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domingo, 14 de julho de 2013

Gram Vikas


   




   Decidi partilhar aqui o exemplo de Gram Vikas, que para mim representa a forma fantástica como ajudou o seu povo, as suas pessoas, percebendo o que elas necessitavam. No vídeo que partilho aqui com vocês vê-se que Gram Vikas detectou que existia um problema: água contaminada. As suas gentes viviam com menos um dólar por dia e 75% das pessoas estavam contaminadas.
   Quando era pequeno, um dia virou-se para seu pai e perguntou: "pai porque é que aquelas pessoas morrem todas contaminadas?". O pai disse-lhe que era assim e para deixar estar, mas Vikas não se resignou e percebeu que era preciso mudar a mentalidade, a educação das pessoas. A água ficava contaminada porque como não tinham sanitários na aldeia, as pessoas faziam as suas necessidades no rio e contaminavam as águas. É importante frisar que antes de Gram Vikas mudar a vida destas pessoas, o Governo tentou fazê-lo, tendo postos 2 casas de banho na aldeia. Sabem o que aconteceu? As pessoas iam às casas de banho e bebiam a água das sanitas, ou seja, não resolveram o problema, porque os problemas resolvem-se juntos das pessoas, percebendo-as e educando-as.
    A água contaminada provocava doenças, que matavam milhares de pessoas e fazia com que aquelas pessoas vivessem pouco tempo, algumas nem chegavam à idade adulta. O que fez o governo foi não atacar o problema, foi fazer o contrário de Gram Vikas. Gram Vikas começou falar com as pessoas, nomeou um líder local que explicasse as coisas às suas gentes e aos poucos foi sendo compreendido na comunidade e aproveitou os recursos da aldeia para juntos construirem e mudarem aquela aldeia.
   As pessoas na aldeia iam buscar água a um poço que ficava a alguns quilometros da aldeia e com o problema da água contaminada, depois de conseguir explicar às pessoas como se faz, Vikas mudou mentalidades e melhorou significamente e para sempre a vida daquelas pessoas, passando haver água potável. Porque razão o Governo não resolveu o problema e Gram Vikas resolveu?
   A resposta é que o Governo não trabalhou as pessoas e Gram Vikas trabalhou e preocupou-se com as pessoas, foi sempre a sua primeira preocupação, porque percebeu que só resolveria o problema se mudasse os hábitos, educasse e explicasse às pessoas aquilo que o Governo não fez.
   Simplesmente fantástico o exemplo do nosso Gram Vikas, de quem ensina como fazer e resolver o problema das pessoas. Não podia estar mais de acordo e lembro-me de quando estive em África, quando trabalhei com crianças e adolescentes de rua, e a câmara municipal para resolver o problema das crianças dava dinheiro a uma associação para lhe dar comida e elas pegavam na comida, vendiam e consumiam droga e isto era um ciclo alimentado anos e anos, porque não atacaram o problema. Nós resolvemos o problema porque fomos falar com as crianças, juntamo-nos a elas, e juntos criamos uma escola onde tentamos educá-las, valoriza-las e integra-las na comunidade.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Momento Cavaco Silva


   





