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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Ficção Britânica





Há uns tempos, li: "O Brexit está a destruir a democracia Britânica". O modelo parlamentar britânico foi, em tempos, uma referência das democracias modernas. Actualmente, posto em causa, voltou a respirar um pouco de alívio, mas apenas isso: um suspiro. O simbolismo da Magna Carta é, mais que ontem, tão vivo como necessário, para avocar a si a importância da limitação de poder e do respeito pela lei. No passado, eram os "barões" a exigir ao rei aceitar o documento "artigo dos barões", onde imponham limites ao poder real, mais tarde a conhecida Magna Carta. Hoje, a própria vitalidade democrática britânica, automaticamente limita o poder governativo?. Boris Johnson achava que poderia alcançar o poder absoluto através da manipulação política, mas esqueceu-se de controlar, primeiramente, o seu próprio partido. A passagem de Philllip Lee para a bancada dos democratas liberais pode ser apenas a primeira janela abrir-se de um quarto em pantanas, onde o mesmo tece duras críticas : "Está a pôr a vida das pessoas em risco de forma desnecessária e está a tentar obter um Brexit prejudicial sem princípios". Pena é que o líder do partido trabalhista, Corbyn tenha demonstrado não ser o líder que o partido trabalhista necessita, não tendo convencido ninguém e pouca esperança os cidadãos britânicos têm em si, e isso tem contribuindo para a fraca oposição, que já poderia ter feito muito mais e ter outras vitórias. Veja-se que numa das reuniões entre os líderes da oposição, uma das soluções possíveis seria a formação de um parlamento alternativo, o que é completamente descabido. Mas, não parece que Boris Johnson vá abdicar de continuar a fazer uso de todos os expedientes legais e dilatórios para não debater o Brexit, e tentar uma saída da União Europeia sem acordo. O grande problema será sempre o referendo de 2016, que foi decisão dos britânicos, ao invés, seria possível revogar tal lei e evitar a saída. Será sempre o jogo do rato e do gato, em que mesmo que, de um lado legislem para obrigar o governo a estender o prazo, por exemplo, do outro lado o governo poderá sempre travar posteriormente as obrigações perante a U.E. O cenário de eleições antecipadas é perigoso, e pode reforçar ainda mais Boris Johnson, que jogará com a vontade popular expressa no referendo e o travão parlamentar. 
Esperemos que, acima de tudo, ninguém cale as vozes em democracia, porque isso significa calar e silenciar o Reino Unido.