Será que, alguém inscrito num partido político, deve poder encabeçar outra candidatura, seja ela independente ou não, adversária do seu partido, numa mesma eleição?
Nestas eleições autárquicas que ocorreram em 2013, pode dizer-se que houveram coisas e fenómenos que surpreenderam, como, por exemplo, os que ocorreram nas cidades do Porto e de Matosinhos. Em Matosinhos, o Guilherme Pinto, desfiliu-se do partido socialista e candidatou-se como independente. E isto porquê? Obviamente que, se fizesse a candidatura contra o partido socialista ou até houvesse duas, este sairia a perder e se apoiasse (filiado no partido socialista ) outra seria provavelmente expulso. Não foi por acaso que, António Costa, na Quadratura do Círculo esta semana disse que gostaria que Guilherme Pinto voltasse ao partido socialista, porque este não afrontou ninguém, porque já estava desfiliado e livre nas suas opções e escolhas.
Na verdade, até houve quem achasse que o que fez António Capucho não foi correcto e violou os estatutos do partido, mas que devia ter havido uma espécie de "amnistia" (Pacheco Pereira), o que é contraproducente, porque se assim fosse haveria sempre quem viesse reclamar o mesmo tratamento e talvez nunca se chegasse a soluções iguais, mas desiguais. A questão das escolhas (muitas com as quais discordo também completamente) tem a ver com outras questões e não podem justificar outros actos como muita gente publicamente tem defendido, porque senão também deixaria de ser uma organização ou um partido e eu, por exemplo, porque não fui escolhido pelo meu partido para ser candidato na autarquia x, vou integrar outra lista e mostrar ao meu partido que conseguimos vencer, tem lógica e é admissível? É admissível se eu me desfiliar, e 90% dos casos é o que fazem e foi o que fizeram nas eleições autárquicas de 2013 e sabendo que António Capucho é uma pessoa inteligente não consigo perceber porque não seguiu essa via, podendo mais tarde certamente voltar, talvez com outras pessoas ao leme. Mas, não me parece admissível estar filiado num partido e ser adversário desse mesmo partido numa eleição. Tentando perceber o que fez António Capucho, este candidatou-se à Assembleia Municipal de Sintra noutro lista, diferente do seu partido e contra o seu próprio partido. Se assim foi, e até agora (mesmo depois do mesmo ter falado publicamente) nada foi acrescentado, seria difícil António Capucho não perceber que isso seria uma possibilidade forte, ou então porque razão outros se desfiliaram dos seus partidos para concorrerem às eleições autárquicas?
Acho que não é por se ser fundador que se tem mais legitimidade que x ou y, isto respeitando António Capucho, e, atacar e dizer mal do partido só fica mal depois muito do que foi se dever ao partido, e, infelizmente a gratidão é esquecida de forma célere, basta já não precisarem, e, isso é que está mal também na política. Aqui, a expulsão era quase inevitável.