Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

"Por favor, parem o Brexit e fiquem connosco"


Câmara dos Comuns 

   Até ao momento, Theresa May tem sido uma desilusão. Acho impensável um país como o Reino Unido estar a "brincar com o fogo" numa situação tão delicada como a que se encontra neste momento. O dia 29 de Março está a chegar e a saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo e sem período de transição seria (a consumar-se) uma catástrofe, de dimensões imprevisíveis. A Sra. May tinha vários planos, mas o que todos vemos é que só existia um e esse foi rejeitado em catadupa pelo parlamento. Não quer um novo referendo, porque entende que seria contrariar os resultados do primeiro obtido e poderia abrir um precedente perigoso, mas, mesmo podendo discutir, refere que não avançaria no parlamento. Na mesma linha, rejeita também a hipótese de suspender o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, por ela activado em Março de 2017 para iniciar as negociações da saída. Ou seja, Theresa May não tem um plano de saída, e não quer um novo referendo nem suspender o artigo 50.º. Não suspendendo o artigo 50.º, no dia 29 de Março o Reino Unido deixará de fazer parte da U.E.
Mesmo perante a recusa de Bruxelas para renegociar o acordo chumbado, Sra. May pretende apresentar aos deputados britânicos o mesmo acordo (com alterações pontuais) que foi chumbado, não havendo um plano B. Uma das alterações (veja-se bem como isto anda) passa por isentar cidadãos europeus do pagamento de uma taxa de 65 libras quando se candidatarem a visto de residência permanente no Reino Unido após o Brexit. 
Retirar um país como Reino Unido do livre comércio, tem consequências económicas nefastas, e não se pode retirar uma fábrica que está em Inglaterra para colocá-la noutro país de um dia para o outro, com todos os custos que isso suporta.
Num momento em que a Câmara dos Comuns está mais dividida do que nunca quanto à saída da U.E, com posições diferentes dentro do mesmo partido, Theresa May demonstra pouco espaço para negociação, ao mesmo tempo que não apresenta nenhuma solução. Faltam apenas 67 dias, e, aqui não podia deixar de frisar as tão assertivas palavras da alemã Annegret Kramp (que sucede a Merkel na CDU): "Por favor, parem o Brexit e fiquem connosco. Vamos ter saudades de ir ao pub, de beber chá com leite, mas acima de tudo dos nossos amigos do outro lado do Canal".