Se antes, não existia supervisão e o país sofreu com essa falta de actuação (onde o exemplo mais dramático é o caso BPN, onde a ausência de supervisão permitiu o devaneio e o crime e ainda hoje o país paga a nacionalização do designado "Banco Dona Branca") , hoje parece que os indícios apontam para outro sentido: o sentido da actuação. Quem diria que depois do aumento de capital, o BES poderia entrar já numa crise de sucessão na sua gestão de topo?
Bem, talvez possa não ser muito perceptível, mas o papel do Banco de Portugal aqui tem sido decisivo para isolar o grupo BES da sua holding, o Espírito Santo Financial Group. A pergunta que deve ser colocada é: como é que, estando a holding tecnicamente "falida", e precisando de investidores, alguém vai investir nela? E, sendo que esta ainda controla 25% do BES, a única solução não passará por vender a participação que tem no banco? É que, numa análise rigorosa, e, acreditando nos números tornados públicos que confirmam a insustentabilidade e insolvência da holding, a única saída deveria ser a venda e posterior afastamento do Banco BES.
Se não tivesse havido intervenção, talvez outro caso "Millenium BCP" pudesse surgir em Portugal. Depois de termos assistido a outras formas de gestão pouco "transparentes" no caso de outros bancos, agora com a gestão do BES talvez se encerre uma forma de "governar" que durou anos e anos em Portugal. É de enaltecer que, após vários anos, e, pela primeira vez, se possa assistir a uma actuação do Banco de Portugal com rigor (até agora) e que possa defender os interesses do país. Até aqui, em todos os casos que assistimos, todos defenderam os interesses das partes envolvidas, menos do país, avocando sempre o Estado para os socorrer dos naufrágios, em prejuízo dos cidadãos, que, tiveram de sofrer com as consequências de nacionalizações bancárias, algumas em que se surgissem auditorias tão rápidas como a do BES, em vez de irem 3 ou 4 presos, tínhamos 20 ou 30, e e não daria tempo para "esconder" o dinheiro em "offshores" de forma tão célere.
Como diz Helena Garrido hoje no jornal de negócios, a solução só pode ser uma: "É preciso proteger o BES da família Espírito Santo".