Foi uma personalidade ímpar, não por ser um dos homens mais ricos (que aí existem muitos), mas por tudo o que foi e construiu, e por aquilo também que lutou para que fosse diferente para melhor, mas que não conseguiu. Hoje, todos choram a sua morte, inclusive aqueles que não o podiam ver (o mundo está assim), mas o que importa é o legado da pessoa, e aí distinguiu-se e nunca deixou de dizer aquilo que pensava. Não foi por acaso que apenas em 2017, depois de tudo o que fez pelo país, é que recebeu a condecoração das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa. É irónico quando temos um país cheio de condecorados - alguns que já chegaram afirmar que nem sabem como receberam a medalha - os melhores não o serem a tempo. Bastou-me estar na presença deste senhor uma vez para perceber que estava perante alguém com uma capacidade e talento empresarial forte e diferenciador, e com um carácter individual de eleição, que soube aliar o compromisso empresarial à responsabilidade social de um forma sublime, com distinção. Acompanho algumas das suas obras sociais, desde da Fundação Francisco Manuel dos Santos, passando pelo projecto Semear ao Arco Maior, no Porto, dirigida tão bem pelo professor Joaquim Azevedo da Universidade Católica, onde ajudam a retirar crianças da rua e a conseguir com que estas prossigam os estudos com êxito, com algumas semelhanças com o projecto "Porto de Futuro" em que estive envolvido em 2008, que ajuda também crianças sinalizadas a estudar e não abandonar a escola. A sua intervenção cívica era limitada aqueles que o ouviam (eu era um deles), simplesmente porque dizia o que pensava, e são muito poucos aqueles que dizem o que pensam em Portugal. Um dos temas que o preocupava ultimamente era o distanciamento das populações (pessoas) face aos problemas do país, sendo sem dúvida algo que merece uma reflexão profunda na sociedade.
Foi um servidor da comunidade, e isso para além de ser papel de qualquer cristão, é também papel de alguém com grande carácter.