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quarta-feira, 11 de abril de 2018

Síria: só Donald Trump?







   Impressionante, chocante, assustador, tenebroso, trágico, apavorante e arrepiante são algumas das palavras para descrever as imagens e os relatos que chegam de Ghouta Oriental, na Síria. A ONU já pediu uma investigação imparcial ao recente ataque químico, que fez 500 mortos, entre eles crianças, onde as imagens entram pelas televisões dos espectadores pelo mundo fora. Mas enquanto a ONU pede uma investigação, mais uma centena ou milhares de pessoas já morreram entretanto, porque, depois da investigação, serão tomadas medidas, que irão a votos e dificilmente passarão no Conselho de Segurança, onde crónicos membros permanentes vetarão, como é seu apanágio. Custa ter de admitir que Donald Trump - ao seu estilo pouco assertivo - bem como o presidente Macron, têm sido os únicos a endurecer o braço de ferro com o regime Sírio e a Rússia. Theresa May só recentemente se juntou publicamente. Será assim tão difícil conseguir saber se foram usadas armas químicas, quando a ONU tem homens no terreno? O que mais será preciso acontecer para haver uma reacção concertada da comunidade internacional contra estas atrocidades?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Lula da silva: instrumentalização ou epidemia?






   Lula da silva foi, talvez, das figuras mais importantes do Brasil, e marcou decididamente um tempo. Tirou milhões de pessoas da pobreza, mas o mais importante, foi dar oportunidade a pessoas que nada tinham, e essa oportunidade traduziu-se em coisas simples, como, por exemplo, ter um cartão de débito, e ter um mínimo de subsistência. Em 10 anos, o programa "bolsa família" tirou 36 milhões de pessoas da pobreza extrema. Mas por ter retirado milhões de brasileiros da pobreza não merece ser julgado e ir preso? 
   Não, não é por isso, nem alguma vez se podia pensar nisso. A subversão das coisas e a rapidez com que é feito impede, por vezes, uma análise independente e justa. Independentemente disso, toda a pessoa é igual perante a lei, mas o problema é que estamos a falar de um processo que foi politizado, num país onde a credibilidade dos políticos está próxima do patamar zero. Da mesma forma que o envolvimento do poder político se estendeu a Temer, que igualmente deveria ser julgado e preso, e bloquearam o seu julgamento, que, de qualquer forma, voltará um dia, e aí terá poucas hipóteses de se livrar. Mas, e porque tudo o que se está a passar no Brasil com julgamento de Lula um dia vai ser descoberto, esperemos que a justiça funcione para os restantes políticos com a mesma celeridade que aconteceu com Lula da Silva, não por uma questão de gosto ou partidarização, mas por uma questão mesmo de Justiça. Se para uns é razoável, à luz do nosso sistema, não é aceitável que alguém seja condenado sem ter havido o trânsito em julgado da decisão, sem poder esgotar todas as possibilidades de recurso. É perigoso afirmar que Lula da Silva está inocente, da mesma forma que é igualmente perigoso afirmar que é culpado, estando mais próximo deste último, visto ter sido já julgado por tribunais, mas ao mesmo tempo, aqueles que o julgaram, envolveram este processo - mais que o que ele já estava - num processo meramente político.
   A dúvida que fica é se, com esta mediatização do caso Lula, e com a politização oferecida ao caso, houve instrumentalização do caso para atingir certos fins ou trata-se mesmo de um efeito epidémico sem retorno na justiça brasileira.