Que notícia triste. Bem, Esposende tem tido um final de ano trágico, e infelizmente, o seu início continua. No final do ano que passou, perdi um amigo, o Aires Coelho, aos 35 anos, quando tinha uma vida toda pela frente. Ainda há momentos em que acredito que talvez tenha sido tudo ficção e amanhã já toda a gente se encontre como antigamente, a beber um copo ali numa esplanada qualquer, perante umas boas gargalhadas, mas não. Aconteceu, houve o desaparecimento.
Não era amigo de Paulo Gonçalves, mas tinha muitos amigos que tiveram o privilégio de ter Paulo Gonçalves na sua lista de amizades. E, ainda há pouco tempo tive com um que contava-me a generosidade dele quando lhe pediu uma coisa em concreto, e que ele era inexcedível nesse aspecto. Quem é de Esposende, torna-se inevitável não acompanhar todo o seu percurso brilhante, mas, particularmente, o Dakar de 2016, para mim, ficará sempre na memória como um dos maiores exemplos de sempre de um desportista em competição. Em 2016, no Dakar, Paulo Gonçalves parou junto do austríaco Mathias Walkner, quando este sofreu uma grave queda, e abdicou da prova para ajudar o outro. Pensei para mim: isto só está ao alcance de pessoas com grande humanidade, pessoas mesmo boas, daquelas que vale mesmo a pena conhecer. Deixa um legado que jamais irá esvanecer no tempo. Acho que ficará para sempre uma coisa na mente de todos aqueles que por esta ou aquela razão se cruzaram com ele: será sempre um dos nossos, e foi um orgulho para todos.