Vivemos tempos de indecisão política, nomeadamente na Europa, onde ninguém lidera, mas tudo quer ter opinião. Mas, quando a indecisão política se transforma em irresponsabilidade política, tudo muda e ou os Estados reagem ou, mais cedo ou mais tarde, algo acontecerá.
Portugal cumpriu um programa puro e duro de austeridade durante anos, e, e um dos autores deste programa foi Bruxelas, que, sempre foi defendendo Portugal das medidas tomadas e elogiando o seu comportamento, apelidando mesmo de "bom aluno". Agora, devido ao défice excessivo, Bruxelas preparava-se, de uma forma absurda, incoerente e imoral, aplicar sanções a Portugal e Espanha, num jogo de perigo eminente, onde não estava em cima da mesa apenas a questão política, mas também nacional, e, poderia ser uma jogada classificada de alto risco, com consequências imprevisíveis.
E se isto já era um absurdo, ouvir declarações como a do Presidente do Eurogrupo, o Senhor Dijsselbloem, afirmando que se encontra "desapontado por não haver sanções a Portugal e Espanha" demonstra bem como vai esta Europa, e que tem os dias contados (pelo menos o seu modelo de gestão), uma vez que não acredito que os Estados aguentem por muito tempo estas imposições de pessoas sem credibilidade alguma e que apenas vivem diariamente no jogo da especulação financeira, onde se torna fundamental alimentar este clima e continuar a ver os países do Sul da Europa como uns despesistas e todos os outros uns bons exemplos.
Uma Europa que discrimina uns Estados em prol dos outros (veja-se o caso da Franca, que tem um défice enorme, mas por ser a Franca, nem sequer se falou em sanções), é uma Europa falida intelectualmente, que jamais vencerá os Estados, porque no dia em que o tentar fazer, a questão deixará de ser política e aí será o fim da Europa que já sonhamos, e que está longe do sonho.
Uma palavra de apreço para o nosso Presidente da República e Primeiro Ministro, que sempre tiveram um comportamento nacional, de defesa dos interesses nacionais, e que não se vergaram perante uma Europa que cada vez menos defende os Estados por igual.