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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Indiferença Europeia





O problema agrava-se, e não existe solução, nem sequer tão pouco vontade para reverter o rumo dos acontecimentos. Ontem, abriam telejornais. Hoje, aparecem como notícia no final dos telejornais, e, amanhã talvez desapareçam de vez dos telejornais. Este é o mundo actual em que vivemos, de completa indiferença aos demais, aqueles que fogem da desgraça, da guerra e da miséria. Todos os dias o cemitério de Santa Maria de Rotoli, em Palermo, Itália, recebe migrantes mortos, que tentaram a todo o custo a sobrevivência, mas que, infelizmente, morreram na luta pela sobrevivência. Maioria são indigentes, sem qualquer tipo de identificação, e assim ficam ali, isolados, como se não fossem vidas humanas. São pessoas esquecidas, que nem sequer são identificadas, e ali ficam como se tratassem de personas non gratas.
Os populismos e as políticas de anti-imigração promovem uma europa sem valores, semeando a indiferença ao tema, desviando gastos e reduzindo custos nos apoios já concedidos. Uma europa que se torna cada vez mais irrelevante e dividida e que não assume as suas responsabilidades, olvidando as suas raízes. Uma comunidade internacional que, de forma a obedecer ao princípio da não ingerência (nos assuntos internos de outro Estado), cumpre apenas serviços mínimos, com equipas low-cost reduzidas, que são uma gota no meio do oceano, ou seja, não conseguem evitar as milhares de mortes.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Elogio ao PAN






Evoluir é criminalizar os maus tratos a animais, e Portugal soube evoluir nesse aspecto. Talvez muita gente, inicialmente, pensasse que o PAN (partido dos animais e pela natureza) fosse apenas uma ideia surgida em torno de uma certo populismo, mas isso não aconteceu. O PAN soube trazer para a discussão pública um conjunto de temas e ideias de uma sociedade moderna, que já são regra nos modos de conduta de vários povos europeus. Em Portugal já conseguimos que os animais deixassem de ser coisas perante a lei, passando haver um estatuto jurídico dos animais. E recentemente conseguimos criminalizar os maus tratos a animais. Já houve e há debates em torno da tauromaquia e do circo com animais, por exemplo, e antes da existência do PAN na assembleia da república, não havia discussão pública, nem havia ninguém no parlamento nacional que levasse a debate essas questões.
Se surgirem partidos como o PAN, com determinada relevância para a sociedade, e que saibam posicionar-se no debate de ideias e no contributo para uma sociedade melhor, serão sempre bem vindos.
O PAN merece o elogio.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Jair Bolsonaro, uma ameaça real.


Jair Bolsonaro

   O Brasil enfrenta um dos momentos mais importantes da sua democracia após a ditadura militar de 1985. Uma das coisas que merece um pensamento isolado é o surgimento de fenómenos como Jair Bolsonaro, e perceber a razão de tal surgimento, mas, infelizmente, maioria da classe política, não apenas brasileira, prefere ignorar e resignar-se perante o crescimento vertiginoso de figuras ímpares, que o passado reprovou. Cada vez temos mais pessoas ascender a cargos políticos sem conhecimento do passado, sem conhecimento da história. Mas o povo jamais pode ignorar e esquecer a história. 
   Quem assistiu ao impeachment, lembra-se de Jair Bolsonaro. Foi quem, na votação do impeachment de Dilma Rousseff, dedicou o seu voto ao Coronel Brilhante Ustra, líder do DOI-Codi, a polícia política da ditadura, que torturou Dilma Rouseff durante o regime militar, quando esta era líder da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Dilma Rousseff foi presa em 1970, e, foi torturada de uma forma cobarde e cruel, tendo inclusivé perdido dentes após ser esbofeteada. Dilma chega mesmo a relatar o que lhe diziam, enquanto esteve presa: "Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um ‘presunto’ e ninguém vai saber”, era uma das ameaças ouvidas de um agente público no período em que esteve presa. “Tinha muito esquema de tortura psicológica, ameaças (…) Você fica aqui pensando ‘daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura".
   Jair Bolsonaro é alguém que defende que o tempo da ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985, foi uma época gloriosa no Brasil, foram anos de progresso. Para ele, o erro da ditadura foi torturar e não matar. Defende o ditador Augusto Pinochet, aplaudindo o tempo em que matou milhares de pessoas no Chile, reconhecendo que apoia a tortura. Defende que o ex. presidente Henrique Fernando Cardoso devia ter sido fuzilado. Defende que os negros não servem para nada. Trata as mulheres como os homens da idade média.
   A eleição de Jair Bolsonaro significa um retrocesso, um esquecimento do passado e de toda a sua história, bem como um expresso apoio ao regime ditatorial, que torturou e matou milhares de Brasileiros.