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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Caso do Meco

 






    Tudo isto é  normal ou foi apenas o "Meco"?
   Começar por perceber o significado da "praxe" é fundamental para qualquer tipo de discussão, seja-se defensor, contra ou neutro. O último debate que vi sobre este assunto foi o "prós e contras" e desculpando a linguagem: "foi de bradar aos ceús" (ver em baixo). Neste debate, os defensores preocuparam-se em defender mais as suas claques em vez de discutir o verdadeiro fundo da questão: "existem ou não as praxes violentas"? O que se pretende com este debate? Qual o verdadeiro significado e sentido da praxe? O que o Meco tem a ver com isto?
   Relativamente ao "Meco", o que sabemos? Pouco ou nada. Em termos de prova, só temos a testemunhal e essa é fraca, porque na verdade o único que pode dizer algo só o fará nas instâncias para o efeito e até ao momento não o fez na praça pública (que é o "dux"). Numa fase incial, dizia-se que houvera quem os visse com o pés amarrados, e a autopsia veio dizer que não. Na questão dos pertences, tudo foi muito esquisito e  ninguém descobriu quem foi à casa e levou de lá as coisas dos jovens. As mensagens trocadas nos dias antes da tragédia e no dia nada dizem sobre o que se passou. Nunca se soube quantas pessoas exactas estiveram lá naquela noite e como estiveram e a fazerem o quê, ou seja, sempre estavam em ritual de "praxe"? Sem perceber o que se passou com dados mais objectivos e mais fortes, o julgamento popular favorece quem não fala e quem tem se remete ao silêncio.
    No que concerne à "praxe", se alguém vos disser: "Tens andar de mão dada com um gajo pela faculdade durante a tarde toda ou dar de comer a outra pessoa de joelhos" (para o caloiro). Isto para muita gente, e mais actualmente, até é uma alegria, mas na verdade, ou se entra no espírito (modo "praxe") e se aceita estas coisas e outras, ou não se concorda e tem se liberdade para nem sequer colocar a hipótese de integrar tais práticas. Recentemente, há prova de práticas de praxes violentas, condenáveis essas e isso acho que todos concordamos, mas não será que as faculdades aqui têm a sua responsabilidade? Onde estão as faculdades? Porque estas fogem quando têm responsabilidade? Porque razão estas têm interesse em fugir destas questões? As praxes violentas existem e não vale a pena esconder esse fenómeno (e o mais grave é que não existe só no ensino superior: existindo também no ensino secundário), e se existem, porque não se tenta descobrir os seus infractores e punir? Mas para isso tem haver um consenso entre as associações académicas e universidades e até o próprio governo. As declarações na praça pública sem fundamento concreto sobre o que se passou no Meco e o ataque feroz às "praxes" não resolve o problema, apenas o agrava e excluí mais uma vez o diálogo. E o que mais choca é olhar em cima para as fotos destes 6 magníficos jovens e constatar que até ao momento nada foi discutido, e que situações destas podem voltar acontecer, porque os principais responsáveis (governo e faculdades principalmente) não se sentam e discutem o problema.
   Pena é que, quando existe um problema, erguem-se as bandeiras, abana-se a cabeça mas não se diz a solução. Se queremos uma sociedade com mais espaço para o diálogo, deve-se promover esse diálogo, e não condenar logo, porque aniquila-se logo aí qualquer possibilidade de diálogo. Se for provado que os jovens que morreram no "Meco" estavam em rituais de "praxe" e houve homicídio por negligencia, todos estamos aqui para condenar. Mas se nada se apurar em matéria criminal, talvez já esteja enterrada a possibilidade de diálogo sobre este tema e formas de o resolver e solucionar.