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domingo, 21 de agosto de 2016

Mesa portuguesa no MPLA


Congresso do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)



   Está a gerar polémica as declarações de Hélder Amaral do CDS, que foi o eleito (não a primeira escolha) a ir ao congresso do MPLA em Angola. O mesmo disse "que o seu partido está muito mais próximo do MPLA e tem, agora, muitos mais pontos em comum”. Isto criou uma divisão natural no partido e na opinião pública, que se estendeu aos demais partidos, que também fizeram-se representar no congresso, e, com altas figuras. E a questão que se coloca é: Manter o diálogo ou jantar à mesma mesa?
   Posso dizer que nunca vi um tema em que haja tanto medo de proferir opinião como o tema de Angola em Portugal, e digo isto, porque já assisti a conferencias, já ouvi figuras de relevo da sociedade falarem sobre o tema, e, existe um "medo" generalizado, que vem sobretudo do crescente poder económico de Angola e da sua forte presença em Portugal, que se estende aos principais sectores estratégicos. E se esse medo tem situações e acontecimentos que o comprovam, ou todos já esquecemos o que aconteceu a José Pacheco Pereira pelo artigo que escreveu no jornal "O público" sobre Angola ou a determinados jornalistas pelo mesmo efeito, por outro lado, continuarmos a fechar os olhos ao que se passa e ignorarmos o que nos rodeia pode ser perigoso e ter efeitos nefastos a longo prazo.
   O discurso de todos devemos manter o diálogo com Angola nunca esteve em causa e essa é uma justificação já "gasta" usada pelos partidos políticos. Mas alguma vez quebrar o diálogo esteve em causa? Manter o diálogo é diferente de jantar à mesma mesa, e quando se janta à mesma mesa, como fizeram maioria dos partidos políticos portugueses, isso significa que pactuam com a política do MPLA, que é tudo menos uma democracia. 
    E o mais grave, é ainda ouvir um representante do CDS proferir tais palavras, que certamente serão atenuadas por aqueles que se sentam na mesma que ele (aqueles que fazem parte da direcção partido e o enviaram ao congresso) , serão ignoradas por outros (aqueles que não podem discordar publicamente) e alvo de discorda pela maioria (aqueles que ainda respeitam os valores do partido).
   Bem, aqui, talvez quem tenha beneficiado com isto tenha sido o Bloco de Esquerda, que foi o único partido que não se juntou à mesa portuguesa no congresso, por de forma tão simples, ter dito a verdade: "considerar o MPLA uma ditadura".