O observatório português dos sistemas de saúde revelou num estudo lançado esta terça - feira que aumentou de forma drástica e preocupante a desigualdade social na área da saúde. Coloca Portugal ao lado dos países de Leste e de países como Chile. Revela que aumentou o risco de exclusão social, e, revela que as pessoas sem formação padecem de um maior risco de ter má saúde seis vezes superior em comparação com as pessoas com mais formação. Curioso perceber que uma das coisas que pode estar na origem também desta desigualdade é o facto das pessoas não questionarem os médicos sobre o que estes dizem ou aconselham ou até prescrevem, sendo que no estudo é citado os médicos de família, que as pessoas quase nunca questionam, e muitas vezes necessitam de serem reencaminhados para a especialidade, e isso não acontece, sendo tratados de uma forma mais superficial e com maior risco de saúde. Mas este é um problema de séculos, que aos poucos está a ser combatido, que é o facto de não se colocar os médicos ao mesmo nível que qualquer outra pessoa (mais as pessoas antigas acho), porque erram como os outros. Ainda há muito a ideia de o que o médico diz é lei, mas esse é um erro de palmatória e muito grave, porque os médicos erram e muito como todos, e, hoje em dia, com o conhecimento e a sociedade de informação que temos, devemos sempre tentar fazer um escrutínio dos médicos e da forma como eles nos estão a tratar (se estivermos no papel de doentes), para evitar um mau aconselhamento, que em muitos casos pode ser determinante no tratamento de uma doença.
O estudo revela que a detrioracao do SNS é outra das causas desta desigualdade social, principalmente explicada pela saída de profissionais para o sector privado, para a reforma ou para o estrangeiro. Para além disto há uma acentuada quebra na qualidade dos serviços prestados, que depois se reflecte na qualidade do serviço prestado ao doente. E aqui, há questões a colocar, como, se temos um serviço de saúde público "tendencialmente" gratuito, como é possível continuarmos a ter estes níveis de desigualdade social na saúde?
Talvez fosse urgente assegurar, em primeiro lugar, melhores cuidados de saúde e priorizar os mais fragilizados, os mais pobres, as pessoas com menos educação, quer aqueles que se encontram em situações de maior vulnerabilidade ou risco, como os idosos e recém nascidos por exemplo. Para reduzir as injustiças e a desigualdade social nesta área tem de ser traçadas linhas de prioridade, dando uma volta ao actual SNS, que está ferido de morte, e caso não seja tratado, irá continuar a degradar-se até ao seu fim.