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domingo, 27 de novembro de 2016

Churchill


Winston Churchill



   Falar de Churchill é sempre falar de história e do mais enriquecedor que tem a política, é falar de alguém que sempre foi em busca do seu pensamento, independentemente do partido a que estivesse ligado. Foi dos maiores e mais extraordinários oradores da história, e talvez dos poucos políticos cujas intervenções os correspondentes das agências noticiosas tinham ordens para reproduzir na íntegra, e só no Parlamento britânico foram mais de 500 discursos, que a maioria já pude ler, e são deliciosos. Em mais uma das minha incessantes buscas sobre Churchill, encontro uma das suas grandes reformas foi a introdução das pensões de velhice, que espantou toda a gente, ao mesmo tempo que foi a primeira vez que milhões de operários mal remunerados obtiveram meio dia de descanso por semana. Movia-o uma genuína compaixão pelos membros mais desafortunados da sociedade, uma intensa convicção de que era possível tornar a sociedade mais humana e também mais eficaz. 
   Isto revela, mais uma vez, que pertencer a um partido ou ser próximo de uma determinada ideologia não deve impedir o livre pensamento de cada um, e se Churchill foi alguém que ficou na história de uma forma nobre, não foi por ter mudado várias vezes de bancada na Câmara dos Comuns Britânica, mas sim por ter sido fiel aos seus livres pensamentos, e sempre que entendia que devia ser dada protecção a um sector desprotegido da sociedade, soube fazê-lo, sem ficar "atado" intelectualmente ao pensamento horizontal do partido e ser uma "vassoura" nas fileiras do partido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sinto-me envergonhado


Crime de Violência Doméstica




   Impressionante escutar os números da violência doméstica em Portugal. O que faz uma mulher estar com alguém que a trata mal? O que leva uma mulher a não denunciar às autoridades uma pessoa que a trate mal, sendo um crime público?
   A APAV (Associacao Portuguesa de Apoio à Vítima) recebe em média 49 queixas diárias, a maioria são efectuadas por mulheres jovens. Hoje, menos que noutros tempos, a justificação para não denunciar estas pessoas às autoridades diminuiu, uma vez, que trata-se de um crime público, e nem sempre foi assim, e quando não era, em média as denúncias aconteciam após 20 ou 30 anos de vitimizacao, na maioria dos casos quando apenas os filhos já tinham saído de casa.
   Já evoluímos e continuamos a evoluir, mas os números mostram que ainda estamos longe e precisamos de continuar a trabalhar e evoluir para combater este flagelo. Talvez não chegue dizer que é preciso denunciar. É preciso mais informação, mais conhecimento, maior punição, mais apoio, e continuar a colocar meios no terreno que permitam a todos, em especial às mulheres perceberem que têm meios para estarem protegidas, e poderem livrar-se do "traste".
   Indissociado destes números não pode estar um cada vez maior e preocupante déficit moral, que também devemos combater, porque os valores são essenciais para o convívio e a boa integração na sociedade, que, infelizmente, cada vez mais que olhamos para o lado, percebemos que temos de inverter este déficit moral e reconstruir uma sociedade com valores bem definidos, que possam primar e ter por base uma sociedade com uma educação fincada nesses valores tradicionais.
   É inaceitável que hoje em dia, em pleno século XXI, haja tantos homens que mal tratam as mulheres, e, que o crime de violência doméstica continue a figurar no topo dos crimes praticados em portugal. Eu sinto-me envergonhado. 


