêncio. Foi-nos ensinado nos bancos da faculdade que este silencio tem valor declarativo, e acrescento: “surpreende”. Ficaram plebeus de outros tempos?
Hoje, urge sermos bem formados, tirarmos o mestrado e um possível doutoramento daqui a uns anos, como tenciono, mas não devemos deixar deixar de aprender a prática jurídica, porque terminada a ordem, um advogado estagiário pode representar pessoas, e, lutar num meio no qual sempre o tentaram tornar insignificante, o meio do advogado estagiário.