Foi em 1954, que Churchill , num épico discurso, pouco depois do término da II Guerra Mundial, profere as seguintes palavras: "Foi a nação e as gentes de todo o mundo que tiveram o coração de leão. Eu tive a sorte de ser chamado a dar o rugido. E espero ter conseguido sugerido ao leão o sítio certo para usar as garras".
Actualmente, podemos dizer que António José Seguro, actual líder do PS, teve a sorte de ser chamado a dar o rugido, e acho que conseguiu sugerir ao leão o sítio certo para usar as garras. O leão, e única e possível salvação de tal comunidade socialista, é António Costa, que, antes de entrar em cena, e depois do rugido de Seguro, prepara-se para o momento, que será uma inevitabilidade, ou, caso contrário, poderá significar o afundar do barco socialista.
Hoje, a comunicação social noticia a presença de António Costa nos Açores, numa sala cheia de simpatizantes - como tem acontecido no partido sempre que ele se prepara para falar - com posições divergentes do actual líder do seu partido, e, a questão é a seguinte: mas o líder, para diversos socialistas, no fundo dos seus pensamentos, não foi sempre António Costa ?
Defendi e continuo a defender que António José Seguro é um fraco político, dos piores que já vi passar na política, que não toma posições vincadas sobre nada, e, se há período em que havia razões para um crescimento e uma forte oposição era neste momento de crise em que vivemos. O seu destino está sentenciado, e, ainda hoje, quando um jornalista lhe pergunta sobre a candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa, com ar completamente derrotado, de quem já não tem mão no partido, traído por aqueles que no início lhe abraçaram e estiveram ao seu lado, este responde: "António Costa é um bom presidente da câmara de Lisboa", quando, sobre uma das autarquias mais importantes do país, o normal é um líder saber o seu destino.
Quanto mais tempo demorar a queda de Seguro no PS, mais fastidioso e penoso será para este, que, quando acordar do pesadelo, já não conseguirá emendar as querelas, criadas ao longo do tempo dentro do seu próprio partido.