Cada vez que leio mais sobre Auschwitz mais incrédulo fico com as atrocidades de todos aqueles que faziam parte do regime. Custa acreditar. Concluída a leitura de "Canção de embalar de Auschwitz", fica a ideia de que, mesmo no escuro e na imensidão da incerteza sobre um futuro inexistente, é possível oferecer resistência à falta de humanidade do outro. Helene Hannemann, enfermeira e ariana alemã, que teve 5 filhos com um cigano, foi enviada em 1943 para Auschwitz com a família. Uma distinta e admirável mulher que conseguiu criar esperança no pior sítio do mundo, ou seja, criar uma creche no meio do terror e da morte anunciada, e nunca deixou de lutar pelo direito das crianças: das suas e dos outros. Mas as atrocidades de Mengele (médico e oficial do regime nazi em Auschwitz) são algo impossível de deixar indiferente qualquer comum dos mortais (duvido da sanidade mental) . A descrição de algumas das suas experiências são inacreditáveis, a própria forma como abria pessoas e as cozia em carne viva incomoda os olhos de um leitor normal. Faz doer a alma pensar no sofrimento provocado de livre arbítrio. Helene quando o regime começou a perder poder viu as crianças da creche ficaram sem comida, começaram a escassear os recursos e fez tudo o que podia e não podia para inverter a situação. E perante isso, propuseram que ficasse livre, mas sem filhos e marido, por serem ciganos. A mesma nunca abdicou sua luta: não os abandonarei. Morreram todos nas câmaras de gás. Incrível o que esta mulher fez para humanizar ou evidenciar (por mínima que fosse) a possibilidade de existência de humanidade em pessoas do regime nazi, em prol de um bem comum e superior: as crianças.