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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Fim debates quinzenais





A democracia está frágil. Este é mais um indício de tal fragilidade, não tanto pela medida tomada por PS e PSD, mas pelas declarações de vontade que ilustram o sentido de pensamento político futuro. A instrumentalização da saturação política das pessoas acontece no momento político mais assertivo e menos barulhento. Acabar com os debates quinzenais é tirar palco ao contraditório, à oralidade, ao debate, ao escrutínio, ao pensamento crítico, aos pequenos partidos, ao povo. E se isto tem em vista menorizar determinados protagonistas políticos, apenas fortalece as suas posições, e será mais um argumento utilizado por estes para "deitar abaixo" e endurecer os actuais políticos. Esta medida não defende a democracia. As pessoas devem ser informadas, e os debates eram um meio que servia para isso. Agora, por momentos lembrei algo do passado, onde defendiam que "o saber do povo não deveria exceder aquilo que era necessário às suas ocupações" (1776). Mas só foi por acaso, numa época em que quanto menos o povo soubesse e fosse informado melhor, porque quanto mais soubessem mais os seus cargos políticos estariam em risco. Não estamos em 1776, mas houve aqui uma nuvem, mesmo que tenha sido bárbara e radical, ela existiu, talvez tenha sido só passageira. Isto é um passo atrás. É ofegante a forma como isto passou sem barulho.