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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Autárquicas 2013









   O marco e o que ficará na historia destas eleições para reflexão será o fenómeno dos independentes, que merece uma profunda e séria reflexão. Urge questionar: porque razão um independente consegue mais votos que outro candidato apoiado por um partido politico? E porque razão os partidos, ao invés de apoiarem candidaturas com valor, decidem fazer das autárquicas um terreno unicamente de sua posse, onde mais uma vez, internamente, colocam os seus soldados, em detrimento de outros soldados, representantes de oposição interna, abrindo guerra dentro da sua própria casa?
   Primeiramente, e um dos maiores erros que esta a ser cometido pelos partidos  é facto de pensarem que o terreno das autárquicas lhes pertence, mas enganam-se, não é de ninguém, aliás, sim tem um dono: o povo. Como dizia Ronald Reagan: "este é um cargo de custodia temporária, que vos pertence". Os partidos devem rever o seu papel, as suas gentes, e pensar qual a razão de tais fenómenos, que eles não surgem nem aparecem por mero acaso, são fruto da decadência e de um aproveitamento inteligente do fracasso de um sistema partidário. Se olharmos para os partidos políticos, estes continuam a fazer tudo como se nada passasse, desde a forma como colocam as pessoas nos lugares até á forma de fazer campanha, tudo se torna e fica igual, oferecendo uma margem cada vez maior áqueles que queiram e tencionem aproveitar o rasto que estes deixam, e, isto pode se tornar uma coisa séria, se nada for feito nas fileiras partidárias. O problema resolve-se com as pessoas, porque tais fenómenos surgem não por oposição aos partidos, mas sim ás pessoas que os governam.
    Dentro do fenómeno dos independentes, temos um dos casos que seguramente ficará registado na historia: candidatura de Rui Moreira á Câmara Municipal do Porto. Aqui, é um dos casos em que os partidos políticos colocaram-se a jeito e deixaram a tal "margem" que falei acima para outras formas de cidadania aparecerem, e crescerem sobre aproveitamento do fracasso partidário. Nesta cidade, o PSD apresenta Luís Filipe Menezes, que entre as propostas apresentadas e que estou a ouvir em directo, pretende prometer este mundo e o outro, entre elas fazer do Bolhão as Ramblas de Barcelona. Como diz Rui Rio: "Menezes vai destruir tudo o que foi feito se for eleito". Rui Rio é  apenas uma das maiores figuras actuais do PSD, e o partido ouvio-o? Claramente que não, deixando ainda margem maior para os tais fenómenos. Como é possível um partido apresentar um candidato a uma cidade governada há anos pelo PSD, sem consultar a pessoa que esteve a frente da autarquia ao longo de 12 anos? Lembro-me que em 2002, quando Rui Rio foi eleito, ninguém imaginava tal vitoria, e se me perguntarem quem acha que vai ganhar no porto, eu respondo: eu acredito que Rui Moreira vencerá, porque as gentes do porto são pessoas inteligentes e vão olhar para a pessoa, não para o partido. 
   Por ultimo, o fenómeno dos candidatos que se candidatam sem o apoio do seu partido, porque desta vez o escolhido é x ou y, porque os sargentos mudaram, e quando mudam os sargentos, quase sempre, á remodelação no quartel. Mas aqui, mais uma vez, os partidos quebram com pessoas, algumas de valor, em detrimento dos seus camaradas. Lógico que qualquer pessoa coloca os seus, mas devia haver mais cuidado nas escolhas, porque é penoso assistir a algumas escolhas, como, por exemplo a de Carlos Abreu Amorim em Gaia. Gaia é um dos casos em que o partido PSD não apoiou Guilherme Aguiar, para apoiar um dos piores candidatos autárquicos, Carlos Abreu Amorim. Também no PS, temos o caso de Matosinhos, em que Guilherme Pinto surge como independente, e, muito provavelmente, vai ganhar as eleições. Aqui, Seguro fez as seus escolhas, e pensou como pensa uma grande maioria dos políticos: quem manda é o aparelho partidário. Talvez algumas derrotas façam estes lideres repensar na forma de fazer as suas escolhas e de estar na politica. Caso não o façam, a margem fica deixada, o caminho aberto para tais fenómenos crescerem, alastrarem-se e estabelecerem-se em território nacional como uma forma de fazer politica.