Barack Obama |
Barack Obama deixará saudades, muitas saudades. Quem assistiu à poucos dias à conferência de imprensa de Donald Trump e assistiu hoje à de Obama só pode estar preocupado, porque, por um lado, vimos a conferencia crispada de Trump, autoritária, de negação e vazio, sem qualquer respeito pelas liberdades, essencialmente a de imprensa, e com um discurso completamente confuso e de fraca oratória. Por outro lado, assistir à conferência de Obama, é logo assistir a um mestre da oratória, com um discurso agradável de ouvir, com forte presença, respeitador do ouvinte (que deve ser uma das maiores qualidades políticas, e nem todos a possuem) e sempre com uma palavra para quem está do outro lado. São pequenos pormenores, mas por exemplo, dar a palavra final a uma jornalista que já o acompanhava como deputado à muitos anos é um gesto bonito, para muitos lógico, mas demonstra a grandiosidade da pessoa e o respeito, a lembrança, o não esquecimento. E também aqui, no aspecto da valorização humana, Obama elevou a América e não é por acaso que sai com 60 % de popularidade. Não falou nem foram abordados temas como por exemplo a Síria, tendo sido pouco questionado sobre o problema dos refugiados, mas também elogio o comportamento dos jornalistas, que souberam respeitar o momento, e perceber que talvez este não fosse o momento para isso, e isso foi Obama que conseguiu fazer: ganhar o respeito de quem todos os dias está do lado de lá: para o bem ou para o mal.
Despede-se dizendo que sai como um mero cidadão americano, equiparando-se a qualquer um, e isso aproxima-o, mais uma vez, do leque restrito de grandes políticos que ficaram na história, não por quererem gabar o seu lugar, mas por entende-lo como um mero cargo temporário, que pertence ao povo.
Para muitos será a despedida, mas, para mim, será sempre um até já, porque não acredito que um político como Obama continue muito tempo longe do palco da sua vida: o político.