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domingo, 20 de dezembro de 2015

BANIF, crime de lesa-majestade

 
Crime Lesa-Majestade: traição contra a pessoa do rei (1770).




   BANIF, chegou a tua vez. Havia quem defendesse que existiu um antes de 2008 e um depois de 2008, em detrimento da crise. Mas, se lembrarmos Oliveira e Costa, o famigerado presidente do BPN, e compararmos com alguns atuais líderes bancários, não encontrarmos diferenças, apenas a mesma vontade e ganância de poder. BPN, BPP, BES e agora BANIF (incluindo pelo meio os problemas no BCP e na CAIXA) são o reflexo, infelizmente, do nosso sistema financeiro. Um sistema financeiro que quando tem lucros chama os accionistas, e, quando tem prejuízos chama o povo.
   A primeira questão que me suscita logo o pensamento, é porque razão em 2012 o Estado meteu 1100 milhões neste banco? Porque razão este foi nacionalizado (risco sistémico já não é argumento) ? Onde estão os responsáveis? Porque razão se avançou para esta injecção, quando a Direcção Geral da Concorrência Europeia fez saber junto de Portugal que era contra e que não resolveria o problema? E o verdadeiro busílis de toda esta questão: porque razão só é encontrada hoje uma solução, em detrimento do ultimato feito pelo Banco Central Europeu? Qual a razão de ter sido reiteradamente (dolosamente?) adiado o problema?
   Há muito que a regulação e supervisão financeira não funciona em Portugal, e este caso BANIF vem, mais uma vez, comprovar isso e demonstrar que a supervisão não foi competente. A crise financeira aliada à má gestão financeira deu origem a um verdadeiro "surto" bancário em Portugal, e até ao momento, ainda não foi encontrada forma de combater este surto. A regulação não protege os interesses dos clientes e contribuintes, e, vive completamente "subordinada" perante o sistema financeiro. não existindo coragem para assumir tal realidade.
   Já o disse uma vez e volto a dizer, que para mim um dos magníficos livros para perceber o sistema financeiro foi escrito por Bernard Madoff, que conseguiu ser presidente da maior bolsa mundial e ser, ao mesmo tempo, autor do maior esquema fraudulento financeiro mundial, com o esquema Ponzi. E o curioso perceber é que, para fazer o que fez, teve de ter anuência da regulação e outros bancos, onde estes esquemas eram prática, de onde se "alimentavam" todos, desde bancos; escritórios de contabilidade; escritórios de advogados; etc. Porque, na verdade, o negócio nunca morre, porque um banco falido continua a dar muito dinheiro à "rede", onde mesmo caindo um, continuam os outros a lá estar, e, alimentando-se. Mas como o próprio dizia: "de vez em quando, alguém tem de cair, para esconder os outros". 
   No BES, identificaram-se logo presumíveis culpados para a sua queda. No Banif, pouco sabemos, mas o que sabemos é muito grave. Sabemos que em 2012, o Estado injectou 1100 milhões no banco para agora o vender por 150 milhões. E isto não devia ter acontecido. É mais um crime de lesa-majestade, feito contra o Estado.