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Obama, um legado incomum


Barack Obama, 44. Presidente dos E.U.A


   Era o dia 20 de Janeiro de 2009, e lembro-me como se fosse hoje. Nesse dia encontrava-me na FEUP e havia um grande ecrã gigante à entrada da biblioteca onde todos poderem assistir ao momento da eleição de Barack Obama. Foi e será sempre um dia histórico, um discurso histórico, uma pessoa histórica.
   Havia a esperança espelhado nos rostos das pessoas, havia pessoas a chorar um bocado por todo o mundo, havia um sentimento mundial de humanidade partilhados por todos nós, ou pela maioria. E era um bom sentimento. 
   O "wes we can" e a forma como Barack Obama conseguiu ganhar, primeiramente, as primárias, e posteriormente a eleição a John MacCain, foi um exemplo a seguir na política, porque foi uma campanha que ganhou genuinamente nas ruas e a angariação de dinheiro que se conseguiu com doaccoes de gente de toda a América foi algo que ficará sempre na memória daqueles que adoram e apreciam a política, a política pura e transparente. Barack Obama mudou a forma como se fazia política ao nível da comunicação com as pessoas, e colocou a comunicação política no lugar certo, perto das pessoas, numa linguagem que todos entendiam, e um respeito por aqueles que lhe deram o voto.
    Olhar hoje para o legado de Obama é olhar para um tempo onde a política fez-se por amor e dedicação, que hà muito não assistíamos. Obama trouxe humanização à política, há muito que era necessário, uma certa "limpeza" ao ambiente político, e, isso deve ser louvado, porque vivemos num tempo onde isso não é sequer pensado, muito menos praticado, e todos os sinais apontam para o contrário. Mas o seu mandato foi apenas esse lado pessoal, esse lado "intuitu personae"? Nao, também existiu o lado político (coisas boas e menos boas), mas desligar este lado do lado político seria um erro.
   A nível político, recebeu o país numa tremenda recessão económica com 10% de desempregados e deixa o país com menos de 4% de desempregados. A América cresce 3,5% por cento, prevendo um crescimento maior ainda este ano. Fez o Obamacare, que estendeu os cuidados de saúde aos mais pobres; acordo nuclear com Irão; acordo com Paris sobre as alterações climáticas; aproximação histórica e o retomar das relações diplomáticas com Cuba (o famoso "aperto de mão" a Raúl Castro no funeral de Nélson Mandela). Lembro-me também da nomeação da Juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal como algo também histórico, pois nunca antes um hispânico tinha ocupado um lugar no Supremo Tribunal Americano. Claro que houveram também coisas menos boas, como a ineficácia no combate ao Daesh; o fracasso na lei das armas e a má relação diplomática com Rússia, mas também neste último mandato as dificuldades aumentaram, devido ao facto de não conseguir passar algumas leis no congresso. E vai deixar a América com uma integridade pouco comum, hoje em dia, na política, ou seja, sem escândalos.
  Para mim foi e será sempre dos melhores presidentes que os E.U.A. tiveram e há algo que jamais poderá ser esquecido: Obama mudou a forma de fazer política e isso é um dos seus maiores legados, um legado incomum. Ainda hoje ao ouvir o seu discurso na Alemanha, no encontro com Angel Merkel, pensava: "Que saudades vamos ter destes discursos, desta forma de fazer e olhar a política".

  

Legitimidade de Quintino Aires


Quintino Aires



   Hoje questionaram-me o que pensava sobre Donald Trump. Uma das questões que me colocaram foi o que pensava que poderia acontecer depois da eleição de Donald Trump. Sinceramente, acho que depois desta eleição, uma possível candidatura de Quintino Aires a qualquer cargo presidencial ou governativo ganha uma certa legitimidade.

sábado, 12 de novembro de 2016

Dr. Rui Silva Leal


Dr. Rui Silva Leal



   Foi sem dúvida, um dos melhores professores que tive, e para além de ser uma grande pessoa, é um extraordinário advogado. Neste momento é advogado de Pedro Dias, a par da sua mulher, Dra. Mónica Quintela, e custa-me ouvir colegas criticarem actuação de outros colegas, e principalmente, quando em causa está um dos melhores advogados do país na área do crime. Acho que fica sempre mal a um advogado criticar ou duvidar de algum colega ou da sua estratégia, e aqui, ontem tive oportunidade de ouvir o Doutor, colega e estimado professor Rui Silva Leal a comentar a razão de terem acautelado a entrega do presumível homicida, e é perfeitamente justificável e inteligente a sua decisão, e mesmo que assim não fosse, todos temos respeitar seu trabalho, porque é dos melhores nesta área, e não tenho dúvidas que para aceitar o caso, é porque acredita que há algo susceptível de defesa.


Trump


Discurso de vitória do 45. Presidente dos E.U.A.




