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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Obama, um legado incomum


Barack Obama, 44. Presidente dos E.U.A


   Era o dia 20 de Janeiro de 2009, e lembro-me como se fosse hoje. Nesse dia encontrava-me na FEUP e havia um grande ecrã gigante à entrada da biblioteca onde todos poderem assistir ao momento da eleição de Barack Obama. Foi e será sempre um dia histórico, um discurso histórico, uma pessoa histórica.
   Havia a esperança espelhado nos rostos das pessoas, havia pessoas a chorar um bocado por todo o mundo, havia um sentimento mundial de humanidade partilhados por todos nós, ou pela maioria. E era um bom sentimento. 
   O "wes we can" e a forma como Barack Obama conseguiu ganhar, primeiramente, as primárias, e posteriormente a eleição a John MacCain, foi um exemplo a seguir na política, porque foi uma campanha que ganhou genuinamente nas ruas e a angariação de dinheiro que se conseguiu com doaccoes de gente de toda a América foi algo que ficará sempre na memória daqueles que adoram e apreciam a política, a política pura e transparente. Barack Obama mudou a forma como se fazia política ao nível da comunicação com as pessoas, e colocou a comunicação política no lugar certo, perto das pessoas, numa linguagem que todos entendiam, e um respeito por aqueles que lhe deram o voto.
    Olhar hoje para o legado de Obama é olhar para um tempo onde a política fez-se por amor e dedicação, que hà muito não assistíamos. Obama trouxe humanização à política, há muito que era necessário, uma certa "limpeza" ao ambiente político, e, isso deve ser louvado, porque vivemos num tempo onde isso não é sequer pensado, muito menos praticado, e todos os sinais apontam para o contrário. Mas o seu mandato foi apenas esse lado pessoal, esse lado "intuitu personae"? Nao, também existiu o lado político (coisas boas e menos boas), mas desligar este lado do lado político seria um erro.
   A nível político, recebeu o país numa tremenda recessão económica com 10% de desempregados e deixa o país com menos de 4% de desempregados. A América cresce 3,5% por cento, prevendo um crescimento maior ainda este ano. Fez o Obamacare, que estendeu os cuidados de saúde aos mais pobres; acordo nuclear com Irão; acordo com Paris sobre as alterações climáticas; aproximação histórica e o retomar das relações diplomáticas com Cuba (o famoso "aperto de mão" a Raúl Castro no funeral de Nélson Mandela). Lembro-me também da nomeação da Juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal como algo também histórico, pois nunca antes um hispânico tinha ocupado um lugar no Supremo Tribunal Americano. Claro que houveram também coisas menos boas, como a ineficácia no combate ao Daesh; o fracasso na lei das armas e a má relação diplomática com Rússia, mas também neste último mandato as dificuldades aumentaram, devido ao facto de não conseguir passar algumas leis no congresso. E vai deixar a América com uma integridade pouco comum, hoje em dia, na política, ou seja, sem escândalos.
  Para mim foi e será sempre dos melhores presidentes que os E.U.A. tiveram e há algo que jamais poderá ser esquecido: Obama mudou a forma de fazer política e isso é um dos seus maiores legados, um legado incomum. Ainda hoje ao ouvir o seu discurso na Alemanha, no encontro com Angel Merkel, pensava: "Que saudades vamos ter destes discursos, desta forma de fazer e olhar a política".