Ninguém entende o que se está a passar. O silêncio consome os inúmeros crimes praticados pelos responsáveis políticos que estiveram envolvidos na tragédia de Pedrógão Grande. Foram milhares os portugueses que doaram bens e contribuíram monetariamente para ajudar todas as pessoas vítimas dos incêndios. Mas, ao fim deste tempo todo, os testemunhos vivos relatam a ajuda que nunca chegou, os armazéns onde os bens estão a deteriorar-se e a distribuição injusta de apoios a quem nunca precisou deles. Há relatos de pessoas queimadas que tiveram de interromper os tratamentos porque não tinham dinheiro para continuar os mesmos, e, ao invés, com conivência de titulares de cargos públicos, outros aproveitaram para trocar "barracas" por casas novas. Os indícios de vigarice e trafulhice entram pelos olhos dentro de qualquer cidadão. Não podemos deixar que a impunidade prevaleça perante a miséria alheia, nem que responsáveis políticos usem e abusem dos seus cargos, com a consciência da sua irresponsabilidade, que, no limite, está limitada, não politicamente, mas criminalmente, porque ainda somos um estado de direito.
Onde está o Ministério Público perante as suspeitas da prática de crimes praticados por responsáveis políticos e titulares de cargos públicos?