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quinta-feira, 24 de julho de 2014

CPLP

   



   A entrada da Guiné Equatorial, se não fosse verdade, era uma anedota. Como português, sinto-me envergonhado. Estamos a falar de um país, de uma ditadura pura, onde existe a pena de morte e um atropelo sistemático dos direitos humanos. Estamos a falar de um país que não fala português e nada tem a ver com a língua e onde nem hà qualquer tipo de ligação. Afinal, qual o fundamento para a entrada da Guiné Equatorial na CPLP? Amanhã será que temos o Zimbabué na CPLP?

Faixa de Gaza







   O problema é complexo, não estivessemos nós a falar de Gaza, onde residem palestinianos que em outrora foram expulsos de Israel, de origem sunita, território controlado pelo Hamas (organização de que denomina Bin-Laden de "guerreiro sagrado"), e do outro lado Israel, que nunca conseguiu encontrar outra forma de resolução dos problemas a não ser o recurso à Guerra. Mas também não é fácil quando do outro lado está uma organização que nem sequer reconhece o Estado de Israel, e quer formar um estado independente palestiniano, daí anos e anos de conflito, e perguntamos: até quando? Isto é uma teia, porque na verdade, os muçulmanos sunitas de Gaza chegaram a ser financiadas pelos serviços secretos de Israel e não hà muitas dúvidas que Arábia Saudita é o principal financiador do Hamas.
   Hoje, morreram mais 15 civis numa escola que foi bombardeada em Gaza. São milhares de refugiados que não têm por onde fugir, que estão "encurralados" num suposto "beco sem saída", e, se não houver ajuda, os números de civis mortos vão aumentar. Olhando para a comunidade internacional, nada é feito e o papel de "espectador" tornou-se uma habilidade dos Estados, que, preferem ver a morte de civis a colocar um "" e cair numa armadilha, com medo de agir, que possa perturbar seus interesses. Aqui a União Europeia, a par de maior parte das situações, não tem voz, e Israel duvido que ouvisse. Talvez os Estados Unidos devessem fazer algo, porque são o país que pode ter maior capacidade de influência naquela zona, junto de Israel. Não sendo uma tarefa fácil - basta lembrarmos que Obama em 2011 pediu a Israel que fronteiras israelenses anteriores à "Guerra dos Setes" dias de 1967 (quando Israel anexou Gaza) fossem para formação de Estado Palestiniano, o qual recebeu uma resposta típica de conflito: "as divisas de 1967 são indefensáveis" - urge agir e fazer algo pelas pessoas, pelos refugiados, por aqueles que não têm liberdade para ausentar-se da zona de conflito, por inocentes que foram apanhados no meio de um conflito para o qual nunca tiveram opinião e estão a ser alvos de um tempo, onde o silêncio internacional é a palavra de ordem, que não se faz ouvir.


sábado, 19 de julho de 2014

BES - Parte III

   

Aumento de Capital  de Junho de 2014




   Bem, hà coisas impressionantes, a mais recente tem a ver com as declarações do governandor do Banco de Portugal: "Se o BES precisar, hà investidores interessados num novo aumento de capital". Se numa fase inicial, parecia que o governador poderia estar a ter um comportamento assertivo, tudo isso talvez tenha sido "ilusão", porque o que se passou a seguir foi a entrega do banco à "pura" e "dura" especulação do mercado de capitais, em que nem a jogadas de proibição de "short seller" foram suficientes para convencer os investidores.
   Eu pergunto como alguém pode afirmar que o BES tem investidores interessados num novo aumento de capital, quando o banco foi sujeito em Junho a um aumento de capital, onde os accionistas compraram acções 0,65 cêntimos de acordo com os direitos que detinham, e, essas mesmas acções que compraram já valem hoje apenas 4,20 cêntimos, ou seja, já perderam muito dinheiro com esse aumento de capital. Acham, que esses investidores que já estão a perder dinheiro, estão interessados num novo aumento de capital? Não estando, e sendo o mais provável, quem está interessado? 
   Espera, vamos pensar um bocado que talvez não seja assim difícil adivinhar: Angolanos ou Chineses? E talvez tenhamos acertado não? Uma coisa é certa: aqueles que subscreveram acções no último aumento de capital (que são quase a totalidade dos accionistas do banco) jamais poderão estar interessados, por isso, mais uma vez, a informação que passa para a opinião pública é falsa e revela que, mesmo que haja esse interesse de capital "suspeito" e que já começa a ser um "costume" do nosso país - e diga-se, um mau "costume", uma má prática reiterada e constante - duvido que seja suficiente para repôr a confiança e acho que talvez não seja esse o caminho, porque, virem dizer coisas como "novo aumento de capital" só mostra a fragilidade do banco e torna perigoso o seu espaço de manobra, que cada vez é mais curto.
   Enquanto os sinais e os indícios são cada vez mais fortes,o tempo passa.
   

