Não quero acreditar e interiorizar a ideia de que o meu país está a pensar, a "arriscar destruir" o que ainda sobrevive de proporcional, razoável e justo na Educação. Eu estou a comentar, acreditando que os criadores desta lastimável medida não sofrem de nenhuma anomalia psíquica e têm capacidade intelectual e volitiva. Abordar o tema Educação é falar de responsabilidade, valores, estudo, rigor, exigência, liberdade, aprendizagem, igualdade, justiça. Discutir é um sinal e um registo da palavra "democracia", mas para discutir é preciso que as pessoas que discutam falem a verdade aos portugueses, porque discutir este tema apenas com dados estatísticos é enganar a própria Educação. A Ministra da Educação disse, em entrevista ao semanário Expresso : " a fórmula do chumbo não tem contribuído para a qualidade do sistema . A alternativa é ter outras formas de apoio, que devem ser potenciadas para ajudar os que têm um ritmo diferenciado. Dou o exemplo de aulas de estudo acompanhado e projectos especiais com mais professores e técnicos. " Esta medida, se for executada, pode ser o fim do Governo. As aulas de estudo acompanhado e os projectos especiais não podem ser uma solução para o "não esforço" do aluno, mas devem ser uma solução para reintegrar o aluno no lugar onde deveria estar se estudasse e no caso de alunos com problemas especiais, no caso de esses mesmos problemas estarem resolvidos. Imaginemos um aluno estar integrado num projecto com a consciência plena de que já transitou de ano, sendo o aluno um aluno problemático, razão pela qual integra o projecto especial. O aluno não se esforçaria para reintegração com os seus demais colegas, pois já sabia que transitava de ano. Isto é um disparate, uma medida de quem não quer olhar para a Educação com seriedade. Enquanto não houver alternativas sérias e credíveis onde esteja subjacente um princípio de justiça não devemos partir de premissas "facilitistas", com o único objectivo de quantificar e não produzir qualidade de conteúdo no aluno. A medida poderia ser alvo de integração num sistema Educacional avançado, onde problemas básicos estivessem solucionados, onde os recursos humanos na escola fossem mais aproveitados, houvesse mais fiscalização ao aluno e ao professor, de modo haver mais igualdade, sobretudo na escola pública, e essa fiscalização deveria ser rigorosa no caso dos "chumbos", onde os professores deviam responder com seriedade, proporcionalidade e razoabilidade à nota negativa dada ao aluno, instituir comissões de inquérito aos professores nas escolas, um sistema justo para alunos e professores, o que ainda não existe. Não pensemos que o problema na escola é apenas do aluno, porque é uma ideia errada. Há muito professor por esse país que deveria estar em todo o lado, menos a dar aulas, porque um professor deve ser um exemplo.