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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Valha-nos o Marcelo





Não concordando com a realização das eleições num momento crítico e excepcional como da actual pandemia, conseguimos eleger o Presidente da República e ainda bem que foi o Marcelo, porque significa que ainda somos sensatos e pretendemos a estabilidade democrática. Mas existiram sinais e o destaque (criado pelos próprios candidatos) foi para o partido Chega, para o ultraneoliberalismo. Não foi uma surpresa, porque estava à vista de todos, era perceptível que tal crescimento tinha e tem um objectivo: entrar em força no parlamento (com número significativo de deputados) nas eleições legislativas. Isto merece uma reflexão política, mas talvez essa reflexão tenha de ter outros protagonistas políticos, porque os actuais têm demonstrado uma inquietante incapacidade e anacrónica incompreensão política. Ignorar o partido Chega não resolve o problema. Criticar o Chega não impede o seu avanço. Uma das boas soluções passa por reflectir sobre o actual sistema político, sobre a eleição dos políticos e sobre os seus contributos para o país, individualmente, por exemplo, cada um dos 240 deputados da Assembleia da República. Um estudo recente constata que maioria dos portugueses (cerca de 60%) gostariam de mudar sistema eleitoral e eleger os deputados à Assembleia da República. Medidas como estas poderiam ser o ponto de viragem e acho que são medidas como estas que as pessoas procuram, desejam uma mudança a vários níveis políticos. E o problema é que as pessoas que votaram Chega pensam que foi um voto contra o sistema, mas talvez tenha sido em erro, porque o discurso é contrário aquilo que acontece na realidade, onde inclusive muitos dos protagonistas são ex. militantes e simpatizantes do PSD e do CDS. A queda acentuada do PSD e o suicídio político do CDS foram e são uma bomba de oxigénio para a aplicação prática de um programa político exótico. A continuação do negacionismo agravará o problema e tornar mais forte qualquer força política como o Chega que navega nas suas águas, onde o grande capital humano está facilmente ao seu alcance em detrimento da crise e da gritante falta de credibilidade dos políticos. Este negacionismo da realidade existe dentro dos partidos quanto aos dissidentes, e a suas práticas de solucionar tais problemas geraram o descontentamento que é agora igualmente capitalizado por uma força política como o partido Chega. Se dúvidas houvesse quanto aos responsáveis pelo surgimento e crescimento de um partido como o Chega, basta assistir aos discursos da noite eleitoral de ontem, com a excepção de Marcelo Rebelo de Sousa.