Governo abriu uma "caixa de pandora" na negociação com os professores e voltou a ceder. Não que esteja mal voltar à mesa das negociações, pelo contrário, mas sim porque, por muito que custe, será difícil cumprir o que não negou, e se houver esse atrevimento, poderá ser interpretado pelo país como uma classe que teve um tratamento diferenciado, embora devesse ser visto principalmente da seguinte forma, parece-me: como uma classe que luta até aos últimos segundos pelos seus direitos e isso também tem o seu mérito. Mas analisando as reivindicações de uma forma superficial.
A questão da aposentação ser mais cedo de forma a rejuvenescer a profissão e conferir estabilidade aos precários. Concordo, mas não apenas nos professores. Concordo na maioria das profissões. Ainda há pouco tempo, estava a falar com uma engenheira de uma autarquia do interior, e dizia-me que tinha lá pessoas que não faziam nada, já nem trabalho lhes dava, mas que tinham que ali estar tipo "múmias" à espera da idade para a reforma. Mas isto é cultural. Nós em Portugal a nível de mercado de trabalho somos um mau exemplo, porque temos um modelo em que dá-se primazia ao horário de trabalho em detrimento da produtividade, e isto da idade da reforma tem alguma semelhança, porque interessa ter as pessoas a "picar"o ponto, mesmo que não apresentem resultados. Se têm 60 anos e já não funcionam bem da cabeça, isso interessa? Talvez devesse interessar, porque um mercado que não muda as pessoas e não se adapta dificilmente sobe os seus indices de produtividade. Não é por acaso que estamos na cauda da Europa em produtividade.
Outra das reivindicações é a contagem do tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira, exigindo o tempo em que tiveram a carreira congelada. Mas aqui, e pode ser discutido, se assim for, o Governo jamais poderá ceder apenas aos professores. É uma questão de justiça. Houve congelamento das carreiras em variados sectores e profissões, e, haver já uma proposta do Governo em contabilizar algum tempo acho uma vitória dos professores. Embora esta parece-me ser difícil ir mais longe do que o Governo já foi.
Concordo plenamente com a reivindicação, entre outras, dos concursos justos e transparentes, e aqui, parece-me interessante perceber quais serão as propostas que o sindicato irá apresentar, uma vez que são questões difíceis de ultrapassar, e, dificilmente o Governo quererá mudar o modelo adoptado, que diga-se, se por um lado apela a uma mobilidade laboral, por outro, esquece e ignora por completo a vida familiar do professor.
É importante que os sindicatos, especialmente a FENPROF, tenham algum cuidado no "esticar" da corda, uma vez que pode rebentar. Mas, no fim de contas, o que não vale ter, por exemplo, uma FENPROF.