   Talvez, um dia quando se contar a história de 2016, vamos lembrar que estivemos na presença das mais fracas eleições presidências americanas que há memória, com dois candidatos de popularidade muito baixa e onde se discutiu tudo, menos política. Surpreendeu-me, mais por Hillary Clinton, porque esperava mais. No meio disto, houve a vitória de Donald Trump, e, agora? Para onde vai a América?
   Uma noite ao estilo americano, mas desta vez, com o medo de afirmar que o vencedor era Donald Trump. O comportamento, no mínimo e forma elogiada, ridículo do porta-voz de Hillary Clinton pedindo ás pessoas para irem para casa quando às 6 da manha já era visível a vitória de Trump foi o espelho do desastre eleitoral dos democratas. Mas como foi possível este resultado acontecer? 
   Hillary Clinton é uma grande pessoa, mas, teve e tem o problema de não ter conseguido fazer política para todos os americanos, e tocar nas pessoas, porque a mensagem não passou. Quando estive em África, tive oportunidade de conhecer Hillary Clinton, quando esta veio anunciar a extensa do programa "Millenium Change Account", que consistia no financiamento para o desenvolvimento das zonas mais pobres em Cabo Verde. Aí conheci uma pessoa fantástica, de um trato soberbo, com uma urbanidade contagiante e uma sensibilidade arrepiante, com carisma e com um futuro muito promissor, que cativava quem ouvia e escutava suas palavras. Isto para dizer que a partir dali, passei a admirar a pessoa Hillary Clinton.
   Mas, infelizmente, nesta campanha não esteve bem, e fez opções discutíveis, bem como afastou-se do eleitorado, numa estratégia política pouco eficaz. Quem gostou de a ver a dar comícios diariamente rodeada de famosos? Será que isso angariou votos? Eu não gostei. Na minha opinião, fez-la perder e muitos, porque uma coisa, é aparecer uma vez, outra coisa, é aparecer todos os dias. Quem gostou de a ver rodeada das elites, e, insistentemente, aparecendo com o marido a seu lado? Foi um erro, porque a classe que mais vota é a classe média, e essa é uma classe devastada pela crise, e, mesmo que não precisasse de se desligar das elites, devia ter tido outro cuidado nas aparições públicas, e não teve, e isso foi uma das coisas que custou-lhe a eleição. Nunca conseguiu com que fossem transmitidas mensagens políticas fortes, e deixou-se mergulhar nas águas de Donald Trump, onde o discurso deslizava para a demagogia e o populismo cego.Foi demasiado suave na luta política, e mostrou-se demasiado permissiva para uma América que quer alguém decidido e que mostre bem o que quer fazer. E o discurso de continuidade, sem ideias novas, e sobretudo sem a palavra "mudança", foi o seu maior erro, porque nunca prometeu mudança, e a América isso nao lhe perdoou.
   Trump teve a sorte de ter do outro lado uma candidata de continuidade e que nao esteve bem, que permitiu que alguém  como Trump pudesse ser hoje presidente dos E.U.A. Aqui a estratégia foi oposta da de Hillary, e, desde do início, que a palavra "mudança" estava no seu discurso e foram várias as promessas. Desde de impedir a entrada de muculmanos e expulsar 11 milhões de clandestinos que vivem no país; a construção de muro na fronteira do México para impedir a entrada dos violadores; a ordem para mandar prender Hillary; prometeu acabar com ISIS em um mês; acabar com o Obamacare; etc. Será que vai cumprir o que prometeu? Quanto a Hillary duvido muito, e será demagogia pura e dura, e o discurso de vitória (que foi dos mais fraco a que assisti politicamente) já antevê que isso não vai acontecer e, seria , obviamente, um disparate, porque América ainda é uma democracia e tem órgãos próprios para emitir mandatos ou julgar as pessoas, e jamais seria o Sr. Trump a mandar prender alguém. Sinceramente, acho que não irá cumprir maior parte destas promessas (contaremos pelos dedos o que conseguirá) , até porque, o congresso e o senado não permitirão, e, mesmo que o congresso seja Republicano, não podemos esquecer que é um partido fracturado, e que deixou de apoiar Trump a meio da sua candidatura. Mas por muito demagógico e populista que seja o seu discurso (e em parte, perigoso), não podemos deixar de atribuir um certo mérito político, e não devemos cair no erro como fizeram maior dos órgãos norte-americanos, de ignorar a sua vitória, que foi carimbada pelo povo americano. Trump dirigiou-se e falou muito para a classe média, que representa a maioria, e expressões como "drenar o pântano", caíram muito bem nesta classe, que está descontente com o sistema político e urge por uma mudança, e Trump prometeu ser esse espelho, essa esperança. Esta expressão "drenar o pantano" é curiosa, porque é um alusivo contra o sistema e elites, quando na verdade Trump sempre representou, representa e viveu e vive com essas elites, e, esta é mais uma das suas demagogias, mas que muitas das classes para quem falou, não se apercebem disso, e infelizmente, basta-lhes ouvir bonitas palavras. 
   A América merecia mais e melhor, e, se necessitamos de pessoas longe dos actuais sistemas (que é uma boa verdade, e também necessitamos a nível europeu), também necessitamos de pessoas longe de sistemas autoritários passados, que assombraram a vida de milhares de pessoas. Mas, quero acreditar, porque a vida assim faz mais sentido, que Trump poderá fazer o mesmo caminho que Ronald Reagen, que também foi pouco amado na campanha para a Casa Branca, e depois tornou-se num dos melhores presidentes de sempre da América, mas espera, ninguém acreditou nesta última parte pois não?