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domingo, 3 de março de 2013

Itália







   Olhar para Itália, é perceber um dos problemas com que a Europa se debate nesta década, principalmente nos países do Sul, onde o descontentamento e desconfiança perante os políticos está aumentar a um ritmo que, até ao momento, parece incontrolável, mas civilizado. As divisões entre as pessoas, ao nível interno dos países é crescente e, a procura de soluções e o debate pode dar lugar ao populismo e à violência como forma de resolução dos problemas, o que deve ser evitado. Um exemplo do populismo é a recente vitória de Pepe Grillo, em Itália, com o movimento 5 estrelas, que, legitimamente teve uma votação expressa e significativa no seu país, que merece uma reflexão  (25, 5%  na Câmara dos Deputados e 23, 79% no Senado), mas interessante seria saber se as pessoas votaram nas ideias do candidato ou, pelo contrário, foi um voto de protesto contra a classe política e uma forma de "chamamento" e "presença" de quem sente que os políticos os esquecem ? 
   Por outro lado, não deixa de ser supreendente a votação em Berlusconi, o "mito Itálico", que, contrariando todas as sondagens, quase ganha o país, e, mesmo depois de ter apelado ao crescimento - o que parece pouco responsável de quem sabe que tais palavras serviram apenas para campanha eleitoral e sair de uma esfera que jamais lhe daria tal votação (seria justificar as medidas de austeridade e propor soluções para o país) - não abdicou de um poder que afinal estava ali tão perto e pode decidir o futuro de Itália, porque o Senado está nas suas mãos. 
   Aquele que, aparantemente ganhou as eleições, Pier Luigini Bersani, ficou com a Câmara de Deputados que, não lhe permite fazer nada se não conseguir coligar-se, uma vez que precisava de maioria no Senado para aprovação das principais medidas, que passam todas pelo Senado. A lógica coligação aqui parece com Pepe Grillo que, logicamente - com receio de perder o eleitorado - tenta evitar entrar no cenário político, porque a melhor solução para ele é manter-se e continuar alimentar o movimento, que vive da crítica aos políticos, e, se assim nasceu, no dia em que mudar, mudam também as pessoas.
   A desilusão, principalmente para a União Europeia foi Mario Monti, o homem que criou o imposto extraordinário sobre propriedade e habitação (IMU) que Berlusconi prometera abolir se ganhasse e, mais uma vez, como antes referi relativamente a Pepe Grillo, aqui acho que as pessoas quiseram censurar a forma como elegeram Mario Monti sem haver uma consulta aos cidadaos, pela forma como foram tratados e humilhados pelos políticos, e o voto foi, mais uma vez, uma lição dos cidadãos, que reflecte a vontade de não haver outra pessoa que governe o país sem aprovação dos seus cidadãos, porque o resultado pode ser pior ainda do que este que resultou em 10,56% na Câmara dos Deputados e 9,13%  no Senado.
   Não é fácil olhar para este resultado, que ninguém diria antes das eleições. Estamos a falar de diferenças mínimas, e interessante, porque Berlusconi teve um discurso de esquerda para ganhar à direita, e resultou, porque na Câmara dos Deputados teve 29, 18% contra os 29,54% da esquerda Bersani, e no Senado 30,71% contra os 31,63% de Bersani.
   Em suma, resta esperar por uma resolução eficaz de algo que parece incontornável, que é encontrar uma coligação, mas pouco estável de aguentar no tempo se não ouvirem aqueles que mostraram o cartão vermelho por não terem sido chamados e ouvidos na escolha - os cidadãos de Itália.