David Cameron, líder do partido dos conservadores e Primeiro-Ministro do Reino Unido |
Uma dupla do vitória do partido dos conservadores no Reino Unido. A primeira junto dos eleitores, e, a segunda junto de todas as sondagens, que apontavam para uma disputa renhida entre os trabalhistas e os conservadores, quando o resultado final ditou a maioria absoluta com 39% dos votos para partido de David Cameron, elegendo 331 deputados. Faz lembrar, num paralelismo com Portugal, o que se sucedeu com o CDS nas últimas eleições, que também as sondagens lhe apontavam resultados pouco animadores, e no final, houve surpresa na hora do voto. Para lembrarmos tal surpresa equiparada a estas últimas eleições britânicas, temos de remontar aos tempos da segunda guerra mundial, em que Churchill, após vencer a guerra, foi derrotado inesperadamente nas urnas.
Destas eleições, deve-se destacar também a derrota do Ukip e do eurocepticismo , um partido anti europeu , que tinha obtido um excelente resultado nas eleições europeias e agora só elegeu um deputado, o que é um bom sinal para o país. O seu líder tem uma visão fechada nas suas fronteiras, onde não consegue pensar além dessas barreiras, instrumentalizando e ridicularizando a europa para ganhar votos. Tinha mesmo um slogan : "Votar no Ukip é um voto para deixar a União Europeia". Talvez seja bom não esquecer aqui a promessa de David Cameron, que prometeu, se ganhasse as eleições, fazer o referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.
Outra das surpresas da noite foi a ascensão do partido nacionalista escocês, que elegeu 56 deputados dos 59 disponíveis, quando anteriormente tinha apenas 6 na Câmara dos Comuns. Este resultado fez rapidamente esquecer a derrota dos escoceses quando do referendo sobre a independência do seu país. Uma das promessas que o seu líder já fez saber foi que vai pressionar David Cameron para cumprir a promessa do referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE. Para esta vitória contribuiu a pesada derrota dos trabalhistas, que também aqui tinha uma presença histórica, que cada vez mais esvanece no tempo.
Pelo contrário, a derrota dos trabalhistas não foi uma surpresa tão inesperada como se apontava, porque o seu líder era pouco carismático e a sua oposição fraca, onde não conseguiu impôr-se nas políticas mais importantes na defesa dos trabalhadores, sendo que, mesmo em alguns casos, não abria "jogo" sobre posições em determinadas matérias (uma "moda" de alguns políticos), que o feriu e acabou por o golpear na hora do voto. Faz mesmo lembrar o caso de António Costa em Portugal, que quando foi eleito tinha alguma popularidade juntos dos eleitores, e que tem vindo a sofrer vários "sismos" pela forma pouco hábil como não defende nem cativa a sua classe (eleitores) e pela incrível e censurável falta de tomada de decisão sobre determinadas matérias, essenciais para a vida do país. O desnorte do partido trabalhista foi visível essencialmente quando, numa aproximação ao Ukip (que defende com unhas e dentes essa bandeira) defendeu o controlo da imigração no Reino Unido. Isto foi uma das coisas que elucidou bem que o partido navegava em águas perigosas, longe dos seus e perdido sem rumo e direcção. Desde que Gordon Brown abandonou o cargo em 2010, o partido não conseguiu fazer mais e melhor. Podendo mesmo recuar mais tempo, acho que Tony Blair ainda mais faz lembrar e assombrar o partido, porque conseguiu entrar no seu eleitorado de uma forma muito inteligente, tendo sido primeiro ministro durante 10 anos, até 2007. Se pensarmos na forma como Tony Blair derrotou John Major, lembremos o famoso modelo para século XXI, onde tinha o grande slogan: "trabalho para os que podem trabalhar e assistência para os que não podem trabalhar", onde deu especial atenção à educação e à saúde, entrando no seu eleitorado de uma forma triunfal.