   Por vezes, a melhor forma de tentar perceber este país é questionar: porquê só agora ? 
  O Presidente da República fez-me lembrar aquela pessoa que vai a um restaurante e pede um prato de valor elevado, e, não conseguindo pagar, no fim fica a lavar pratos, ou seja, arriscou como aqueles que em outrora arriscaram quando assinaram os famigerados contratos swaps. Foram muitas as reuniões com os partidos políticos durante este tempo, muitas foram as reuniões do Conselho de Estado, muitas foram as reuniões com os empresários, porquê só agora? Mas será que alguém acredita que o PS (que tem uma posição firme desde há muito tempo) vai aceitar coligar-se num governo de salvação nacional com PSD e CDS? O mais provável é o PS ausentar-se de um governo de salvação nacional (porque o seu líder infelizmente só vê eleições à frente, embora haja internamente outras pessoas com mais valor como António Costa), o CDS recusar governar nas mesmas condições que anteriormente existiam e o PSD dificilmente aguentará este governo pelo menos com os mesmos protagonistas. Acho que a ideia de um governo de salvação nacional é boa, mas não nesta fase, em que os comandos e os fuzileiros de ambos os partidos políticos já estão no terreno a disputar guerras internas e não existe diálogo, daí entender que com estes líderes políticos actuais, principalmente PSD e PS será quase impossível um governo desse tipo. Talvez com outro tipo de liderança ou protagonistas seja possível aplicar esta ideia, porque assim neste quadro actual é inexequível. Há quem diga que os políticos têm de ser responsáveis e entenderem-se, e acho que a maioria das pessoas pensa dessa forma, mas entre a teoria e a prática existe uma linha que os separa, e, pensar que vai haver essa responsabilização fica à observação de cada um, olhem para o que se tem vindo a suceder.
   Com este quadro político, o que poderá acontecer é estes sujarem os pratos, ou seja, rejeitarem, e aí terá de ser o presidente a lavar esses mesmo pratos sujos perante o país. E chegados a este ponto, coloca-se a questão: que independente pode assumir o país ? Não podemos esquecer o exemplo de Itália, onde o Sr. Monti nas últimas eleições conseguiu 10% dos votos, o que diz muito da opinião pública a respeito desse cenário. Mas, por outro lado, estamos em Portugal e pode ser que não se suceda da mesma forma, mas é um risco.

terça-feira, 9 de julho de 2013

(De)missão Paulo Portas






    A pergunta que faço: foi uma demissão de Paulo Portas ou por trás disto, havia uma missão?
   Começando pelo acto de demissão, e, embora simpatize com a pessoa em questão, acho que foi talvez dos piores momentos, senão mesmo o pior momento de Paulo Portas na vida política, porque escolheu mal o timing, entrou em contradição com o que tinha dito 15 dias antes ("pelo interesse nacional faremos tudo"), não consultou o partido e pôs em risco um país que vive dependente do que os outros vêem, e aquilo que se viu foi uma "zanga política". 
   O acto de demissão, segundo a comunicação social, deveu-se à escolha da ministra das finanças Maria Luís Albuquerque. Aqui, se tal informação foi verdade, o PSD agiu mal (inclusivé o Presidente da República) porque deviam ter consultado o parceiro de coligação, não estivessemos nós a falar de uma pasta decisiva para o país, mas não é motivo para abrir guerra a nível nacional, uma vez que o CDS definiu as condições em que aceitou fazer coligação, e se algo foi quebrado, só tinha de explicar e tornar público os factos, mas o que, mais uma vez o país assistiu, foi a uma espécie de ocultação de informação, que leva as pessoas a pensar que tudo isto foi um triste espectáculo. E Paulo Portas não soube usar a habilidade e inteligência que tanto o caracteriza, porque se o fizesse e falasse para as pessoas, talvez evitasse o caos político.
   Mas, este acto de demissão, que agora voltou a ser de reintegração, resolveu o problema?
  O CDS no governo também tem um grave problema de comunicação, espelhado neste momento de demissão e posterior reintegração. Quem assistiu a isto visto de fora pensa o seguinte: "olha pronto já resolveram o problema, mais uma pasta para este e outra para aquele e as coisas recompõem-se", ou seja, que esta zanga deveu-se a troca de lugares, a poder. Acho impressionante como é que ninguém explica às pessoas o que passa ou realmente passou, porque são elas que suportam as consequências destes actos. Mas, por outro lado e realçando esta crítica de falta de explicação e informação ao país, acho que Paulo Portas conseguiu cumprir a sua missão, colocar-se a vice primeiro-ministro e ter mais poder que o próprio primeiro-ministro.
   Não tenho dúvidas que o governo pode sair mais reforçado com esta remodelação, mas tenho dúvidas sobre a continuidade estável desta relação, desta coligação.