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Rioforte

 





   Ontem, recomendava-se para comprar e hoje está insolvente. Ontem, não tinha pago à PT e tinha passado o prazo, agora volta a ter sete dias úteis para pagar? Vão voltar os "short seller"? O que leva uma empresa como a PT a investir 897 milhões de euros num grupo que já na altura em que fez a compra estava "tecnicamente" insolvente?
   Em Dezembro de 2013, a Rioforte (sociedade de investimentos do Grupo Espírito Santo) escreve o seguinte: "A incorporação da Espírito Santo Financial Group dentro da Rioforte, que assim se passa a assumir como a holding operativa de topo do GES, traduz um reconhecimento da qualidade estrutural em termos financeiros e de modelo de governo da Rioforte, acrescentou Manuel Fernando Espírito Santo. O lucro da Rioforte Investments SA, empresa do Grupo Espírito Santo dedicada ao desenvolvimento dinâmico, em modelo de private equity, de participações em setores económicos selecionados espalhados por 3 continentes fechou o exercício de 2013 com um lucro de 11,8 M Euros. Os resultados financeiros da Rioforte marcam o quarto ano da sua existência e refletem a sua crescente solidez, graças às múltiplas operações de reestruturação, crescimento e abertura de capital desenvolvidas no seio da sua carteira de negócios. Manuel Fernando Espírito Santo, presidente do Conselho de Administração, comentou tratar-se de um resultado "bastante positivo para o GES" e que “demonstra a capacidade da empresa em atingir os objetivos a que se propôs ao longo dos quatro anos de vida da Rioforte”. O ano de 2013 regista “os melhores resultados recorrentes da história da Rioforte, demonstrando os frutos de um trabalho de um trabalho de grande empenho e qualidade seguindo as orientações traçadas pelo Acionista”. 
   Posto isto, onde estão os 11,8 Milhões de euros de lucro ganhos em 2013? Onde está o melhor resultado de sempre da história da Rioforte? Quando se apuram responsabilidades?
  Após lermos o relatório de 2013, percebemos que está aqui instalado um verdadeiro esquema de pirâmide, o famoso esquema "ponzi", utilizado pela família Espírito Santo.
 
   

sábado, 5 de julho de 2014

Carta ao FMI de 1983




Jacques de Larosière, Director do FMI de 1978 até 1987





"Caro Sr. de Larosière

   Nos últimos dois anos, o défice das operações correntes da balança de pagamentos de Portugal detriorou-se para um nível claramente insustentável a médio prazo. Esta deterioração constitui, em parte, o reflexo de factores fora do controlo das autoridades portuguesas, incluindo a recessão internacional e as altas taxas de juro no estrangeiro. Outros factores importantes foram também a manutenção de uma taxa de crescimento da procura interna substancialmente mais elevada que nos outros países e a ausência de adequada flexibilidade nas políticas de taxas de juros e cambial. Por último, a balança de pagamentos continuou a ser afectada por sérios problemas estruturais, incluindo a elevada dependência em importações de energia e produtos agrícolas, e uma de exportações relativamente estreita.
   A escalda do défice de operações correntes, que cresceu de um nível equivalente a cerca de 5 por cento do PIB em 1980 para 11 % em 1981 e 13 % em 1982, resultou num acentuado aumento da dívida externa e do peso do seu serviço, que atingiu 27% das receitas de divisas em 1982. O Governo reconhece que, em especial na presente situação dos mercados internacionais de capitais, a persistência de elevados défices nas operações correntes da balança de pagamentos conduziria a sérias dificuldades de financiamento e a grandes perdas de reservas internacionais do país. Por conseguinte, considera altamente prioritária a redução do défice das operações correntes para 2 mil milhões em 1983 e para cerca de 1 mil milhões em 1984".


   Esta foi a carta de intenções endereçada ao Fundo Monetário Internacional a 9 de Setembro de 1983, pelo Governo de bloco central Português, do PS de Mário Soares e do PSD de Carlos Mota Pinto. A verdade é que qualquer semelhança com o Portugal de hoje é mesmo mera coincidência, porque esta crise que começou em 2008 foi mais profunda. Mas, no acordo conseguido, um empréstimo no valor de 750 milhões de dólares, constava do documento redução de salários da Função Pública, subida dos preços de bens essenciais, congelamento de investimentos públicos, aumento de impostos, cortes nos subsídios de Natal e desvalorização do escudo. Talvez a única não replicada tenha sido a da "desvalorização da moeda", porque não é possível. Após percebermos algumas das medidas tomadas em 1983, podemos encontrar semelhanças, não na dimensão do problema, mas na receita para atacar o problema, o que revela que mudaram-se os tempos, mas mantiveram-se as vontades.