Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Reino Unido: lugar inóspito?





Uma vitória inquestionável, mas previsível do Partido Conservador Britânico. Uma Europa, nomeadamente Bruxelas, que não soube e ainda não sabe lidar com os novos ventos partidários, porque habituaram-se aos comodismos da política caseira, sem olhar pela janela: uma janela aberta que permitiu semear o aparecimento de discursos heróicos, inspirados em fanatismos. Mas, um dos maiores contributos para a inexistência de discurso de oposição no Reino Unido chama-se Jeremy Corbyn, líder do partido trabalhista. Eu também (sendo contra o Brexit) não quereria Jeremy Corbyn se votasse no Reino Unido. Nem no parlamento. Como é possível ninguém ter conseguido vislumbrar o vazio de oposição ao longo destes anos e a falta de carisma perante um Boris carismático e com discurso ideológico, sem deixar cair principal bandeira: saída da União Europeia. Nisso tem mérito e ignorar a vitória eleitoral seria o pior. Boris venceu porque as pessoas votaram nele. E sejamos sinceros: já toda a gente estava farta desta indecisão política. Enquanto seu principal adversário nem sim nem sopas. Só que, os britânicos estão a navegar em águas europeias ainda, pensando que os problemas existentes se resolvem com a casa mais vazia. Os britânicos acreditam que os sucessivos e permanentes ataques terroristas, por exemplo, são criados pela imigração, e Boris soube capitalizar isso (uma nota: mas resolve-se o problema actual da imigração como? Aceitam-se os médicos, os advogados, as dentistas, os engenheiros, os enfermeiros, ou seja, as pessoas que auferem bons salários e que na óptica nacionalista, criarão bom ambiente e riqueza para o país, e manda-se embora as empregadas de limpeza, os ciganos, os empregados, os lixeiros, etc? O meu livro actual de horário nobre é "Canção de Embalar de Auschwitz", de Mário Escobar. Por vezes, parece que estou algures em 1938, pelo menos em discurso. Mas depois adormeço e tudo não passa de sonho. Quero acreditar nisso).
A única certeza: a 31 de Janeiro o Reino Unido sairá da União Europeia.