Diversas vezes, nos sentimos afastados, sentados num lugar remoto onde não acedemos a qualquer visão, apenas às quais nos chegam, por intermédio de contágio. Quando tomamos conhecimento da realidade, e, vemos que há alguém que luta de uma forma diferente - para repetir coisas tão simples como um simples "acordar" e "deitar" - seja em casa, seja no hospital, seja num lar de idosos, seja até num cabana, percebemos que o valor da simplicidade não é quantificável e o desejo de aproveitar a vida, de agradecer, de não deixar nada por fazer, de respeitar o tempo, de dizer "até amanhã" é o prazer de viver.
Se formos ao IPO, aprendemos com crianças que têm um cancro, a perceber o valor e o significado de respirar ar puro e dizer um simples "olá", porque ninguém quer partir, porque quem não gosta de estar aqui a viver?. Partilho aqui que trabalhar num projecto junto com Acreditar e Caso Católica no IPO do Porto e no Hospital São João foi das coisas mais difíceis, e, ao mesmo tempo, mais gratificantes que já fiz pelo outro e, lembro-me de uma criança com um tumor na cabeça (já tinha feito quimioterapia e estava num estado clínico considerado : "não há nada a fazer"), ter descido do internamento para consulta no piso em baixo e, ao chegar vira-se para a mãe, abraça-a e diz a sorrir : "olá mãe", tendo a mãe acabado de saber que as coisas tinha piorado. A mãe não conseguiu evitar chorar e teve de sair, porque percebeu e teve o medo de amanhã não voltar a ouvir a palavra "olá".
Olhamos para o retrato acima, e já não existe ninguém por detrás dele, mas aprendemos que nenhuma luta é inglória, independentemente do final, porque a luta é sempre por aqueles que amamos.