Em tempo, defendi e escrevi que hà uma classe que tem sido esquecida e mesmo abruptamente ignorada neste país, e essa classe é a jovem, cada vez mais uns escravos num deserto à procura de algo para beber. Qual o jovem que, com ambição, hoje não pensa em deixar o seu país se surgir oportunidades ? Eu digo que, hoje questiono o meu futuro neste país, embora não tenha a intenção de o abandonar por abandonar, mas sim derivado de uma valorização exterior, de um mercado exterior que está atento aos jovens de um país que os ignora. Há muito que ninguém é responsabilizado pelas medidas que implementa e oculta, mas continua muita gente por esse país fora a sofrer, e os jovens representam um número elevado desse sofrimento, sendo que no país real já existe jovens abandonar as faculdades por impossibilidade económica de prosseguir os estudos, jovens que trabalham para sustentar família, mas alguém do governo percebe isto ? Não, porque o mundo em que vivem é de afastamento das gentes que sofre e passam dificuldades e isso impossibilita observar a curto prazo indícios de sustentabilidade. Temos um país que não cresce há 10 anos, e mesmo que um jovem queria ajudar o seu país, como é que pode fazê-lo ? Urge olhar para esta classe antes que seja tarde ou correm o risco de ser govenados um dia por um salvador ditador ou por uns "homens da luta".
Gostei do discurso do Dr. Cavaco Silva, de quem vive no país real e é um homem sério, que é o que o país precisa, de gente séria. A classe jovem está a sentir na pele as dificuldades e medidas de "afrontação" à sua classe e, no sábado vão para a rua. Eu aqui fiquei supreendido pelo facto de as pessoas que comandam ou criaram esta mobilização estejam mais ligadas à esquerda, porque a lógica seria serem mais à direita na minha opinião, mas há gente de todos os quadrantes políticos. Acho que os jovens não têm direito, mas obrigação de se manifestarem, embora não concorde com toda a forma substancial com que é feita, pois pedir a extinção dos partidos políticos, por exemplo, é pura demagogia e não convence ninguém, deve-se reinvidicar de forma cívica aquilo com qual não se concorda, e transmitir o sofrimento da classe, que ainda ninguém percebeu. Como eu não sou demagógico, e sempre defendi que os jovens são a classe mais atacada neste país, acho que só o facto de alguém falar em "jovens" já é positivo, porque sempre foram ignorados por este país.