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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Fernando Ulrich


  



   Por vezes, parece que estamos noutro país, e, quando ouvimos, ao longe, certas declarações, neste caso específico do tumultuoso e conturbado presidente do BPI, penso que tudo isto poderá ser do tempo que se faz sentir em Portugal Continental, Açores e Madeira, que causou estragos.
   No meio da turbulência, o Sr. Ulrich diz: "se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?". Hitler, noutro tom, mas com o mesmo pensamento, também disse um dia: "Mendigos moribundos ou porcos famintos, não tendes outra escolha". Mas, na entrevista que deu ao expresso, Ulrich continua a explicar: "Se os gregos aguentam uma queda do PIB DE 25%, os portugueses não aguentam porquê ? Somos todos iguais ou não ?". Agora, é útil perceber a razão pela qual Fernando Ulrich fala desta forma e com esta insensibilidade total perante os destinatários: portugueses. Porque será que o discurso é afastado do país ?
    A resposta só pode - pelo menos perante tal discurso tornado público - ter a ver com a ignorância total acerca das condições de vida da maioria dos portugueses, e, da maioria dos sem-abrigo. Queria que os sem-abrigo não sobrevivessem ? Mas assim não haveriam sem-abrigos. Então, queria que eles falecessem com um peso abaixo do mínimo indicado (com imagens chocantes, a exemplo da África Equatorial) ? Mas esquece-se que, muitos deles, acabam na rua, isolados e sozinhos, abaixo do peso mínimo indicado, perdidos num tempo que nunca voltou. Ou então, vive bem, sabendo que eles aguentam em condições miseráveis, sem a mínima dignidade, e desintegrados da sociedade ?
   É importante que antes de se falar, se pense no que se vai dizer, seja-se o que se for, porque antes de tudo, somos todos pessoas, e todos merecemos respeito e, quando vemos alguém proferir tais declarações sobre, por exemplo, os sem-abrigo, fazendo um termo de comparação inaceitável, só podemos censurar e achar que tudo isto foi engano, porque é mau demais para ser verdade.
   Portugal, sem dúvida alguma, será um melhor país e vencerá as suas dificuldades sem pessoas como o Senhor Fernando Ulrich, a quem, concorde-se ou não, era hora de conceder o Asilo.