Mais uma tragédia em Portugal, e neste momento já estão 29 mortes confirmadas, em consequência dos vários incêndios que assolam o país. Num momento em que as pessoas lutam com que podem, muitas isoladas, sem qualquer protecção e orientação, o Secretário de Estado da Administração Interna veio dizer que "Não podemos ficar à espera dos bombeiros". Se há coisa que vemos e as televisões nos mostram são as pessoas, em muitos casos, sozinhas, unidas com as suas populações, a combaterem os fogos. Haverá alguém que veja a sua casa cercada por um incêndio e não faça nada?
O cenário que nos chega mostra uma pessoa grávida a fugir das chamas em contra-mão na A25, outras três encontradas mortas em suas casas e tantos outros por aí a tentar, igualmente e em desespero, fugir à perseguição das chamas.
Como podemos repetir os mesmos erros? Em Pedrogão vimos pessoas a morrerem dentro das suas casas por falta de auxílio, e aqui igual. Em Pedrogão vimos pessoas a morrerem nas estradas por falta de informação (em alguns casos até informação prestada incorrecta) e aqui igual. Em Pedrogão não vimos um plano para retirar as pessoas das casas atempadamente, e aqui igual. Em Pedrogão existiam milhões investidos para os combates aos incêndios e o pouco aceitável aconteceu e aqui também.
Estamos todos com as famílias daqueles que perderam as suas vidas, e devemos fazer tudo para evitar mais mortes, mas já há uma coisa que não podemos evitar: a tragédia. Estamos perante mais uma tragédia nacional, e, não é admissível nem aceitável estas mortes, essencialmente da forma repetida como aconteceram, quando existem milhares de pessoas destacadas e milhões investidos exclusivamente para evitarmos, no mínimo, uma tragédia com números de mortos desta natureza, que nos chocam, nos vergam e entristecem um país.