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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Reunião Rússia e E.U.A.

     





    Será que os bombardeamentos aéreos são suficientes para eliminar o ISIS na Síria?
   Até agora não e duvido que o caminho se faça apenas e tão só pelos bombardeamentos. Talvez esta fosse a questão importante a discutir na reunião, que, infelizmente não trouxe nada de novo ao que já se sabia de uma e outra parte. No passado invadiu-se, por exemplo, o Iraque quase que por uma questão que ainda hoje poucos conseguem perceber, e, hoje quando se precisa de ponderar de forma séria e rigorosa uma estratégia de ocupação militar com a presença de tropas no terreno na Síria, essa situação é completamente excluída. É um erro excluir essa possibilidade, nomeadamente olhando para a forma como o Estado Islâmico tem avançado, como tem crescido, estimando-se que tenha biliões em seus cofres, onde as relações comerciais, por exemplo, para venda do petróleo se têm estendido, não se ficando já apenas pela Jordânia e Turquia. E o mais grave de tudo, que continuam a espalhar a sua política de terror, matando milhares de pessoas, sem terem até ao momento uma oposição veemente à sua política. Mas, se os E.U.A continuam a pensar que é através de agentes locais, financiando guerra contra terror na Síria que vão conseguir solucionar o problema estão enganados e cada vez mais a realidade lhe mostra isso, porque a ideia dos "meninos de recados" tem sido um desastre, porque cada vez mais pensa-se que os milhões que foram dados para financiar essa guerra na Síria foram para pessoas aliadas do Estado Islâmico e o resultado está à vista. 
   A política externa sempre foi o ponto fraco de Obama, e, num momento em que mais se precisava de uma política externa forte dos E.U.A. ela é completamente inexistente nesta questão do conflito na Síria. 



domingo, 20 de setembro de 2015

Eleições Gregas





  Pela terceira vez, os gregos votam este ano. É interessante e curioso ouvir a mudança de discurso do Syriza, de um partido que no passado sempre admitiu romper com as medidas de austeridade e agora pretende batalhar por melhorias no programa de austeridade. Fica no ar saber se este Syriza ainda mantém a sua matriz, ou se a matriz pertence agora ao novo partido criado pelos dissidentes do Syriza - a Unidade Popular (que propõe a saída da Grécia do euro e o regresso ao dracma). Nesta campanha, o Syriza não avançou com nada de novo em termos políticos. Longe do discurso entusiasmante que incendiou e abanou a Europa, acabou por ceder e talvez tenha sido a melhor decisão, mesmo que isso tenha provocado o seu isolamento político. Apenas reiterou e comprou um discurso já desgastado de promessas eleitorais: "criar milhares de empregos", mas não disse como iria criar esses empregos. Se no início deste ano, a coligação com a "Nova Democracia" era impensável devido ao radicalismo do Syriza, agora parece mais provável e real. Como em poucos meses as coisas mudaram. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Disparates sobre Refugiados

  





  Bem, pensava que era apenas no Natal que se compartilhavam fotos do sem-abrigo, mas afinal percebi que também quando se fala de refugiados, é reavivada a memória e trazida a lembrança daqueles que andam vagueando pelas ruas de Portugal. Pena é que a lembrança seja apenas usada e trazida como arma de arremesso, e não como forma de mudar algo que já existe ou para melhorar a vida das pessoas onde molham a palavra. Os sem-abrigo são um problema social localizada em certas cidades do país, que tem muitas pessoas que todos os dias, no terreno, tentam melhorar e mudar a vida dessas pessoas. Por exemplo, o projeto "Welcome Home", que transforma sem abrigos em guias turísticos das cidades é um deles. Essas pessoas que compararam ou criticaram quem defende ou defendeu os refugiados com o exemplo dos sem abrigo já fizeram algo ou fazem para melhorar a vida dos sem abrigo? Comparar o problema dos refugiados com o dos sem abrigo é mesquinho, porque responder a um problema, não tem como consequência não responder ao outro. E aqui no caso dos sem abrigo é um mau exemplo, porque há boas respostas sociais no terreno, e falam com desconhecimento de causa. No caso dos refugiados, não há respostas nenhumas (estão ainda a ser preparadas).
   Mas, infelizmente os disparates estenderam-se  também a algumas pessoas que defenderam o acolhimento dos refugiados, nomeadamente no caso da União das Misericórdias e no caso da Cáritas. O caso da Cáritas é muito grave, e, aqui sim é talvez um dos únicos casos que vi que merece veementemente contestação, por ser um autêntico disparate. O disparate veio da boca do presidente da Cáritas, quando veio defender "a entrega das casas que por má sorte e sofrimento dos portugueses foram devolvidas ao bancos, fossem postas à disposição dos refugiados, sendo um grande gesto de altruísmo". Às vezes nem dá para acreditar nestas soluções propostas, por serem tão disparatadas. Se alguma vez isto acontecesse, haveria certamente tumultos sociais e, aqui com nítida sustentação, porque uma coisa é ajudar, outro coisa diferente é tirar a quem precisa para ajudar outrem que também precisa. Mas ainda há pouco tempo, antes das férias judiciais, foi votada uma proposta de lei para protecção da casa de morada de família e foi chumbada. A indiferença às questões da família em Portugal já não é de agora, e devia ser olhada como um caso sério pelos portugueses (mas não é, e na maioria dos casos por manipulação da informação e falta de debate na opinião pública sobre as propostas levadas a discussão e votação na A.R pelos partidos políticos), e, quando essa indiferença vem de uma instituição como a Cáritas, a preocupação ainda devia ser maior. O outro disparate veio da União das Misericórdias, quando questionado sobre a capacidade de acolhimento, disse: "A questão financeira não foi objecto das misericórdias. Veremos como isso se faz, o dinheiro sempre se arranja". Esta declaração acontece quando, em sentido contrário, todos tentam reunir esforços e parcerias para acolher os refugiados de forma concertada e dentro das suas possibilidades. Veja-se o exemplo de Penela, onde estão a tentar apoio das Nações Unidas, já têm o apoio da ADFP (Assistência para Desenvolvimento e Formação Profissional) e SEF, bem como estão a tratar de várias despesas serem pagas com candidaturas a fundos comunitários.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

