Pela terceira vez, os gregos votam este ano. É interessante e curioso ouvir a mudança de discurso do Syriza, de um partido que no passado sempre admitiu romper com as medidas de austeridade e agora pretende batalhar por melhorias no programa de austeridade. Fica no ar saber se este Syriza ainda mantém a sua matriz, ou se a matriz pertence agora ao novo partido criado pelos dissidentes do Syriza - a Unidade Popular (que propõe a saída da Grécia do euro e o regresso ao dracma). Nesta campanha, o Syriza não avançou com nada de novo em termos políticos. Longe do discurso entusiasmante que incendiou e abanou a Europa, acabou por ceder e talvez tenha sido a melhor decisão, mesmo que isso tenha provocado o seu isolamento político. Apenas reiterou e comprou um discurso já desgastado de promessas eleitorais: "criar milhares de empregos", mas não disse como iria criar esses empregos. Se no início deste ano, a coligação com a "Nova Democracia" era impensável devido ao radicalismo do Syriza, agora parece mais provável e real. Como em poucos meses as coisas mudaram.