Já não faz sentido haver coligação entre PSD e CDS. A partir do momento em que deixaram de ser Governo, continuarem coligados apenas aumenta o desgaste de cada um, sendo o CDS aquele que pode perder mais com este desgaste, visto ter menos força eleitoral. E o mau estar, mesmo sendo suave ou subtil, existe e foi patente no apoio a Marcelo Rebelo de Sousa. O CDS sempre quis, desde início, apoiar o Marcelo, mas pelo fato de estar coligado, teve de adiar a decisão, e com isso perder força, porque anunciou ao mesmo tempo que o PSD, o que não tem o mesmo impacto, e, ainda mais, quando o apoio do PSD é um apoio forçado, de quem não tem alternativa. No CDS, mal Marcelo anunciou ser candidato, houve deputados e elementos do partido, que, imediatamente, declaram o seu apoio publicamente a Marcelo, sem esperar pelo apoio do partido, que, viu-se, aconteceu tarde e com pouco impacto ou quase nenhum. O apoio do CDS a Marcelo é diferente do apoio do PSD, mas quem assistiu ao apoio tornado público por ambos os partidos, percebe que foi idêntico, e sem uma análise profunda, não encontra diferenças, concluindo que foi um apoio de circunstância, o que é mais verdade por parte do PSD, menos pelo CDS. E pode ser caricato isto, por Marcelo ser do PSD, mas é o que se passa na realidade. O PSD (esta liderança) nunca gostou de Marcelo, e, o apoio à sua candidatura, surge por não haver alternativa, pois no interior do PSD, no seio dos seus militantes, Marcelo ainda é uma pessoa querida, que, mesmo gerando controvérsia, tem reconhecimento dos militantes e dificilmente seria explicável um não apoio à sua candidatura. Ou seja, a escolha aqui seria entre fazer braço de ferro com os militantes (entrar numa zona de risco e perigosa) ou apoiar de forma pouco visível Marcelo e pouco mais.
Para o CDS e PSD, continuarem coligados apenas condiciona a acção política de ambos os partidos. E, num momento em que é preciso fazer oposição, estar coligado não faz sentido. Para o CDS (que é quem perde mais), as consequências podem agravar-se a cada dia que passa, perdendo "pedalada" para o comboio que se vai alastrando na Europa, com a vitória da direita. Já o PSD (que ganha mais) continua a ter de estar limitado no discurso e na sua forma de fazer oposição, não podendo desmarcar-se, pois está coligado.