Hoje, abandona-se o país de uma forma simples, fria e estratégica, e as pessoas ? Esta demissão do Primeiro-Ministro de Portugal aconteceu tardiamente, de quem abandona o país como quem abandona uma sala de aula e num momento estratégico para o partido socialista, ou ainda ninguém reparou na euforia dos principais partidos desejando eleições, tão só equiparada à alegria das crianças quando são levadas para um parque infantil para brincar ? Ninguém duvide que o partido socialista preparou o "palco" ao milímetro, de forma pormenorizada, antecipou discursos e cenários e conseguiu de forma subtil colocar as culpas no vizinho e influenciar a opinião pública no sentido eleitoral pretendido e ambicionado. Onde está o primeiro-ministro que não desistia ? Onde está o primeiro-ministro da legitimidade democrática, que o fazia manter no poder até ao final da legislatura ? Onde está o primeiro-ministro que estava no caminho certo, quando em 2008 baixou o IVA afirmando que estaria breve o fim da crise ? Onde está o primeiro-ministro que dizia: "Em primeiro os portugueses" ?
A inteligência faz-nos recuar ao discurso do Dr. Aníbal Cavaco Silva, na tomada de posse de 9 de Março, e perceber a razão e a natureza dos acontecimentos. Neste dia, José Sócrates decidiu, à sua boa maneira "costumeira" que, a táctica seria a instrumentalização do PEC4 para pressionar a oposição e derrubar governo com "falta justificada", antecipar a decisão final, uma espécie de "providência cautelar Sócrates", tendo conhecimento e certeza que em breve, se não o fizesse, haveria quem o substituísse nessa tomada de decisão. O Governo já tinha a estratégia delineada e preparada para o momento, tão previsível que revolta o cidadão comum que vê o seu país afundar e a lembrar aqueles que em tempos por ele lutaram com garra, rigor, honestidade, competência e trabalho.