John MacCain não merecia


Donald Trump



  Donald Trump, candidato republicano à presidência dos E.U.A., ao seu estilo, teve mais uma infelicidade, sendo que, desta vez, desrespeitou a própria América e sua história, ao dizer que John MacCain não pode ser considerado herói de guerra. Disse: "ele é um herói porque foi capturado. Eu gosto é de pessoas que não se deixam prender". Devemos respeitar todas as pessoas, mas quando falamos de pessoas que estiveram na Guerra a lutar pelo seu próprio país, o dever ainda consegue ser mais elevado, porque aceitaram morrer pelo país. E só quem não conhece a história de John MacCain pode dizer tal infelicidade. Eu conheço a sua história de luta na guerra do Vietname em Hánoi, onde cheguei a poder ver documentado inclusivé a cela onde esteve em condições degradantes, desumanas, e onde foi brutalmente torturado (colocados em jaulas ou mesmo cobertos com terra até à cabeça e deixados pelos guardas vietnamitas ali durante dias ao relento) , tendo ficado várias vezes inconsciente, devido a esses atos de tortura. Lembro-me de ver também o relato de um companheiro seu também capturado e feito prisioneiro que de estar tantos dias sem comer, não se conseguiu levantar da jaula e ali adoeceu. O dia 15 de Março de 1973 foi talvez o dia mais importante da sua vida, porque foi o dia da liberdade, tendo chegado aos E.U.A. com apoio de muletas, ficando com deficiências e feridas para a vida inteira. Deu a vida pelo seu país, e só foi capturado porque o avião onde seguia em solo já vietnamita foi atingido e teve aterrar em emergência, sendo imediatamente cercado. Depois de se conhecer a história de John MacCain, não acredito que haja alguém, inclusivé Donald Trump que possa voltar afirmar, em plena consciência, que John MacCain não pode ser considerado herói de guerra. 


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Humanidade levada com as águas

Aylan Kurdi, de 3 anos, a criança síria refugiada que partiu da guerra  tentando chegar à ilha grega de Kos



   Esta imagem é um símbolo da crise migratória e é daquelas em que um ser humano de verdade fica quase sem palavras, restando apenas apelo à humanidade de quem possa fazer algo, um apelo que vai sendo ouvido às pingas, e isso custa vidas diariamente. Mas independentemente de todas as questões políticas e soberanas (porque cada país tem poder soberano dentro suas fronteiras), será que não se entende que este é um drama humanitário, é preciso agir "já" e que quem foge à guerra, como o caso desta criança, tem o direito a ser acolhida na Europa por nós todos e nós temos a obrigação de fazer algo para as receber ? 
   Aylan Kurdi fugia de Kobani, onde vivia, para fugir ao conflito entre o Estado Islâmico e as forças curdas, tentando chegar à Grécia, mas ficou pelo caminho, na Turquia, na praia de Bodrum. 
   O jornal britânico "Independent" questiona e bem : "Se estas imagens com um poder extraordinário de uma criança síria morta levada a uma praia não mudarem as atitudes da Europa em relação aos refugiados, o que mudará?".