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sábado, 2 de abril de 2011

Mouriz, 02-04-11

São 8:00 horas manhã, o alarme toca e hoje o destino leva-nos para Mouriz. Uma aldeia de gente humilde, que vive essencialmente da agricultura, que ainda fala em escudos, onde a pureza é uma forma de estar e de vida. A primeira pessoa com que me deparo na aldeia possuí 9 filhos, uma vida de trabalho árdua e uma miserável reforma, que ao fim de 10 dias já não existe, esvanece num tempo que já não é nosso, mas a Deus pertence. A farmácia é uma das detentoras de parte destas reformas que foram conseguidas com um sacrifico não reconhecido, por aqueles que não querem ver ou utilizam os atestados médicos para servir de justificação para o facto de não poderem ver. Viver com dignidade é um dos pilares de sustentação de uma sociedade democrática, mas exige fiscalização, porque existem pessoas em Portugal a quem o Estado lhes retira a dignidade, sendo muito grave. Mouriz, uma terra onde o ar expirado é puro, o oxigénio exalta dos campos e a agricultura o principal meio de subsistência da região, não surpreende a pobreza, mas o modo como a encaram, a coragem e a esperança de que amanhã o sol vai brilhar na aldeia. Numa avaliação dos políticos no local, é "devastador" o cenário, sendo curioso o encontro de mentalidades, entre o antigo ex-combatente do ultramar que elogia Paulo Portas pelos 150 euros a que hoje tem direito, e o "fanático" socialista, que admira o José Sócrates ( de início pensei que estava brincando), invoca que não concorda com aqueles a quem o Estado atribuí rendimento de inserção social sem fiscalização e passado poucos minutos, aparece uma familiar afirmar: "ele não quer é trabalhar, vive do rendimento mínimo". Um "PSD" sem alternativas, na pessoa do Passos Coelho é um sentimento generalizado acumulado com um medo de nova eleição de Sócrates. O afastamento dos políticos destas gentes pode ser um dos indícios de um possível fim ou substituição de sistema, porque não devemos aceitar que o Estado e os políticos continuem a "fechar" os olhos às dificuldades das pessoas mais pobres da sociedade, que vivem mensalmente com rendimentos abaixo dos 300 euros, pessoas que, no campo das "obrigações" estão em igualdade com os restantes cidadãos, mas no campo dos "direitos", não existe essa igualdade, não é assegurado para todos o direito a uma vida com dignidade. Foi nesta mesma aldeia, que estive bem e, que, constatei as dificuldades profundas em que muitos vivem, encontrei gente pobre em termos materiais, mas rica em termos humanos.